ECO da Campanha. Greve na CP é a nova arma de arremesso entre partidos no dia em que Marcelo deixou avisos

ECO da Campanha. Direito à greve tornou-se o tema quente do dia com as declarações de Montenegro logo pela manhã. À esquerda critica-se e à direita admite-se revisão.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, durante um contacto com a população na Covilhã, no âmbito da campanha para as eleições legislativasJOSÉ SENA GOULÃO/LUSA 8 maio, 2025

A lei laboral foi o tema do dia, depois do líder do PSD e primeiro-ministro ter admitido revisões. O secretário-geral do PS rapidamente se insurgiu sobre o tema, durante um contacto com a população na Covilhã. Mas não foi a única critica a Luís Montenegro. Pedro Nuno Santos criticou o Governo pelos cortes de 69% no financiamento de centros de investigação qualificados com “Muito Bom”, considerando o investimento na ciência decisivo para a transformação da economia.

Temos um Governo que não só nos deixa uma economia a cair, como corta num dos fatores mais decisivos para que a economia portuguesa se transforme, que é o investimento na ciência”, condenou, citado pela Lusa.

Além das declarações sobre a paralisação da CP, Luís Montenegro teve outro momento marcante esta terça-feira: encontrava-se em Fátima quando começou a sair fumo branco da chaminé da Basílica de São Pedro, no Vaticano, anunciado a eleição no novo Papa, o que considerou uma “coincidência muito feliz”.

“Eh lá, viemos a Fátima e há fumo branco”, disse, acrescentando que é um sinal para a campanha da AD. “Parece de propósito, mas é premonitório. Honestamente, não me tinha passado pela cabeça, mas é uma coincidência muita feliz (…) Esta coincidência, enfim… Dirá qualquer coisa, não sei o que é. Mas a fé também tem este lado misterioso”, afirmou, de acordo com a Lusa.

Já o líder da IL, apontado como eventual parceiro da AD caso esta ganhe as eleições, considerou que a legislação laboral deve ter “uma solução mais flexível” na relação entre “empresas e colaboradores” e disse querer fazer um balanço das alterações feitas à lei desde 2019. “O que me parece evidente é que nós temos de ter uma solução mais flexível de colaboração entre as empresas e os seus colaboradores, porque o resultado final dessa colaboração será seguramente mais riqueza para o país”, defendeu Rui Rocha.

Na caravana do Chega, o dia ficou marcado pelo momento de tensão com a comunidade cigana, em Aveiro. “Continuamos a ter um conjunto de ciganos que são em alguns casos o mesmo, que andam pelo país todo. Tem de estar organizado. Não sei se é a própria comunidade que se organiza, se são os partidos de esquerda, não sei. Sei que são organizados, que são plantados. Não podem andar pelo país todo a ofender-nos”, afirmou o líder do Chega, depois ter mandado trabalhar os manifestantes que se encontrava à sua chegada.

No Alentejo, Paulo Raimundo visitou um quartel de Bombeiros Voluntários, onde apostou fichas na eleição de Bernardino Soares por Beja. Um candidato que “vale por três”, em alusão ao facto de não ter conseguido eleger nenhum candidato em 2024 naquele círculo, que vale três lugares.

Tema quente

A greve na CP e o direito à greve são o novo tema quente

A paralisação total na CP já tinha aquecido a campanha na quarta-feira, mas o tom não amainou esta quinta-feira. Ao segundo dia de greve, novamente com uma adesão de 100% nas contas dos sindicatos, o tema contaminou as caravanas. Luís Montenegro abriu a polémica ao falar numa greve “absolutamente injusta”.

“Entre o prejuízo causado à vida das pessoas e a discussão laboral, que é legítima, há uma desproporção enorme”, considerou, acrescentando: “Francamente, um dia vamos ter de pôr cobro a isto. Temos de ter um mecanismo que garanta que o efeito da greve… Não estou a pôr em causa o direito à greve. O direito à greve não está em causa. Os efeitos da greve é que não podem ser de tal maneira desproporcionais que todos os outros cidadãos tenham uma compressão dos seus direitos”, sem entrar em mais detalhes.

O presidente do PSD, Luis Montenegro, conversa com Pedro Santana Lopes, presidente da câmara municipal da Figueira da Foz, durante uma ação de campanha para as eleições legislativas.MIGUEL A. LOPES/LUSA 8 maio, 2025

As declarações tiveram rapidamente resposta da oposição. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o líder do PSD de “autoritarismo” e considerou ser “inaceitável que um primeiro-ministro, em plena greve, use da ameaça”. “A forma como o Governo tem de lidar com uma greve, que não conseguiu impedir pela negociação, é ameaçar com a alteração à lei. Isto é muito preocupante”, vincou.

