Dérbi renhido dentro e fora das quatro linhas, mas Benfica leva vantagem em bolsa e nas contas
Venda de jogadores tem permitido às águias aumentar receitas, enquanto os rendimentos dos leões dependem menos das transferências. Nos custos de financiamento a vantagem também é dos encarnados.
Tudo a postos para aquele que pode ser o jogo do título. Benfica e Sporting enfrentam-se este sábado, no Estádio da Luz, e, dependendo do resultado, um dos dois poderá festejar no Marquês o campeonato português de futebol. Tudo em aberto dentro de campo. Mas e quem ganha fora das quatro linhas? Enquanto as águias têm dependido das transferências de jogadores para aumentar os lucros e conseguem financiar-se a custos (muito mais) reduzidos, o Sporting aposta na diversificação de receitas e no equilíbrio do balanço. Em bolsa, o campeão veste-se de vermelho e branco.
Benfica e Sporting partem para o duelo deste fim de semana empatados na tabela classificativa. Em termos financeiros, as últimas contas mostram um desequilíbrio a favor do clube da Luz, pelo menos no que diz respeito aos lucros, com a SAD benfiquista a reportar um forte crescimento dos resultados no período entre julho e dezembro de 2024. Enquanto os leões reportaram uma descida de 74% lucros para 15 milhões de euros, o Benfica viu os lucros engordarem de 18 para 40,3 milhões de euros, no primeiro semestre da época 2024/2025, que terminou a 31 de dezembro de 2024.
Apesar da melhor prestação ao nível da rentabilidade, no caso dos resultados do Benfica, há que ressalvar que o resultado “está significativamente influenciado pelos resultados com transações de direitos de atletas, em especial pelas mais-valias obtidas com a alienação de direitos de jogadores”, como explica o próprio clube no documento de apresentação das contas. No período, os resultados com transações de direitos de atletas ascenderam a 87,2 milhões de euros, o que compara com os 57 milhões de euros alcançados no período homólogo, informa ainda.
Sem contabilizar a venda de direitos desportivos, as receitas recuaram 0,7% para 105,7 milhões de euros, ao passo que as gastos subiram para 142,9 milhões, com o clube a apresentar aqui um desequilíbrio operacional. Uma época de transferências mais baixa pode significar a entrada em prejuízos.
Pelo contrário, o Sporting viu as suas receitas operacionais dispararem 75% para 94,5 milhões de euros, com o clube a depender de várias fontes de financiamento para tornar o balanço mais resistente e menos dependente da venda de jogadores.
No que diz respeito aos capitais próprios, o Benfica está mais robusto: fechou o semestre com capitais próprios de 122,2 milhões de euros, enquanto o Sporting encerrou com 35,98 milhões. Ainda assim, importa destacar que, no caso dos encarnados, o passivo cresceu a um ritmo mais elevado que o ativo no período, ao contrário do que aconteceu com o clube de Alvalade.
O passivo do Benfica cresceu 6,8% e o ativo aumentou 3,7%, com a Benfica SAD a terminar os primeiros seis meses com um passivo de 472,3 milhões de euros face a um ativo de 594,5 milhões de euros. Já o Sporting chegou a 31 de dezembro com um ativo de 420,8 milhões de euros e um passivo de 384,8 milhões de euros, 8,9% e 12,4% acima dos números apresentados no período homólogo.
Águias conseguem financiamento mais baixo
No que diz respeito aos custos de financiamento, o Benfica, que tem apostado nas emissões obrigacionistas para obter capital, tem-se conseguido financiar com custos mais baixos que o adversário do outro lado da 2.ª circular.
Depois de ter concluído uma reestruturação profunda da sua dívida em 2023, que incluiu um perdão de cerca de 96 milhões de euros do Novobanco e do BCP, o Sporting tem vindo a fazer um esforço para reduzir a sua dívida. Com um endividamento bancário de 158,9 milhões de euros no final de 2024, os leões têm atualmente duas linhas obrigacionistas a correr.
O primeiro empréstimo, no valor de 50 milhões de euros, foi colocado em maio do ano passado com um juro de 5,75% e tem maturidade até 2027. Ainda no ano passado, em outubro, o clube leonino avançou com uma segunda emissão de obrigações, no montante de 40 milhões de euros e uma taxa de 5,25%, que vence em 2028.
Custos de financiamento que superam os juros pagos pelos encarnados, que se financiaram em 55 milhões de euros junto de mais de 4.000 investidores, no final de abril, tendo pago um cupão de 4,5% por esta dívida. As condições de financiamento favoráveis neste tipo de operações tem levado a SAD benfiquista a privilegiar, aliás, “o recurso aos empréstimos obrigacionistas como principal fonte de financiamento”, tal como o clube adiantou na última apresentação de resultados.
No ano passado, em abril de 2024, o clube já tinha emitido 50 milhões de euros em dívida que vence em 2027, com uma taxa de juro de 5,1%. Em todas as operações, o clube da Luz conseguiu vender obrigações com custos mais baixos.
E o campeão em bolsa é…
Ao contrário dos resultados financeiros, nos quais há muitas variáveis a pesar, em bolsa a classificação é bem mais simples e os investidores dão a vitória às Águias. Depois de uma semana que ficou marcada pelo leilão da participação de 3,28% de Luís Filipe Vieira na SAD do Benfica por 5,33 milhões de euros, com as ações a serem compradas por um investidor americano por 7,07 euros cada — um preço muito superior à cotação de mercado — , o Benfica segue acumula uma valorização de 31% no último ano ano, deixando os leões para trás, com uma valorização de apenas 5%.
Os títulos seguiam a negociar acima dos quatro euros esta sexta-feira, animados pelo interesse do novo investidor no clube. O forte investimento realizado indica que o norte-americano Jean-Marc Chapus, que terá comprado as 753.615 ações de Vieira, poderá querer assumir uma posição de longo prazo no clube e reforçar esta participação.
Já os títulos do Sporting valem 1,1 euros cada, com os investidores na expectativa em relação ao desfecho do campeonato. Nos últimos meses, as ações sobem 4,76%.
Além do interesse do novo investidor no Benfica, ambos os clubes estão a ser beneficiados em bolsa pelos bons desempenhos desportivos no campeonato. Dependendo do resultado deste sábado, uma das duas SAD irá reforçar os ganhos em bolsa.
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