Chega ganha emigração e passa a líder da oposição
O PS passa, pela primeira vez na história, a terceira força política com o partido de André Ventura a alcançar o segundo lugar, ao eleger dois deputados no estrangeiro e a AD os restantes dois.
É oficial. O PS passa, pela primeira vez na história, a terceira força política com o partido de André Ventura a subir para segundo lugar e líder da oposição, graças aos votos dos emigrantes. O Chega ganhou dois dos quatro mandatos de estrangeiro, tal como há um ano, e a AD – coligação PSD/CDS elegeu os restantes dois, mais um do que em 2024.
Já os socialistas não conseguiram, de forma inédita, mandato algum, segundo a contagem dos votos que esteve e decorrer esta terça e quarta-feira na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa. No ano passado, o partido de Pedro Nuno Santos ainda tinha segurado um lugar pela emigração, no círculo pela Europa com Paulo Pisco.
Feitas as contas, a bancada da AD de Luís Montenegro passa a ocupar 91 cadeiras no Parlamento, duas quais pela emigração e as restantes 89 pelos círculos nacionais, incluindo os três dos Açores. E o grupo parlamentar do partido de extrema-direita cresce para 60 deputados, 58 escolhidos por eleitores residentes em Portugal e dois no estrangeiro.
Até aos votos dos emigrantes, Chega e PS estavam empatados no número de cadeiras no hemiciclo (58). Agora, o partido de André Ventura descola ao ganhar mais dois assentos e os socialistas mantêm-se reduzidos aos 58.
Desta vez, a AD conseguiu José Manuel Fernandes pela Europa, lugar que tinha falhado no ano passado, e o Chega vai ter novamente José Dias pelo mesmo círculo. No resto do mundo, a AD garante a reeleição de José Cesário e o Chega a de Manuel Magno Alves.
O Chega ganhou os votos da emigração, tanto no círculo pela Europa como por Fora da Europa. Ficou à frente com 26,15% dos votos, seguido pela AD com 16,02% e PS com 13,53%, segundo os dados finais do site da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
Círculo da Europa: Chega dá cinco a três à AD e PS consegue um golo
No círculo da Europa, o Chega venceu em cinco consulados (Bélgica, França, Luxemburgo, Reino Unido e Suíça), enquanto a AD obteve a vitória em quatro (Alemanha, Espanha, e Países Baixos). O PS só conseguiu manter a liderança na mesa dos “restantes países da Europa”.
Na secção do Luxemburgo, pelo círculo da Europa, que foi a primeira a encerrar, o Chega ficou à frente com 31,27% dos votos, seguido da AD com 17,8% e do PS com 11,71%. A IL teve 2,23% dos votos e o PAN 1,17%. Tanto o Chega como a AD – coligação PSD/CDS cresceram em votos face às legislativas de há um ano, quando alcançaram 19,61% e 14,27%, respetivamente. Já o PS viu o seu eleitorado minguar, uma vez que o resultado anterior tinha sido melhor: 12,97%.
A Bélgica, que o PS tinha ganho há um ano perdeu agora, com a vitória do partido de extrema-direita que alcançou com 23,74% de votos, ficando à frente da AD, que teve 16,07% e dos socialistas, que se ficaram pelos 15,11%. O Livre conseguiu o quarto lugar nesta secção consular com 6,4%, seguido da IL com 4,94%. Nas legislativas de 2024, o PS tinha ficado em primeiro com 17,93 dos boletins, seguindo do Chega com 17,36% e da AD com 16,65%.
A AD de Luís Montenegro ganhou a Alemanha, com 19,60% dos votos. O PS perde assim o primeiro lugar de há um ano, ficando agora em segundo, com 18,90% dos votos. E o Chega mantém-se na terceira posição, com 18,80%, mas com uma diferença muito ténue em relação aos socialistas. O Livre sobe para o quarto degrau, que era do BE, com 3,78% dos votos, seguido pela IL com 3,22%. No ano passado, os socialistas tinham vencido com 20,07% dos votos. Em segundo, ficou a AD com 18,08%, seguido pelo Chega com 13% e o BE com 4,01%.
Em França, o PS soma mais uma derrota, ao perder o primeiro lugar, desta vez, para o Chega. O partido de André Ventura ganha este consulado com 28,85% dos votos e os socialistas são derrubados para a segunda posição com 14,41%. Em terceiro, mantém-se a AD, com 12,81%. Nas legislativas de 2024, os socialistas tinham vencido com 18,59%. O partido de extrema-direita estava em segundo, com 16,75%, e a AD em terceiro, com 12,63%.