Segundo Pedro Nuno Santos, Montenegro “lida muito mal com algumas das maiores conquistas da nossa liberdade, como o direito de os trabalhadores reivindicarem melhores condições remuneratórias”. Já questionado em Braga sobre as declarações de Luís Montenegro, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, assumindo-se como “um lesado da CP”, mostrou-se igualmente “disponível” para avaliar alterações legislativas, sem pôr em causa o direito à greve. “Não há leis intocáveis”, sublinhou, notando que o partido defende a liberalização do mercado ferroviário, depois de o mesmo ter acontecido no rodoviário, para criar “competição e concorrência”.

O Presidente da República desvalorizou o tema, argumentando que “neste momento a questão não se põe”. “Ainda não temos Parlamento, depois logo veremos”, frisou, assinalando que “a lei da greve conheceu alterações ao longo do tempo, mas não é uma questão que está em cima da mesa”. Para o chefe de Estado, “as greves são uma forma de chamada de atenção em período eleitoral porque os debates políticos envolvem as questões laborais e sociais”.

Paralelamente, enquanto Mariana Mortágua criticou Montenegro por apenas falar de trabalho para admitir alterações à lei da greve, Raimundo recusou cair na “casca de banana” do Governo sobre a lei da greve e o Livre acusou a IL de ser “extremista” por defender a revisão da Constituição.

A figura

Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República entrou na campanha para avisar que só nomeia um Governo minoritário se tiver garantias que há condições de governabilidade. “A questão fundamental é ter a certeza de que o Governo que vai ser nomeado tem conduções para arrancar com o seu programa, depois veremos como corre a gestão económica e financeira ao longo da legislatura”, afirmou esta quinta-feira, em Belém, à margem do programa “Encontros” com artistas.

“Qualquer que seja o resultado, o importante é que o Presidente esteja à vontade para nomear o Governo”, reforçou, recordando que no ano passado deu posse a um governo minoritário de Luís Montenegro por ter garantias que Pedro Nuno Santos viabilizava o programa de Governo. Por outras palavras, “o que é de evitar é um Governo que logo à partida não tem condições nenhumas para ser viabilizado pelo Parlamento”.

Assim, para o Chefe de Estado, “os partidos ou fazem um apelo para aumentar o apoio que dispõem no Parlamento ou falam em acordos ou entendimentos futuros ou mostram disponibilidade para dialogar com outros partidos ou dizem que não serão um problema em termos de estabilidade”.

A frase

"Tirando um [dos partidos], é roubar [a sigla da AD]. Portanto, isto é o que eles vão fazer, se calhar, aos portugueses. Isto é o meu medo. Quem trata assim um amigo durante anos, como é que vai tratar os portugueses? Isto é o que eu chamo consciência.”

Gonçalo da Câmara Pereira

Presidente do Partido Popular Monárquico (PPM)

A surpresa

Santana Lopes a dançar Karol G

Luís Montenegro esteve esta manhã numa ação de campanha na Figueira da Foz, mas o centro das atenções acabou por ser Pedro Santana Lopes. Ao som de uma das suas canções favoritas, o presidente da Câmara Municipal cantou e dançou ‘Si Antes Te Hubiera Conocido’ da cantora Karol G. Um tema que já tinha cantado no final do ano passado no seu espaço de comentário no Now, num momento captado pela SIC Notícias e por alguns internautas que o divulgaram nas redes sociais.

Norte-Sul

Luís Montenegro começou a manhã na Figueira da Foz, numa iniciativa dedicada à habitação, e seguiu depois para a baixa de Coimbra, e para Fátima, localidade onde estava quando foi anunciado o nome do novo Papa. Por seu lado, Pedro Nuno Santos passou pela Covilhã e por Castelo Branco, enquanto André Ventura esteve em Braga e vai terminar o dia num jantar-comício em Guimarães.

O périplo da IL passou pela Póvoa de Varzim e por Vila do Conde, enquanto Mariana Mortágua anda por Coimbra. Já Paulo Raimundo participou num almoço nos Bombeiros Voluntários de Beja e seguiu para Faro, onde terá um jantar comício. Por seu lado, Rui Tavares ficou pela capital portuguesa e Inês Sousa Real pela linha de Cascais.

A caravana de Montenegro segue viagem na sexta-feira até Aveiro, Leiria e Porto, enquanto a de Pedro Nuno Santos até Trancoso, Guarda e Vila Real. O Chega ruma a Bragança, enquanto Mariana Mortágua também estará a norte, em Braga. Por seu lado, Paulo Raimundo tem previsto uma ação de rua na Amadora, em Lisboa, seguindo até Vila Franca de Xira, antes de se deslocar até ao Alentejo para um comício em Évora.

Rui Tavares irá visitar o Politécnico de Setúbal durante a manhã, tendo previsto fechar o dia com um comício em Almada, enquanto Inês Sousa Real ficará por Lisboa.

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