Agravamento da guerra comercial com a China atira novamente Wall Street para o vermelho

  • ECO
  • 8 Abril 2025

A bolsa nova-iorquina começou com fortes ganhos mas o agravamento da guerra comercial com a China desanimou os investidores. O S&P 500 fechou abaixo dos 5.000 pontos pela primeira vez em quase um ano.

Naquela que tem sido uma verdadeira montanha russa, as principais bolsas nova-iorquinas fecharam esta terça-feira com perdas expressivas. A sessão começou com fortes ganhos – o S&P chegou a subir 4% –, que ao longo dia evaporaram com as declarações que chegavam da Casa Branca. A confirmação de tarifas de 104% contra produtos importados da China, a entrar em vigor nos primeiros minutos do dia 9 de abril, inverteu o humor dos investidores.

Os três principais índices, que começaram todos a valorizar acima de 2%, reverteram expressamente esses ganhos e acabaram a sessão em terreno negativo. O S&P 500 derrapou 1,57%, para 4.992,77 pontos, fechando assim abaixo dos 5.000 pontos, o que não acontecia quase há um ano. Já o industrial Dow Jones recuou 0,84% para 37.645,59 pontos, enquanto o Nasdaq foi mesmo o mais castigado, acabando a sessão a ceder 2,15% para 15.267,91 pontos.

Entre algumas das maiores cotadas, a Tesla desvalorizou quase 5%, enquanto a Nvidia perdeu 1,37%. A Apple, cotada bastante exposta às retaliações da China, caiu 4,98%, enquanto a Microsoft deslizou 0,92%. A Amazon também recuou mais 2,62% e a Meta (dona do Facebook e Instagram) derrapou 1,12%, em linha com as perdas da Alphabet (dona da Google), de 1,78%.

Wall Street começou com um arranque bastante positivo para o qual contribuiu a perspetiva de negociações entre os EUA e Japão, que alimentaram a esperança de que fosse possível alcançar outros acordos comerciais, nomeadamente com a Europa ou com a China.

No entanto, as ações norte-americanas foram perdendo força nas negociações durante a tarde depois de a Casa Branca ter anunciado tarifas de 104% sobre as importações de produtos chineses, as quais entram em vigor a partir da meia-noite. A decisão surgiu depois de o país asiático não ter desistido de retaliar contra as tarifas anunciadas pela administração Trump na semana passada.

Uma taxa de 104% representa, na prática, um embargo aos produtos chineses. Donald Trump, na sua rede social, já tinha avançado que se Beijing não cedesse todas as reuniões entre os dois países seriam “suspensas”.

A China é um dos principais parceiros comerciais dos EUA, especialmente no que diz respeito aos bens de consumo, e as taxas acabarão por ser transferidas para o consumidor. No arranque da semana, assistiu-se à queda dos mercados asiáticos com Donald Trump a dizer que o país “já lucrou o suficiente à custa dos EUA durante a última década” e que “chegou o momento da mudança”.

No entanto, as bolsas asiáticas regressaram esta terça-feira aos ganhos, depois de fortes perdas na segunda-feira, marcadas por receios de uma guerra comercial desencadeada por Washington, e depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, prometer “acordos justos” com quem negociar tarifas.

Já em relação às negociações com a Europa, o presidente norte-americano disse na segunda-feira que a União Europeia (UE) tem de se comprometer a comprar energia aos EUA para que possa existir um acordo comercial entre os dois lados do Atlântico, condição que o lado europeu já parece admitir.

Questionado sobre se a UE irá comprar mais gás aos EUA no futuro, depois de Trump ter dito que poderia baixar as tarifas se a UE comprasse 350 mil milhões de dólares (cerca de 319,5 mil milhões de euros) em energia aos EUA, Jørgensen disse que “é claramente uma possibilidade”.

O comissário ressalvou, porém, que a UE não quer criar novas dependências e favoreceu a autossuficiência e a diversificação. “Não queremos estar nas mãos de ninguém que nos possa fechar o acesso à energia (…), não queremos continuar a estar numa situação de dependência como essa”, disse Jørgensen em relação às importações de gás russo pela UE.

Recorde-se que a Comissão Europeia vota esta quarta-feira a lista de 27 produtos americanos aos quais prevê aplicar uma taxa adicional, como retaliação às tarifas de 25% dos EUA sobre o aço e o alumínio importados à UE. Chocolate branco, pastilhas elásticas, rebuçados para a tosse, perfumes, tabaco aquecido, adesivos para deixar de fumar, vestuário, papel higiénico ou banheiras são alguns dos produtos norte-americanos aos quais a Comissão Europeia prevê aplicar taxas alfandegárias de 25%.

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