O Chega repete a vitória na Suíça, mas, desta vez, ganha quase metade dos votos (45,72%), uma subida estrondosa face ao resultado de há um ano, de 32,62%. A AD mantém-se em segundo, com uma ligeira subida dos votos para 13,67%. E o PS, ainda que continue na terceira posição, perde, passando de 11,98% para 8,69%, em comparação com as legislativas de 2024.
O Reino Unido, país onde os socialistas tinham a liderança, passou para as mãos do Chega, que conquistou com 16% dos votos, quando há um ano estava apenas em terceiro lugar, com 10,12%. O PS segue agora na segunda posição com 13,21% e a AD em terceiro com 13,07%.
Nos Países Baixos, a AD vence com 18,65% dos votos a uma curta distância do Chega, em segundo, com 17,24%. O PS, em terceiro, captar 13,77 dos eleitores emigrantes residentes na Holanda.
Em Espanha, a coligação PSD/CDS garante e liderança, com 22,19% dos votos, mas numa disputa renhida com PS (17,55%) e Chega (13,11%). Há um ano, com 24,65%, tinha conseguido uma distância maior face aos socialistas (16,91%) e ao partido de André Ventura (9,38%).
Nos restantes postos consulares da Europa, o PS é a força política vencedora, com 18,05%, atirando a AD para segundo lugar, com 17,92%. O Chega surge logo colado em terceiro, com 16,52%. A distância entre os três encurta-se mais face há um ano e os socialistas, embora tenham passado para a posição cimeira, perderem votos, passando de 2.270, nas legislativas de 2024, para 1.805, nas eleições de 18 de maio deste ano.
Círculo Fora da Europa: AD vence em seis e Chega em apenas um
O grande vencedor no resto do mundo foi a coligação PSD/CDS, que conseguiu ganhar em seis mesas (África, Canadá, EUA, China, e restantes países da América, da Ásia e Oceânia), enquanto o partido de André Ventura só ficou em primeiro lugar no Brasil, repetindo o feito de há um ano.
Nos EUA, pelo círculo Fora da Europa, a AD voltou a ganhar, com 21,62% dos votos, ligeiramente acima do resultado anterior (20,11%). E o Chega mantém-se em segundo, mas ganhou vantagem, ao subir de 11,17% para 17,08%, em comparação com a ida às urnas de há um ano. O PS cresceu residualmente, de 10,89% para 10,96%, permanece confinado na terceira posição.
AD segura ainda a liderança em África, no Canadá e na China. No consulado dos países africanos, Montenegro alcançou 31,90% dos votos, mas o Chega conseguiu subir para o segundo lugar, com 20,35%, atirando assim o PS para a terceira posição, com 16,24%.
No Canadá, o cenário repete-se. A coligação, liderada por Luís Montenegro, consegue garantir o primeiro lugar, com 19,80% dos votos e o partido de André Ventura alcança a segunda posição, com 17,23%, destronando os socialistas que se vêm reduzidos à terceira força política naquele consulado, com 11,78%.
Na China, a AD volta a ganhar, com 33,36% dos votos, mas perdeu pontos para o PS, que alcançou 21,21%, e se mantém na segunda posição. Nesta região, o Chega continua a ter pouca expressão, embora tenha ganho alguma vantagem. Permanece em terceiro lugar, com 6,85% dos boletins, ligeiramente acima dos 5,36% obtidos há um ano.
Já no Brasil, o Chega reforça a primeira posição, com 25,35% dos votos mas sem uma subida significativa face aos 24,61% alcançados na ida às urnas do ano passado. A AD, que permanece em segundo, perde vantagem, ao cair de 20,45% para 15,51%. O PS, em terceiro, também recua de 15,30% para 13,67%.
Nos restantes países da América, a AD consegue segurar a maioria do eleitorado, obtendo 28,28% dos votos. Ainda assim, trata-se de um resultado inferior face às eleições de 2024, quando conquistou 34,46%. O Chega alcançou agora o segundo lugar, com 14,64%, atirando o PS para a terceira posição, com 11,86%.
A última mesa a fechar a contagem dos votos foi a dos “restantes países da Ásia e Oceânia”, com a vitória pela segunda vez consecutiva da AD, com 24,27%, ainda que com perda de votos. Há ano, a coligação de Montenegro tinha tido mais votos, 31,5%. Nestas regiões, o Chega ultrapassou o PS, com 15,71%, contra os 13,37% alcançados pelo PS.
Os votos nulos voltaram a ter uma grande expressão este ano – 32,18% dos votos que chegaram via carta foram anulados, com o sistema de vários envelopes, com o voto e a identificação do eleitor, a ser mais uma vez criticado. Nas legislativas do ano passado, 36,68% tinham sido anulados.
(Notícia atualizada às 22h41)
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