Portugueses são favoráveis a política comum de defesa, destaca PwC
"Entre as políticas públicas, a mais relevante desde 2022 é o Joint White Paper for European Defence Readiness 2030", disse esta quinta-feira Luís Rebelo de Sousa, diretor da consultora.
Os portugueses acompanham a opinião dos restantes europeus sobre a importância de a área da defesa ter uma política comum, materializada em estratégias como o Livro Branco sobre a Defesa Europeia. O diretor de Relações Institucionais da consultora PwC disse esta quinta-feira que o documento de Bruxelas é um dos “momentos-chave” dos últimos três anos.
Luís Rebelo de Sousa afirmou que foi em 2022 que a defesa entrou, em definitivo, na agenda europeia, tendo como ponto de partida a Declaração de Versalhes. “Desde então, várias políticas públicas foram implementadas, a que apelidamos de momentos-chave, sendo a mais relevante o Joint White Paper for European Defence Readiness 2030, referiu Luís Rebelo de Sousa, na terceira edição da conferência Relatório Draghi, organizada pelo ECO, e dedicada ao pilar da Defesa e Segurança.
“Estas políticas resultam de uma consensual e consistente opinião pública favorável dos europeus sobre a relevância e necessidade de uma política de defesa e segurança europeia comum. Portugal não diverge da tendência dos cidadãos da União”, sublinhou o diretor da PwC.

Luís Rebelo de Sousa enumerou quatro realidades políticas no mundo: tensões transatlânticas (EUA criticam divergência de valores e de responsabilização para com os europeus); preocupações com a defesa europeia (alteração do comprometimento dos Estados Unidos com a NATO e divergência da noção de “interferência”); conversações de paz entre EUA e Rússia (não inclusão da Europa e preocupação com o futuro da NATO) e união da Europa em torno da defesa (pacote financeiro de 800 mil milhões de euros).
“A resposta da União Europeia é finalmente um Joint White Paper for European Defence Readiness 2030, um projeto de investimento comum, com 800 mil milhões de euros, concretizando o compromisso dos países membros da UE no aumento de entre 2 a 5% do respetivo PIB no seu orçamento anual de defesa a ser aplicados na efetivação da desejada autonomia estratégica” e na capacidade de priorizar a indústria, assinalou o especialista.
“Também relevante é a abertura dos líderes e agentes políticos europeus à possibilidade de diversificar as parcerias industriais e militares como alternativas às já estabelecidas com a NATO”, destacou Luís Rebelo de Sousa.

O executivo da PwC listou ainda cinco tendências emergentes no setor: aumento da despesa na defesa (subida do orçamento doméstico de despesa dos países europeus); autonomia estratégica (investimento crescente nas capacidades e no crescimento da indústria de defesa europeia); reavaliação de parcerias (Europa avalia diversificação de parcerias além da NATO); tecnologias emergentes (investimento na próxima geração tecnológica como sistemas autónomos, cibersegurança e inteligência artificial) e recuperação económica através desta indústria (oportunidades de investimento na reconstrução e competitividade da indústria e economia europeias).
Por detrás do Livro Branco da Defesa estão três tipos de fontes de financiamento: ativação da cláusula de escape no Pacto de Estabilidade e Crescimento (650 mil milhões de euros), ação de segurança para a Europa (SAFE) com angariação nos mercados de capitais de até 150 mil milhões de euros e contribuições do Banco Europeu de Investimento e mobilização de capital privado em áreas prioritárias:
- Defesa aérea e de mísseis
- Sistemas de artilharia
- Munições e mísseis
- Drones e contramedidas anti-drones
- Mobilidade militar
- Inteligência Artificial (IA), quântica, cibernética e guerra eletrónica
- Capacidades estratégicas e proteção de infraestruturas críticas, incluindo transporte aéreo estratégico, reabastecimento aéreo, vigilância marítima e ativos espaciais
A terceira edição da conferência ECO dedicada ao Relatório Draghi parte da declaração do ex-presidente do BCE Mario Draghi sobre defesa europeia: “A Europa tem de reagir a um mundo de geopolítica menos estável, no qual as dependências se estão a transformar em vulnerabilidades, e não pode continuar a depender de outros para a sua segurança”. Declarações proferidas meses antes da nova administração ter chegado à Casa Branca, que deu mais relevância ao tema quer numa perspetiva militar quer ao nível da independência estratégica nas matérias-primas e cadeias de abastecimento.
O relatório Draghi propõe investimentos de 750 a 800 mil milhões de euros por ano – cerca de 4,4% a 4,7% do PIB da UE em 2023 – e que 50 mil milhões de euros desse montante sejam alocados a defesa e segurança.
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