Spinumviva. Marcelo desvaloriza sugestão do PSD de vigiar telemóvel de deputados. “Há sempre um lado emotivo muito grande”

Presidente da República defende que é natural que surjam "picardias" no atual clima eleitoral e que tal acontece nas "democracias mais sofisticadas".

O Presidente da República desvalorizou esta sexta-feira a polémica em torno da divulgação de clientes da Spinumviva, a empresa familiar do primeiro-ministro, atribuindo-a ao “calor” e “lado emocional” da campanha eleitoral.

Estamos num clima eleitoral. No clima eleitoral há sempre um calor, um lado emotivo muito grande. Estamos a 15 dias de eleições, terminaram os debates“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3.

Em causa está a notícia avançada pelo Expresso, no dia do debate entre Luís Montenegro e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de que o primeiro-ministro entregou uma declaração de substituição à Entidade da Transparência em que refere mais sete empresas como clientes da Spinumviva.

O Observador avançou que o deputado socialista Pedro Delgado Alves assumiu numa reunião no Parlamento ter acedido à informação que o primeiro-ministro e líder do PSD enviou à Entidade e que partilhou informação com Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda. Ambos os parlamentares já negaram ter divulgado a informação, mas o PSD promete ir até “às últimas consequências” para apurar o caso.

O deputado social-democrata Hugo Carneiro sugeriu que a PJ verifique os telefones dos deputados que integram o Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no Parlamento, com o intuito de apurar a fuga de informação relativa à nova declaração.

Isso acontece em clima eleitoral das democracias mais sofisticadas“, considera Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “há um lado de luta político-partidária que existe” e é natural surgirem “picardias”.

O Chefe de Estado mostrou-se mais preocupado sobre os esclarecimentos dos partidos sobre a exequibilidade das propostas apresentadas pelos partidos nos programas eleitorais das legislativas de 18 de maio.

O fundamental é manter a serenidade, verificar que os debates foram úteis, que realmente vamos aprender com a comissão técnica independente e esperar que as forças políticas expliquem, daqui até às eleições, como é que vão pôr no terreno, com que base de apoio, para que não haja crises governativas”, disse.

Pedro Nuno Santos criticou esta manhã a sugestão de Hugo Carneiro. “É preocupante e grave que dirigentes do PSD estejam a tentar atacar o trabalho da comunicação social e dos jornalistas. Já não é a primeira vez que fazem declarações que não são abonatórias para a liberdade de imprensa. Ontem ultrapassaram-se todos os limites do aceitável”, referiu o secretário-geral do PS.

Também o Sindicato dos Jornalistas (SJ) já condenou as declarações do deputado social-democrata, considerando que “é uma tentativa clara de pressão que ameaça a liberdade de imprensa”. O sindicato argumenta que a legislação prevê que “sem prejuízo do disposto na lei processual penal, os jornalistas não são obrigados a revelar as suas fontes de informação, não sendo o seu silêncio passível de qualquer sanção, direta ou indireta”.

O que está sobre sigilo são as fontes de jornalistas ao cobrir temas de inegável interesse público”, condenou.

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