BRANDS' ECOSEGUROS A relevância dos dados nas empresas de seguros
Amplamente considerados “o petróleo do século XXI”, os dados quando corretamente permitem apoiar os processos de tomada de decisão. Contudo, encerram também um conjunto de desafios e armadilhas.
As mais recentes estimativas apontam para uma produção diária de informação na internet de 403 milhões de terabytes. Apesar de nem toda esta informação ser conservada, o stock de dados no final do ano passado foi estimado na ordem dos 149 zettabytes (mil milhões de terabytes), com uma trajetória de acelerado crescimento para o futuro. Esta realidade não será diferente ao nível das empresas, com volumes crescentes de dados armazenados e um potencial significativo de os transformar em informação útil para o desenvolvimento dos seus negócios. Assim, a capacidade de obter, processar e conservar dados de diversas naturezas tem o potencial de criar vantagens competitivas relevantes para as empresas. Para tal, a capacidade de gerar informação e agir sobre ela torna-se fulcral, a que acresce a necessidade de ter em conta eventuais obstáculos técnicos e legais. Neste artigo focamo-nos nos efeitos desta situação para as empresas de seguros.
A capacidade atual de computação e de armazenamento permite um nível de granularidade de superior utilidade para as companhias. As tradicionais análises por ramo e por produto foram sendo pormenorizadas, ajustando-se a características sociodemográficas de tomadores e pessoas seguras e a detalhes sobre os objetos seguros. Com o adequado tratamento, a análise desta informação permite às companhias ajustar as suas estratégias de negócio, definindo políticas de preço, produto e relação comercial que contribuam para o crescimento do negócio e para a melhoria da sua rendibilidade, incluindo mecanismos de prevenção e deteção de fraude. Para o sucesso destas iniciativas, é crucial que se tenha como preocupação a qualidade dos dados desde o momento em que são gerados. Sem a sua correta inserção em sistema face à documentação original, os resultados que daí se obtenham estarão distorcidos e prejudicarão a tomada de decisão, com impacto no negócio e na satisfação do cliente.

Outra das considerações relevantes neste âmbito é a infraestrutura de armazenamento e processamento daquela informação. Com maior ou menor profundidade, as companhias têm procurado soluções remotas e em cloud, as quais lhes permitem maior flexibilidade e segurança a custos tendencialmente mais baixos. Se o volume de dados assim o exigir, estas infraestruturas remotas podem também ser utilizadas para mais rapidamente extrair informação, beneficiando de um processamento mais rápido, devendo ao mesmo tempo ser ponderadas as garantias de segurança em comparação com as soluções on-prem. Por outro lado, ao requerer o envolvimento de terceiros, esta opção exige desenvolvimento de planos de monitorização dos níveis de serviço e recuperação em caso de falha desses prestadores.
Para satisfação e cumprimento dos requisitos legais dos tomadores e pessoas seguras, é necessário atender às suas preocupações em matéria de privacidade. A existência de informação detalhada permite traçar perfis que se deve procurar garantir que, na ótica dos visados, não constitui rastreamento que possa ser visto como excessivo. Para tal, importa que as companhias mantenham políticas claras de tratamento de dados, dando cumprimento sem demora e sempre que aplicável aos direitos de acesso, retificação e eliminação.
Pelo exposto, observamos que a disponibilidade de grandes volumes de informação corresponde a uma mais-valia para as companhias de seguros, requerendo ainda assim dedicação e cuidados para que as conclusões obtidas se reflitam positivamente na atividade. Parece claro que será mais uma área em necessidade de constante adaptação para que as companhias encontrem formas de ajustar a capacidade de armazenamento e processamento de dados à sua geração para que deles se extraia informação que contribua positivamente para a evolução do negócio.
Diogo Santos, Senior Manager EY, Assurance Financial Services
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