ECO da Campanha. O aviso de Marcelo sobre a “melhor” solução (ou a “menos má”) e o périplo de Ventura pelos hospitais
Presidente da República declarou que a sua missão será "tentar encontrar a solução de governabilidade melhor ou menos má". Dia ficou também marcado pelo estado de saúde de Ventura.
Luís Montenegro acredita que segunda-feira o país terá um governo “com todas as condições de governabilidade”, Pedro Nuno Santos aposta que está a três dias de derrotar a AD e Marcelo Rebelo de Sousa avisa que irá procurar a “melhor ou menos má” solução de governabilidade. Tudo isto num penúltimo dia de campanha que não aqueceu, apesar das tradicionais arruadas na rua de Santa Catarina, no Porto, e que ficou marcado pelo estado de saúde do líder do Chega, André Ventura.
O líder do Chega voltou a sentir-se mal durante uma arruada esta quinta-feira de manhã, em Odemira, e foi retirado do local. O episódio ocorreu no dia em que regressou à campanha, depois de ter sido assistido no hospital de Faro na terça-feira à noite. André Ventura chegou cerca de quinze minutos após o início da arruada, prestou declarações aos jornalistas e percorreu alguns metros durante aquela ação de campanha.
Poucos minutos depois de chegar, demonstrou estar a sentir-se mal e foi retirado da ação por elementos da equipa do partido para dentro do carro que tem usado nesta campanha. Foi assistido no local pelo INEM, seguindo para o centro de saúde de Odemira, e depois para o hospital de Santiago do Cacém. Depois de ter realizado exames e análises que afastam suspeitas de algum problema cardíaco, mas, “por precaução”, foi transferido para o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo.

Durante a tarde, o Observador noticiou que a Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve nega que tenham existido incidentes de segurança, nomeadamente envolvendo a comunidade cigana, durante a assistência hospitalar a André Ventura no Hospital de Faro. À SIC, fonte oficial da PSP também referiu que não existe qualquer registo ou comunicação de uma tentativa de invasão, o que contradiz a versão do Chega de que durante a noite em que esteve internado houve quem tentasse “invadir” o estabelecimento hospitalar.
No entanto, o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, não recuou. “As declarações foram claras e André Ventura estava num quarto, sozinho, por questões de segurança”, disse. Atirou ainda aos comentadores e às televisões pelos comentários.
Num estilo diferente, foi a vez do porta-voz do Livre defender a redução do IVA de 23 para 21%, tal como acontece em Espanha, e pedir cautela a quem promete IVA zero, argumentando que este imposto tem de ser negociado a nível europeu. No final de uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa, onde ouviu pedidos de ajuda para baixar os preços dos produtos, Rui Tavares assumiu que o Livre é a favor de baixar o IVA que é o “grande ausente” do discurso sobre fiscalidade em Portugal.
Por sua vez, o secretário-geral do PCP apostou esta quinta-feira nos direitos das mulheres, de quem diz que “não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem”, mas antes de salários e do reconhecimento dos seus direitos. “As mulheres não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem. O que precisam é de condições materiais, de salários, do reconhecimento das suas vidas, dos seus direitos para se emanciparem”, disse Paulo Raimundo, que discursava num almoço na Casa do Alentejo, onde participaram 300 mulheres.
A norte, a coordenadora nacional do BE apelou ao voto no seu partido para forçar o secretário-geral do PS a ceder à proposta de tetos máximos nas rendas, pedindo aos indecisos que rejeitem a “conversa das impossibilidades”.
“Se as pessoas votarem no BE, se nós conseguirmos que toda a gente que quer baixar o preço das casas, que toda a gente que se preocupa com o que está a passar na Palestina vote no BE, a cedência de Pedro Nuno Santos será para termos tetos às rendas”, afirmou Mariana Mortágua, à margem de uma iniciativa para a campanha das legislativas que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Tema quente
O dia depois de domingo
Ao início da manhã, o presidente do PSD chegou a afirmar que fez “tudo o que podia” para que os portugueses votem “por uma maioria que garanta estabilidade” e desdramatizou se os resultados eleitorais não permitirem esse caminho. No entanto, horas mais tarde, já no desfile na baixa do Porto a confiança foi mais forte e garantiu ter a certeza que haverá uma maioria estável.
“Creio que os portugueses e as portuguesas, tranquilamente, com serenidade de um povo que foi sempre muito inteligente e muito profundo na sua avaliação, vão dar as condições de que precisamos para dar as respostas em todas as áreas que as pessoas precisam”, afirmou. Ainda assim, vincou que está apto a governar “qualquer que seja a dimensão da vitória”.
