FMI prevê menos crescimento na Zona Euro e estagnação da Alemanha com tarifas dos EUA
Fundo mais pessimista com crescimento dos países da Zona Euro, devido à incerteza internacional e à guerra comercial. Entre as principais economias, só as previsões para Espanha são revistas em alta.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a previsão de crescimento da Zona Euro este ano para 0,8%, menos duas décimas do que projetava em janeiro, com revisões em baixa para as principais economias, à exceção de Espanha. Em causa está, sobretudo, a elevada incerteza internacional e a guerra comercial, com a instituição liderada por Kristalina Georgieva a esperar agora uma estagnação na Alemanha.
Na atualização das projeções económicas mundiais, divulgada esta terça-feira, o FMI prevê que a economia dos países do euro avance 0,8% este ano e 1,2% em 2026, menos duas décimas do que esperava em janeiro e menos quatro décimas para este ano do que previa em outubro.
“A crescente incerteza e as tarifas são os principais impulsionadores do crescimento contido em 2025. As forças compensatórias que apoiam a modesta recuperação em 2026 incluem o consumo mais forte, devido ao aumento dos salários reais e à flexibilização orçamental esperada na Alemanha, após grandes alterações na sua regra orçamental (o ‘travão da dívida’)”, explica a instituição.
Entre as grandes economias da Zona Euro, o FMI prevê que, após uma recessão de 0,2% em 2024, a Alemanha estagne neste ano de 2025. Um cenário mais pessimista do que o esperado em janeiro, quando o FMI acreditava numa taxa de crescimento alemã de 0,3%. Para 2026, a projeção é de uma recuperação, para 0,9% — ainda assim, menos duas décimas do que no último relatório.

A instituição de Bretton Woods projeta ainda que o crescimento da economia francesa desacelere dos 1,1% registados em 2024 para 0,6% este ano, voltando a acelerar em 2026 para 1%. Um corte de duas décimas e uma décima, respetivamente, face a janeiro. Para Itália, a expectativa é também de desaceleração face aos 0,7% registados em 2024. A instituição antevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,4% este ano e 0,8% em 2026, menos três décimas e uma décima, respetivamente, face a janeiro.
Em contraciclo, Espanha continua a ‘brilhar’, com o FMI a rever em alta de duas décimas a projeção para este ano e a manter inalterada a do próximo. Os técnicos de Washington apontam para uma taxa de 2,5% em 2025 e 1,8% em 2026, após um crescimento de 3,2% em 2024, refletindo o efeito de um desempenho melhor do que o esperado no ano passado e a atividade de reconstrução após as cheias.
Incerteza desacelera crescimento mundial
A rápida escalada das tensões comerciais e os elevadas níveis de incerteza irão ter um impacto significativo na atividade económica global. O alerta é do FMI no mesmo relatório, onde também revê em baixa as previsões de crescimento mundial para 2,8% este ano e 3% em 2026, menos cinco décimas e três décimas do que o projetado em janeiro.
O cenário significa uma desaceleração este ano quando comparado com a taxa de 3,3% registada em 2024. Entre as economias avançadas o maior corte tem lugar na projeção para os Estados Unidos. A instituição com sede em Washington prevê um crescimento de 1,8% este ano e de 1,7% em 2026, menos nove décimas e quatro décimas, respetivamente, do que no relatório anterior.
A revisão em baixa para a economia americana é resultado de maior incerteza política, tensões comerciais e uma perspetiva de procura mais fraca, dado o crescimento do consumo mais lento do que o previsto, explica o FMI. Destaca ainda que as tarifas também devem pesar sobre o crescimento em 2026, com um consumo privado moderado.
O FMI destaca que as tarifas por si só já são “um grande choque negativo para o crescimento”. Acresce que a esse cenário soma-se a “imprevisibilidade” com que as medidas têm sido levadas a cabo, com um “impacto negativo na atividade económica e nas perspetivas e, ao mesmo tempo, torna mais difícil do que o habitual fazer suposições”.
Neste sentido, adverte que “a intensificação de uma guerra comercial, juntamente com uma incerteza ainda maior na política comercial, pode reduzir ainda mais o crescimento a curto e longo prazo, enquanto a erosão das reservas políticas enfraquece a resiliência a choques futuros”.
(Notícia atualizada às 14h29)
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