Passos exige “espírito reformista”, avisando que não chega ter “estabilidade política”. Montenegro “de acordo”
Antigo primeiro-ministro apelou a que o país não se alheie do que está a acontecer no mundo e se prepare para "o que aí vem". Ferreira Leite acredita em "lucidez" dos portugueses.

O antigo primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Passos Coelho alertou esta terça-feira que o partido deve “fazer pleno jus à sua tradição reformista em Portugal”, avisando Luís Montenegro que não basta ter estabilidade política, é preciso avançar com as reformas que o país precisa. O primeiro-ministro garantiu estar “absolutamente de acordo”.
“O meu desejo profundo é que nestes anos que temos pela frente, o PSD possa fazer pleno jus à sua tradição reformista em Portugal. O mundo inteiro vive um período de transformações muito grandes, de grandes incertezas quer a nível de segurança e defesa, quer a nível económico e político, e isso acentua ainda mais a importância de tratar de relevar reformas importantes que o país ainda precisa de fazer para superar vulnerabilidades estruturais que ainda são manifestas”, referiu Passos Coelho.
O antigo presidente social-democrata falava em declarações aos jornalistas à entrada para o almoço de aniversários do PSD com os ex-líderes partidários, na sede do partido, em Lisboa. À mesa sentam-se também Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes, Aníbal Cavaco Silva, Fernando Nogueira, Rui Rio, Luís Filipe Menezes e Pedro Santana Lopes.
Para Pedro Passos Coelho, que chefiou o Executivo durante o período da intervenção da troika, “isso exige evidentemente estabilidade política, mas é mais importante sublinhar que não depende apenas da estabilidade política”. “É preciso que exista verdadeiramente um espírito reformista que possa estar ao serviço dessa estabilidade”, acrescentou.
O mundo inteiro vive um período de transformações muito grandes (…) e isso acentua ainda mais a importância de tratar de relevar reformas importantes que o país ainda precisa de fazer para superar vulnerabilidades estruturais que ainda são manifestas.
O ex-presidente do PSD argumentou que “em anos a fio tivemos estabilidade que não esteve ao serviço de nenhuma agenda transformadora”, numa referência à governação de António Costa. “Tempos favoráveis”, disse, em que “o país devia ter feito reformas”.
“As duas coisas são necessárias: a estabilidade – para a qual os eleitores podem dar uma contribuição importante através das suas escolhas –, mas também reformismo, que é aquilo que os líderes dos partidos têm de fazer. As duas coisas são essenciais para os próximos anos. E é importante que o país não se alheie do que está a acontecer no mundo e se vá preparando para o que aí vem”, rematou Passos.
Montenegro “absolutamente de acordo” com Passos Coelho
O líder do PSD garantiu estar “absolutamente de acordo” com Pedro Passos Coelho, considerando que essa é a “essência do PSD”: “um partido confiável, que assegura a estabilidade”, mas que “nunca está satisfeito” porque quer sempre avançar. “É seremos capazes de fazer ainda mais”, afirmou, considerando que foi esse o sentido das palavras do antigo primeiro-ministro sobre “reformismo”.
“O PSD deve assumir as suas responsabilidades, não deve apenas olhar para si próprio. Deve abrir-se. Somos um partido aberto a acolher o apoio entusiasmo, a adesão e a partilha“, disse à saída do almoço com os antigos líderes.
Montenegro adiantou que durante o encontro que durou cerca de duas horas, a conversa sobre a capacidade de tornar a governação do último ano, numa “maioria maior”. O primeiro-ministro reiterou acreditar que os portugueses procuram “estabilidade política” e que isso se refletirá no voto no dia18 de maio.
Ferreira Leite e Marques Mendes esperam “lucidez” do eleitorado
Passos não foi o único antigo líder a prestar declarações antes do almoço. Manuela Ferreira Leite acredita que os portugueses vão ter a “lucidez suficiente para saber que não é possível fazer progredir o país numa instabilidade permanente“. Ou seja, votar na estabilidade, isto é, na AD. Em declarações aos jornalistas, a antiga ministra das Finanças afirmou estar presente no encontro para celebrar o papel que o partido tem tido no país.
Ao lado de Ferreira Leite, Luís Marques Mendes acrescentou que esta terça-feira é um momento de recordar o contributo de Francisco Sá Carneiro e de Francisco Pinto Balsemão. O antigo líder e agora candidato presidencial considerou que, nas eleições de 18 de maio, “uma parte grande dos portugueses, vai votar sobretudo a pensar na estabilidade”.

“Uma parte grande dos votos, talvez, como tem acontecido no passado, vai ser a pensar na estabilidade. Se assim for, é um ato de lucidez por parte dos portugueses. O país não pode andar de ano a ano em eleições. Não pode ter crises anuais. Com o contexto internacional que é difícil, incerto e instável, não podemos acrescentar mais instabilidade à que vem lá de fora”, argumentou.
Por sua vez, Luís Filipe Menezes elogiou Luís Montenegro pela organização do encontro desta terça-feira. “Tem um valor muito emblemático o atual presidente do partido e primeiro-ministro trazer tantos ex-primeiros-ministros e ex-líderes do partido aqui. Significa uma unidade que não é artificial”, disse.
Tem um valor muito emblemático o atual presidente do partido e primeiro-ministro trazer tantos ex-primeiros-ministros e ex-líderes do partido aqui. Significa uma unidade que não é artificial.
Já Rui Rio salientou a importância dos partidos tradicionais. “Numa altura em que eu tenho ouvido que os partidos tradicionais, entre os quais naturalmente o PSD, falharam nestes 50 anos e é preciso dar novas oportunidades porque foi um falhanço… Os 50 anos não foram um falhanço, Portugal hoje, em 2025, não tem comparação com o que era em 1974”, disse.
Ainda assim, apesar de admitir que Portugal “tem problemas, e os partidos tradicionais se têm de adaptar a esses novos problemas e ter coragem de resolver”, adverte que “coisa diferente é dizer que os 50 anos foram um desastre”. Por sua vez, Aníbal Cavaco Silva e Fernando Nogueira preferiram não prestar declarações.
Durão destaca “integridade pessoal” de Montenegro
Esta manhã, à margem de uma arruada em Leiria, Luís Montenegro já tinha destacado que “nenhum [dos ex-presidentes] disse que não” ao convite para este almoço comemorativo do aniversário do PSD, à exceção de Marcelo Rebelo de Sousa, que “como Presidente da República não deve ter uma participação partidária numa altura em que estamos em campanha eleitoral”.
Francisco Pinto Balsemão e Rui Machete não foram por razões de saúde. Ausente no estrangeiro, onde está a participar numa conferência, José Manuel Durão Barroso enviou uma carta, citada pelo Observador, sublinhando o contexto “internacional tão difícil e exigente”, mas dizendo-se “seguro de que, nas condições atuais, só um Governo da AD, sob a sua liderança, está em condições de oferecer a Portugal essa solução”.
“Impõe-se a eleição de um primeiro-ministro com integridade pessoal, experiência governativa, competência e capacidade política, qualidades que o meu amigo já muito claramente demonstrou ter. O nosso país precisa de estabilidade política e de um rumo governativo claro e firme”, escreveu o antigo presidente da Comissão Europeia.
(Notícia atualizada às 16h13 com declarações de Luís Montenegro)
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