China garante “vontade firme e recursos abundantes” para responder a Trump

  • Lusa e ECO
  • 9 Abril 2025

Pequim sublinha que “não há vencedores numa guerra comercial” e que “a China não quer uma”, mas que “não ficará de braços cruzados se os direitos legítimos do seu povo forem violados”.

O Governo chinês assegurou esta quarta-feira que tem “uma vontade firme” e “recursos abundantes” para responder com determinação se os Estados Unidos insistirem em “intensificar ainda mais as suas medidas económicas e comerciais restritivas”.

Com vontade firme e recursos abundantes, a China tomará resolutamente contramedidas e lutará até ao fim”, disse o Ministério do Comércio chinês, num comunicado difundido esta quarta-feira.

O ministério reiterou que “não há vencedores numa guerra comercial” e que “a China não quer uma”, mas “não ficará de braços cruzados se os direitos legítimos do seu povo forem violados”.

Xi JinpingLusa

O Governo chinês publicou na terça-feira um livro branco em que defende a posição da China nas suas relações económicas e comerciais com os Estados Unidos.

No documento, a China afirma que “ambos os países são uma oportunidade e não uma ameaça um para o outro” e apela a Washington para que elimine “imediatamente” a “imposição unilateral de tarifas”.

O documento insta ainda os EUA a “reforçar o diálogo, gerir as diferenças e promover a cooperação” e sublinha que Pequim está “disposta a comunicar” com Washington “sobre as principais questões económicas e comerciais bilaterais e a abordar as suas preocupações através do diálogo e de consultas em pé de igualdade”.

Trump ordenou na terça-feira a aplicação de uma tarifa adicional de 50% sobre os produtos chineses, elevando o total das taxas para 104%.

Pequim anunciou anteriormente uma taxa de 34% sobre os produtos norte-americanos, depois de Trump ter imposto uma taxa na mesma percentagem sobre os produtos chineses.

Trump afirmou que Pequim quer desesperadamente um acordo, mas disse que Pequim não sabe como começar a negociar, sublinhando que a Casa Branca está à espera de um telefonema do seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Nas possíveis futuras negociações entre Pequim e Washington está também o futuro das operações da aplicação TikTok nos EUA, que o Governo de Trump exigiu que se desligue da sua empresa-mãe, a chinesa ByteDance, para poder operar em território norte-americano.

Xi Jinping defende que China deve reforçar laços com países vizinhos

O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou esta quarta-feira ao “reforço dos laços estratégicos com os países vizinhos”, na sua primeira aparição pública desde que Donald Trump aumentou para 104% as taxas alfandegárias sobre a China.

Xi, que não mencionou o Presidente norte-americano, instou os seus funcionários, durante uma reunião de trabalho, a melhorarem as relações com os países vizinhos “através de uma gestão adequada das diferenças”, com vista a “reforçar os laços nas cadeias de abastecimento”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

As relações da China com os países vizinhos estão “no seu melhor nível na História moderna” e, ao mesmo tempo, Pequim está a entrar “numa fase crucial profundamente interligada com as mudanças na dinâmica regional e nos desenvolvimentos globais”, observou.

O líder chinês defendeu que a diplomacia da China com os seus vizinhos se baseará na construção de uma “comunidade de futuro partilhado”, um dos chavões mais repetidos pelos líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) em que se defende que a prosperidade só é sustentável se as nações trabalharem em conjunto.

Na reunião foi salientado igualmente que a China deve reforçar o seu sentido de responsabilidade e manter uma “diplomacia de vizinhança de amizade, sinceridade, benefício mútuo e inclusividade”.

Foi igualmente sublinhado que a China deve “apoiar os países da região a manterem as suas próprias vias de desenvolvimento e a gerirem corretamente os conflitos e as diferenças”.

“Devemos construir uma rede de interconexão de alto nível e reforçar a cooperação nas cadeias industriais e de abastecimento”, acrescentou o líder chinês, frisando a importância de “manter conjuntamente a estabilidade regional e cooperar em matéria de segurança e aplicação da lei”.

O líder chinês não fez qualquer referência aos Estados Unidos e Pequim tem sublinhado até agora que não vai ceder às tarifas de Trump.

Trump ordenou na terça-feira a aplicação de uma tarifa adicional de 50% sobre os produtos chineses, elevando o total das taxas alfandegárias para 104%.

Pequim anunciou anteriormente uma taxa de 34% sobre os produtos norte-americanos, depois de Trump ter imposto uma taxa na mesma percentagem sobre os produtos chineses.

Trump afirmou que Pequim quer “desesperadamente” um acordo, mas disse que a China não sabe “como começar” a negociar e sublinhou que a Casa Branca está à espera de um telefonema de Xi Jinping.

Nas possíveis futuras negociações entre Pequim e Washington está também o futuro das operações da aplicação TikTok nos EUA, que o Governo de Trump exigiu que se desligue da sua empresa-mãe, a chinesa ByteDance, para poder operar em território norte-americano.

Banco central da China pede aos credores estatais que reduzam compra de dólares

O banco central da China não vai permitir quedas acentuadas do yuan e, por isso, pediu aos principais bancos estatais que reduzam as compras de dólares norte-americanos, segundo avança a Reuters.

A diretiva das autoridades chinesas surge num momento em que o yuan enfrenta fortes pressões no sentido da baixa, na sequência das tarifas impostas pelos EUA aos produtos chineses e das medidas de retaliação de Pequim.

O Banco Popular da China (PBOC) enviou a orientação aos bancos estatais esta semana, pedindo-lhes que retenham as compras de dólares norte-americanos para as suas contas proprietárias.

Os grandes bancos também foram instruídos a aumentar as verificações ao executar ordens de compra de dólares para os seus clientes, num movimento que os mercados interpretam como uma forma de o banco central conter as negociações especulativas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

China garante “vontade firme e recursos abundantes” para responder a Trump

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião