Mulheres nos seguros: Crescem em número, mas liderança está por igualar

Em algumas empresas do setor segurador há tantas mulheres como homens a trabalhar, noutras até as mulheres são a maior parte, as disparidades surgem quando se analisam os cargos ocupados.

[Da esquerda para a direita] Ana Rita Gomes, administradora da Multicare, Luiza Fragoso Teodoro, CEO da Verlingue Portugal, Isabel Castelo-Branco, CEO da BPI Vida e Pensões e Francisca Pinto Gonçalves, jornalista do ECO Seguros.Hugo Amaral
Num setor historicamente marcado pela presença masculina, a representatividade feminina nas empresas de seguros está a ganhar espaço — ainda que o caminho para a paridade não esteja concluído. Num dos debates da rubrica Mulheres com ECO, três líderes do setor segurador partilham experiências, desafios e conquistas da igualdade de género nas suas organizações e no mercado. Entre avanços, persistem obstáculos; entre convicções, destaca-se um ponto comum: o aumento da representatividade das mulheres nos seguros está e assenta no mérito e por ele será alavancado, ainda que haja medidas que possam ser tomadas para igualar as oportunidades.

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Isabel Castelo-Branco dá o pontapé de partida para a conversa com o exemplo da empresa que lidera. “Na BPI Vida e Pensões dois terços são mulheres, é um exemplo provavelmente ao contrário do que as pessoas estão à espera.” A CEO da BPI Vida e Pensões revela que a sua principal dificuldade tem sido como alcançar equilíbrio de género para o sexo masculino, o que “não tem sido fácil”, confessa.

Mas à medida que subimos nos níveis hierárquicos, “vamos tendo uma percentagem inferior de mulheres”, afirma Luiza Fragoso Teodoro, CEO da Verlingue Portugal. A líder da corretora também aponta que, em empresas mais antigas e consolidadas, “tendencialmente, há mais homens nos cargos de liderança do que mulheres”. No entanto, essa realidade está a mudar, especialmente nas empresas mais jovens, que têm investido em oportunidades para as mulheres. Também “em empresas mais pequenas mais facilmente” tem mais mulheres em cargos de chefia, em contrapartida nas empresas de maior dimensão há mais disparidade, aponta.

Ana Rita Gomes, administradora da Multicare, destaca que, em cargos C-level, a presença feminina é muito inferior, com o setor segurador a ter apenas 13% nessas funções, comparado com 27% no tecido empresarial português. “Mas tem havido uma transformação muito grande e isso vê-se, mais aos níveis da direção.” Aí “a representatividade feminina é bem maior”. A administradora reconhece que ainda “não há paridade mas já há equilíbrio”. Contudo, observa que tal “ainda não chegou aos cargos de administração de topo”.

A meritocracia é um ponto comum entre as intervenções. Luiza Fragoso Teodoro destaca que privilegia a “meritocracia” e sublinha que não se pode transferir a responsabilidade para outros. No trabalho em Portugal, acredita que já se resolveram muitas questões quanto à igualdade de género no setor dos serviços. Mas a mudança passa também pela “vontade da mulher ir mais além e não ter medo de arriscar”.

Ana Rita Gomes partilha da mesma opinião: as mulheres precisam de “arriscar um pouco mais”, mesmo quando não sabem tudo. “Estão a surgir cada vez mais cursos de liderança para mulheres, para que se sintam mais confiantes.” Quanto às responsabilidades domésticas refere que têm deixado de ser um fator inibidor para as mulheres. “Estão mais preparadas, há mais apoios e mais partilha das responsabilidades”, diz. “As condições estão a ser criadas”, embora acredite que ainda há espaço para melhorias.

Isabel Castelo-Branco observa que “as mulheres e homens trabalham de maneira diferente”. Para a CEO da BPI Vida e Pensões, enquanto os homens tendem a ser mais diretos “as mulheres são muito mais multitasking”. Acredita que, por muitas vezes, as mulheres acabam por trabalhar mais, mas talvez não de forma tão eficaz. “Por isso, valorizo tanto a combinação dos dois estilos de trabalho”, afirma.

Apesar das diferentes perspetivas e experiências, todas as intervenientes convergem num ponto essencial: há um movimento claro no setor segurador rumo a um futuro mais inclusivo, ainda que com desafios por superar. A mudança está em curso, alimentada pela consciência coletiva, pelo compromisso das lideranças e pela coragem de cada mulher que ousa ir mais além. O caminho é feito de conquistas graduais, de equilíbrio crescente e da construção de uma cultura empresarial onde o mérito, a confiança e a partilha ganham cada vez mais espaço.

Assista aqui a este episódio de Mulheres com ECO, uma verdadeira aula de liderança onde Ana Rita Gomes, Isabel Castelo-Branco e Luiza Fragoso Teodoro partilham as suas experiências e fazem um diagnóstico ao setor em questões de igualdade de género.

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