As declarações ocorrem no dia em que o líder da IL criticou quem, entre AD e PS, tem apelado ao voto útil, que considerou ser um “conceito estranho porque é conceito utilizado por aqueles que fizeram muito pouco, para ganhar na secretaria”. E lançou o desafiou a Pedro Nuno Santos para esclarecer se vai ser uma “oposição de bloqueio” ou se vai colaborar com um Governo que integre os liberais. “Na oposição, o PS vai construir, vai permitir que a IL acelere o país, ou vai ser uma oposição de bloqueio?”, questionou.
Com o ‘namoro’ entre a IL e a AD na sombra, o Presidente da República declarou que a sua missão será “pegar nos resultados eleitorais e tentar encontrar a solução de governabilidade melhor ou menos má daquelas que resultem, teoricamente, na prática, do voto portugueses”.
Interrogado se tem feito contactos para aferir possíveis soluções de Governo, o chefe de Estado respondeu: “Não, como imaginam, eu a última coisa que faria era durante a campanha eleitoral estar a ter contactos desses. Os contactos são para ter depois da campanha eleitoral e depois dos resultados eleitorais, porque verdadeiramente decisivo é o povo”.
E é ao povo que Pedro Nuno Santos apelou para que concentre o voto no seu partido. “Não fizemos nada para que estas eleições acontecessem. Chegados aqui vamos ganhá-las”, afirmou o líder socialista, onde esteve rodeado por Fernando Araújo, cabeça de lista do PS pelo Porto, o eurodeputado Francisco Assis e o ex-presidente do parlamento Augusto Santos Silva.
Já de manhã tinha deixado garantias: “Primeiro temos que ganhar as eleições e depois com o parlamento que sair do dia 18 de maio conseguiremos, com certeza, como já conseguimos no passado, o Partido Socialista várias vezes, eu próprio com um papel importante nisso, garantir as condições para que tenhamos um Governo com estabilidade para quatro anos, que é o que nós precisamos”, afirmou.
Enquanto isso, o partido à esquerda que mais tem vocalizado a vontade de seguir para o Governo, assumiu que precisa de crescer no domingo e ter um resultado “que se veja e que os outros vejam” para passar a contar “determinantemente” no tabuleiro político nacional.
“O que é preciso é o Livre aumentar, é o Livre ter um grupo parlamentar, ter um resultado, neste domingo, que se veja e que os outros vejam e que, a partir daí, digam que não é possível sair desta situação sem contar com o Livre”, salientou Rui Tavares durante uma ação de contacto com eleitores no Jardim do Alto de Santo Amaro, em Lisboa.
A figura
Carlos Moedas
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, opôs-se ao pedido de manifestação do partido Ergue-te para sexta-feira, dia da tradicional arruada dos partidos em Lisboa. O pedido do partido liderado por Rui Fonseca e Castro para a praça do Martim Moniz, no encerramento da campanha eleitoral, foi justificado pelo autarca lisboeta pelo parecer da PSP.
Carlos Moedas fundamentou a decisão com o “risco real e fundado de perturbação da ordem pública” e considerou que a manifestação é uma “afronta à dignidade de comunidades residentes em Lisboa e ameaça à convivência democrática”.
Porém, Rui Fonseca e Castro anunciou que o partido irá manter a arruada. “A razão está do nosso lado. Não apenas a razão moral, como a razão legal, jurídica está do nosso lado. Não é o senhor engenheiro Carlos Moedas que nos intimida. Somos capazes de muitos sacrifícios para salvar o nosso país. Amanhã vamos estar no local, com toda a civilidade e urbanidade“, afirmou o antigo juiz em declarações à Lusa.
O líder do Ergue-te argumentou que a iniciativa “não é uma manifestação, é uma arruada, uma ação de campanha”. “Sou presidente de um partido que está a concorrer a estas eleições, estou em plena campanha eleitoral, tenho o direito de exercer a minha liberdade político-partidária onde quer que eu entenda, desde que não ofenda regras como o código penal e, os direitos individuais de cada um”, disse.
A frase
"A democracia é um sistema que encontra sempre saída e, portanto, eu não vou estar aqui a dizer que o país vai acabar na segunda-feira se não houver uma maioria que garanta esta estabilidade. O país não vai acabar.”
A capital
Porto
O Porto foi o centro da ação esta quinta-feira. Como habitualmente, os dois maiores partidos rumaram até à Invicta para uma arruada no penúltimo dia da campanha e, a determinado momento, os apoiantes das duas caravanas até se cruzaram. Cerca das 17h30 horas, o secretário-geral do PS descia a Santa Catarina, enquanto distribuía abraços, beijos e cumprimentos a quem encontrava, recebia flores e mostrava-se confiante numa vitória.
“Estamos à beira de uma vitória e derrotar a AD, mas para isso não dispersem o voto”, afirmou Pedro Nuno Santos, numa arruada mais participada do que a do ano passado em dia de chuva.

Cerca de uma hora depois, foi a vez de a AD desfilar na baixa do Porto com alguns dos ministros de braço dado, como António Leitão Amaro, Paulo Rangel, Miguel Pinto Luz e Joaquim Miranda Sarmento. Luís Montenegro, ao lado da mulher, Carla, disse acreditar que “o povo é sempre muito inteligente” e ter “a certeza que segunda-feira teremos um país com todas as condições de governabilidade”.
Número
314.859
Foi este o número de eleitores que votaram antecipadamente. A afluência dos mais de 333 mil inscritos para esta modalidade no domingo correspondeu a 94,45%, de acordo com dados do Ministério da Administração Interna. Este valor supera a percentagem de eleitores que entre os inscritos votaram efetivamente antecipadamente nas legislativas de 2024: 93,8%.
O número de eleitores inscritos este ano nesta modalidade é o mais elevado de sempre, desde que foi alargada a todos os eleitores a possibilidade do voto antecipado.
Norte-Sul
No penúltimo dia de campanha, a maioria dos partidos concentrou as ações nas grandes cidades. O PS foi o primeiro a percorrer a tradicional rua de Santa Catarina, seguido pela AD uma hora depois. Mas antes, Pedro Nuno Santos visitou a feira de Gondomar e almoçou em Paços de Ferreira. Já Luís Montenegro visitou uma exposição sobre Francisco Sá Carneiro na Câmara Municipal do Porto e almoçou em Gondomar.
À esquerda, o Bloco e o PAN também marcaram presença na Invicta, com Mariana Mortágua a visitar a Faculdade de Letras e Inês Sousa Real a marcar presença na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Já à direita, a IL também andou pela região do Porto: primeiro no Externato de Vila Meã, tendo previsto um um “arraial liberal” no Jardim de Arca D’Água.
A CDU dividiu-se entre o Barreiro (desfile), Lisboa (almoço) e irá terminar o dia num comício em Beja. O Livre visitou o EVOA, um espaço natural e de observação de aves em Vila Franca de Xira, teve uma ação de rua em Alcântara (Lisboa) e irá fechar o dia com um comício no Teatro Thalia, também na capital portuguesa.
Por sua vez, o Chega esteve em arruadas em Odemira e Pegões.
O derradeiro dia de campanha ficará marcado pelas arruadas dos sociais-democratas e dos socialistas em Lisboa. Como tradicionalmente, a AD irá descer o Chiado, às 12 horas, ao qual se seguirá um almoço com mulheres. O comício de encerramento da campanha está marcado para o Campo Pequeno às 18h30.
O PS tem marcado um contacto durante a manhã com a população em Moscavide, mas será a tarde que centrará atenções. Às 13 horas, o almoço está marcado para a Cervejaria Trindade, que será seguido da descida do Chiado às 15h30. A festa de encerramento terá lugar às 19 horas no jardim da sede nacional, no Largo do Rato.
O PAN também optou por ficar em Lisboa, tendo prevista uma caminhada durante a tarde e o jantar de encerramento no Sana Malhoa Hotel. Por seu lado, a IL rumará até Braga depois de uma visita ao mercado municipal de Guimarães. Na capital de distrito de Rui Rocha, o partido tem prevista uma ação durante a tarde e um jantar comício com estudantes.
É também a Norte que estará a CDU, com um desfile durante a tarde no Porto e um comício à noite em Braga. Antes disso, durante a manhã, Paulo Raimundo ainda tem uma ação na Moita. O Porto é também ponto de agenda para o Bloco de Esquerda, onde tem durante a manhã marcado um encontro com voluntários da campanha. A festa de encerramento é será feita no jardim da Avenida Luísa Todi, em Setúbal.
Já Rui Tavares andará por Matosinhos e pelo centro do Porto e fechará o dia com um jantar comício na escola artística Ginasiano, em Vila Nova de Gaia.
* Com Lusa
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