Mota-Engil prepara aquisição de construtora de infraestruturas petrolíferas na Nigéria

Construtora portuguesa negoceia compra da DBN Energies ao magnata Karim com quem tem joint-venture na Nigéria, onde ganhou o maior contrato de sempre e que já é o terceiro mais valioso nas encomendas.

A Mota-Engil vai avançar para a aquisição da nigeriana DBN Energies, uma empresa especializada na construção de infraestruturas para o setor petrolífero e detida pelo multimilionário Kola Karim, que tem na lista de clientes multinacionais do setor como a Total, Shell, Exxon Mobil e Agip ou a estatal Nigerian National Petroleum Corporation.

Com sede em Lagos e operações no setor do petróleo e gás, a atual subsidiária do Shoreline Group fornece serviços ‘chave-na-mão’ de engenharia, gestão de compras e construção (EPC na sigla em inglês). O negócio, que está a ser ultimado, vai permitir ao grupo português liderado por Carlos Mota Santos reforçar a presença no segmento das infraestruturas energéticas em África.

O conglomerado de Kola Karim abrange setores como energia, infraestruturas, agricultura ou telecomunicações, sendo a ‘joia da coroa’ a Shoreline Natural Resources, cuja produção de petróleo no país ronda os 40 mil barris por dia. E é o parceiro (49%) do grupo sediado no Porto na joint-venture estabelecida em 2018 para a criação da Mota-Engil Nigeria Limited.

Carlos Mota dos Santos, CEO da Mota Engil, em entrevista ao ECO - 06NOV23
Carlos Mota dos Santos, CEO da Mota Engil, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

A par de Portugal, Angola, Moçambique, México, Brasil, Peru e Colômbia – onde há poucos dias perdeu a corrida à primeira PPP ferroviária –, a Nigéria é uma das principais apostas para a Mota-Engil e está a “solidificar a sua relevância como um mercado core, com várias oportunidades de infraestruturas”, como salienta no relatório e contas relativo ao último ano, em que registou lucros recorde de 123 milhões de euros.

No final de 2024, a Nigéria valia 13% da carteira de encomendas global no ramo da engenharia e construção (E&C), apenas atrás de Angola e México. No ano passado, este país deu mesmo o principal contributo – equivalente a 30% de um total de 1.748 milhões de euros – para o volume de negócios desta unidade africana, que inclui também a prestação de serviços de engenharia industrial.

Uma participação que será reforçada na sequência dos planos avançados pelo Africa Intelligence, portal especializado em notícias de economia e política no continente africano, sublinhando que esta aquisição é “mais do que um simples negócio” e marcará a entrada da empresa portuguesa nos principais projetos petrolíferos onshore e offshore da África Ocidental.

Além de adquirir um ativo, sublinha que a Mota-Engil vai beneficiar do conhecimento e da especialização acumulados no setor energético pelo magnata Kola Karim, 56 anos, com a imprensa local a destacar este negócio como um “sinal claro” do crescente interesse de empresas europeias em companhias africanas com “capacidade comprovada” no ramo da engenharia e da energia.

É na Nigéria que a maior construtora portuguesa está a executar aquele que foi o maior contrato da sua história, assinado em 2021 e cujo valor ascende a 1.820 milhões de dólares (1.601 milhões de euros ao câmbio atual). Trata-se da construção de uma linha ferroviária com 378 quilómetros de extensão entre Kano, no norte do país, e Maradi, no sul do vizinho Níger, e uma ligação entre Kano e a cidade nigeriana de Dutse.

A Mota-Engil, que tem também a concessão de dois aeroportos na Nigéria (Abuja e Kano) ganhos em consórcio com a Corporación América, reportou no verão de 2023 novos contratos de concessão de duas autoestradas em parceria com a AFC – Africa Finance Corporation; e que “associado ao projeto de construção ferroviária” concretizado após um “longo processo de validação e due diligence por parte das autoridades regulatórias locais”, assinou um contrato de 916 milhões de dólares para o fornecimento e financiamento de material ferroviário, através da participada em África.

Como o ECO noticiou no início de abril, a Mota-Engil está em processo de compra dos restantes 50% da construtora brasileira Empresa Construtora Brasil (ECB) à família Rezende, que até agora controlava a outra metade do capital na sexta maior construtora brasileira, isto depois de no ano passado ter fechado a venda das três concessões rodoviárias no México.

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