Ações americanas a uma queda de 3,1% de entrarem em “bear market”

O índice S&P 500 está a um passo de entrar no terreno dos "ursos", com quedas acumuladas acima de 20% desde o pico registado em fevereiro, por conta da política comercial agressiva de Trump.

Os mercados iniciaram a semana sob forte pressão, com os índices asiáticos a caírem a pique, com destaque para o mergulho de 13,2% do índice de Hong Kong, e os índices europeus a negociarem atualmente com perdas acima dos 4%. Os índices norte-americanos vão seguir o mesmo caminho, com os contratos de futuros sobre o S&P 500, Nasdaq e Dow a anteciparem para uma abertura em queda de mais de 2%, acerca de 30 minutos do arranque da sessão.

O dia poderá mesmo ser marcado pela entrada do índice S&P 500 em terreno de “bear market”, bastando para isso que registe uma desvalorização de 3,1% face à cotação de fecho de sexta-feira, contabilizando assim uma queda acumulada de 20% desde o seu pico mais recente, registado a 19 de fevereiro deste ano, nos 6.144,15 pontos.

Atualmente, os futuros do S&P 500 apontam para uma abertura em queda de 2,7%, com o índice a negociar já abaixo dos 5.000 pontos, algo que não acontece desde 19 de abril do ano passado. Os contratos de futuros do Dow estão a negociar com uma queda de 2,6% e os futuros do Nasdaq caem 3%.

Nos EUA, o tecnológico Nasdaq Composite já está em “bear market”, ao acumular na sexta-feira uma queda superior a 22% desde o seu recorde histórico. O S&P 500 segue próximo desse marco psicológico negativo e poderá confirmá-lo caso as quedas previstas para hoje se concretizem.

Entre as empresas em destaque esta segunda-feira em Wall Street está a Tesla, que negoceia com uma queda de 5,3% no pré-mercado após terem derrapado 10% na sexta-feira, e no seguimento de um corte de 43% do preço-alvo para as ações da empresa de Elon Musk por parte da Wedbush Securities, segundo uma nota de research enviada no domingo aos investidores.

Destaque ainda para a queda de quase 7% das ações da Stellantis na bolsa de Nova Iorque, após terem resvalado 4,8% na sessão de sexta-feira, e para o tombo de 7% dos American Depositary Receipt (ADR) da Alibaba, após as ações da empresa chinesa terem mergulhado quase 18% esta segunda-feira na bolsa de Hong Kong.

O cenário atual é marcado por uma elevada volatilidade e incerteza nos mercados de todo o mundo. Historicamente, períodos de “bear market” têm sido seguidos por recuperações no longo prazo, mas, no curto prazo, os investidores enfrentam desafios significativos devido às tensões comerciais e ao impacto económico das tarifas.

Esta segunda-feira, numa nota de research, os analistas do Goldman Sachs reviram em alta a probabilidade dos EUA entrarem em recessão nos próximos 12 meses. Citando a incerteza política, os boicotes de consumidores estrangeiros e condições financeiras mais apertadas, apontam agora para uma probabilidade entre 35% a 45% de a maioria economia do mundo ficar doente.

Também esta manhã, numa nota enviada aos seus clientes, os analistas do Bank of America (BofA) revelam que as tarifas impostas pelos EUA poderão reduzir os lucros deste ano das empresas do S&P 500 em até 10%. Este impacto reflete-se especialmente nas empresas com maior exposição ao comércio internacional ou dependência de cadeias de fornecimento globais. A falta de progresso nas negociações comerciais durante o fim de semana agravou os receios dos investidores.

E caso o S&P 500 confirme hoje a entrada em “bear market” com uma queda adicional superior a 3,1%, será um marco psicológico importante que poderá intensificar ainda mais a aversão ao risco por parte dos investidores.

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