Aserta chega a Portugal para democratizar seguros de caução
Enrique Murguía Pozzi, presidente do Grupo Aserta, companhia de seguros de caução que há 100 anos nasceu no México onde é líder de mercado, explica como quer revolucionar o mercado português.

A Aserta, grupo especializado em seguros de caução com 100 anos de história na América Latina, acaba de anunciar a sua chegada a Portugal, consolidando a sua expansão estratégica na Europa. Com uma presença em mais de 16 países, a empresa aposta no mercado português a partir de Espanha com uma oferta diferenciadora assente na tecnologia, digitalização e agilidade operacional. Quer novos segmentos de mercado como pequenas e médias empresas e pessoas individuais e segurar situações do quotidiano como arrendamento de imóveis ou operações comerciais com risco de crédito.
O início das operações está previsto para o verão de 2025, após a obtenção da autorização das autoridades reguladoras. Vai entrar num mercado português que em 2024 teve como principais interessadas as seguradoras Allianz Trade/COSEC, Azuaga, Crédito y Caución, CESCE e Caravela, e um valor de prémios de 11 milhões de euros, cifra de que o setor espera forte subida a par com o crescimento económico e maior investimento na economia.
Com base na sua sede europeia em Espanha, onde é dirigida pelo CEO Mario Garcia Cueto, será dirigida em Portugal por Nuno Oliveira Matos. O presidente do Grupo Aserta Enrique Murguía Pozzi, foi entrevistado por ECOseguros.
Qual é a experiência da Aserta no setor de seguro de caução?
Em 2025, a Aserta celebra 100 anos de operações ininterruptas no setor de fianças e seguros de caução, com presença consolidada no México, América Latina e Espanha. Esta vasta experiência permitiu à empresa assumir a liderança em todos os mercados em que atua.
No México, onde o mercado gera prémios anuais de 800 milhões de euros, a Aserta detém 30% de quota de mercado. Em Espanha, lidera com 19%, nove pontos percentuais acima do segundo colocado. Na América Latina, a empresa tem uma participação de 9%, destacando-se entre concorrentes mexicanos, brasileiros e colombianos.
Que fatores impulsionaram o crescimento dos mercados onde operam?
O mercado de caução está fortemente ligado ao setor público, uma vez que os governos são os principais motores da procura. Existe, assim, uma correlação direta entre o desempenho económico e o crescimento do mercado. No entanto, temos apostado na diversificação, desenvolvendo soluções para pequenas e médias empresas e também para pessoas individuais.
Ao tornar a garantia acessível a qualquer pessoa ou empresa, a procura deixa de depender exclusivamente do setor público. Essa combinação entre garantias tradicionais (obras públicas e fornecimento) e novas necessidades privadas tem sido essencial para o crescimento sustentado.
Chegamos com uma capacidade de subscrição superior a 400 milhões de euros por cliente, oferecendo uma alternativa credível aos avales bancários, especialmente num contexto regulatório mais exigente como o imposto pelas normas de Basileia III.
Quais foram os motivos para entrar no mercado português? Existem semelhanças com os mercados espanhol e mexicano?
Portugal apresenta uma elevada procura de garantias, mas atualmente essa necessidade é maioritariamente coberta pela banca. Chegamos com uma capacidade de subscrição superior a 400 milhões de euros por cliente, oferecendo uma alternativa credível aos avales bancários, especialmente num contexto regulatório mais exigente como o imposto pelas normas de Basileia III.
Embora cada país tenha particularidades, os desafios enfrentados pela banca são comuns, e a proposta de valor da Aserta adapta-se bem a esse contexto.
Existe interesse em entrar no mercado de particulares. Quais são as oportunidades para atrair este público?
Ter acesso a uma garantia permite transformar projetos e ambições pessoais ou empresariais em realidade. O objetivo da Aserta é democratizar o acesso a este instrumento, tornando-o viável para situações do quotidiano como arrendamento de imóveis ou operações comerciais com risco de crédito.
Para isso, a empresa investiu em tecnologia capaz de analisar a capacidade de pagamento de pessoas e empresas, o que permite atuar em segmentos de alta frequência e baixa severidade, posicionando o seguro de caução como um instrumento de uso diário na economia.
Qual é a relação da Aserta com as resseguradoras internacionais?
A Aserta mantém parcerias estratégicas com resseguradoras internacionais como a Munich Re, Hannover Re e Everest Re. Este respaldo permite-lhe assumir riscos de elevada complexidade e volume, com total solvência.
Além disso, o trabalho conjunto com estas entidades garante acesso a boas práticas globais em análise de risco, subscrição e gestão técnica, reforçando a confiança no modelo de negócio junto de clientes, mediadores e instituições.
Vamos trabalhar com agentes e corretores especializados mas também previstas alianças estratégicas com plataformas digitais e empresas dos setores imobiliário e financeiro, especialmente para oferecer soluções dirigidas a particulares e PME.
Como está classificada a Aserta nas principais agências de rating?
A Aserta possui ratings sólidos que refletem a sua solidez financeira e capacidade de enfrentar riscos. A nível internacional na AM Best somos A, na Fitch temos BBB e a Moody’s classifica em Baa2. Estas classificações são essenciais para a atuação da empresa em mercados internacionais e para gerar confiança entre parceiros e clientes institucionais.
Como vai operar a Aserta no mercado português?
As operações em Portugal serão lideradas por Nuno Oliveira Matos, country manager da empresa, trazendo conhecimento do mercado local e proximidade com os canais de distribuição. A operação foi lançada ao abrigo do regime de livre prestação de serviços, com gestão administrativa, técnica e operacional centralizada em Madrid.
Esta abordagem permite agilidade e eficiência, enquanto se constrói uma presença comercial ativa no país. A médio prazo, está prevista a evolução para uma estrutura de sucursal.
Que rede de distribuição será utilizada? Haverá parcerias ou foco na mediação tradicional?
Vamos apostar principalmente na mediação profissional, replicando o modelo bem-sucedido em Espanha. A empresa irá trabalhar com agentes e corretores especializados, focados num serviço ágil e orientado ao cliente.
Estão também previstas alianças estratégicas com plataformas digitais e empresas dos setores imobiliário e financeiro, especialmente para oferecer soluções dirigidas a particulares e PME.
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