Wall Street pressiona Washington com críticas sobre tarifas de Trump

Jamie Dimon, Bill Ackman e Stan Druckenmiller são alguns dos muitos investidores que têm criticado as tarifas de Trump, alertando para um cenário negro na economia dos EUA.

As tarifas comerciais impostas pela Administração de Trump estão a gerar uma onda de críticas em Wall Street, com investidores e várias referências do mundo financeiro a alertarem para os potenciais impactos negativos na economia norte-americana.

Entre as vozes mais influentes, destaca-se Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, que, na sua carta anual aos acionistas publicada esta segunda-feira, afirma que as tarifas “provavelmente aumentarão a inflação” e “podem levar muitos a considerar uma maior probabilidade de recessão”. Dimon também sublinhou que “a economia está a enfrentar uma turbulência considerável” devido às medidas protecionistas.

A política comercial agressiva de Trump, que inclui aumentos significativos das tarifas sobre bens importados, está a ser descrita como um erro estratégico por vários investidores. Bill Ackman, gestor do fundo Pershing Square, alertou que estas tarifas representam “um inverno económico autoinduzido” e apelou a uma pausa de 90 dias para negociações comerciais.

Segundo Ackman, outrora apelidado de “Baby Buffett” pela capacidade de gerar retornos significativos aos seus investidores, “estamos no processo de destruir a confiança no nosso país como parceiro comercial e mercado para investimento de capital”, escreve Ackman na sua conta da rede social “X”, pedindo inclusive uma pausa de 90 dias para a introdução das novas tarifas. “O Presidente tem a oportunidade de pedir uma pausa de 90 dias, negociar e resolver acordos pautais assimétricos injustos e induzir triliões de dólares de novos investimentos no nosso país.”

Stan Druckenmiller, outro investidor de renome, também se manifestou contra as tarifas de Trump, fazendo um raro post na sua conta do X, sublinhando ser contra as tarifas acima dos 10%, enquanto Howard Marks, co-presidente da Oaktree Capital, numa entrevista à Bloomber TV na sexta-feira, criticou o afastamento dos princípios do livre comércio por parte da Administração de Trump. Marks afirmou que os EUA estão a caminhar para um sistema restritivo que promove o isolamento económico.

Jamie Dimon foi ainda mais longe ao descrever os potenciais efeitos das tarifas a longo prazo. “Os efeitos negativos aumentam cumulativamente ao longo do tempo e serão difíceis de reverter. No curto prazo, vejo isto como mais uma carga adicional no já sobrecarregado camelo”, lê-se na carta anual aos investidores. Além disso, alertou para o impacto nas alianças económicas dos EUA e nos fluxos de investimento global.

Desde o anúncio das tarifas em 2 de abril que os mercados têm registado quedas acentuada. A incerteza gerada pelas tarifas também está a influenciar as expectativas sobre as taxas de juro. Embora a Reserva Federal (Fed) tenha mantido as taxas inalteradas nas suas reuniões mais recentes, os mercados antecipam até cinco cortes nas taxas dos Fed Funds até ao final do ano.

Os líderes financeiros estão unânimes num ponto: quanto mais rápido esta questão for resolvida, melhor será para a economia global. Jamie Dimon resumiu o sentimento geral ao afirmar que “a resolução rápida deste problema é essencial para evitar danos económicos duradouros”.

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