Grupo Mello reforça investimento para 1.500 milhões. Espera clarificação na OPA sobre a Ercros ainda este ano
O Grupo José de Mello fechou 2024 com um crescimento das receitas de 13% para 1.487 milhões de euros. Lucro encolheu 13%. Lítio e OPA em Espanha são prioridades.

O Grupo José de Mello espera novidades ainda este ano sobre a OPA sobre a catalã Ercros e o fecho da aquisição do Hospital Privado do Algarve. Apesar das contrariedades, a aposta de longo prazo na refinação de lítio é para manter.
O presidente executivo, Salvador de Mello, anunciou um aumento da meta de investimento até 2030 para 1500 milhões de euros, durante uma conferência de imprensa realizada esta terça-feira. São mais 500 milhões do que a fasquia anunciada em 2022.
O plano de investimentos estratégicos vai continuar focado em três grandes áreas: a oferta de aquisição (OPA) em curso sobre a espanhola Ercros, a aquisição do grupo Hospital Particular do Algarve, e o desenvolvimento de uma unidade de refinação de lítio, explicou o presidente executivo, Salvador de Mello.
Na OPA de 330 milhões de euros à Ercros, que está ainda em avaliação pela Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência de Espanha, o CEO disse esperar uma “clarificação até ao final do ano”, seguindo-se o “teste do mercado”, com os investidores a serem chamados a venderem os seus títulos na oferta. A operação da Bondalti enfrenta a concorrência da italiana Esseco, que propõe pagar 3,84 euros por ação, acima dos 3,505 euros (após dividendo) da empresa portuguesa.
Salvador de Mello espera também uma decisão lesta da Autoridade da Concorrência portuguesa em relação à aquisição do Hospital Particular do Algarve pela CUF, que em março anunciou um acordo para a aquisição de 75% do Grupo HPA Saúde. “Não estando a CUF no Algarve esperaria que fosse rápido”, afirmou.
Sem uma data concreta para avançar está ainda a refinaria de lítio da Lifthium, que será localizada em Estarreja, como avançado pelo ECO. “Dependerá do licenciamento da fábrica de demonstração e da realização dos acordos comerciais e por isso não conseguimos estabelecer datas concretas”, referiu.
Depois de passar os testes de piloto à tecnologia inovadora da Lifthium, feitos no Canadá, a empresa detida em 15% pela Bondalti e em 85% pelo Grupo José de Mello, vai avançar com a construção de uma fábrica de demonstração em Coimbra. “Tem de passar por processos de licenciamento que são mais morosos do que gostaríamos”, desabafou Salvador de Mello.
O CEO reconheceu que o mercado “está mais desafiante”, mas considerou que “as tendências de eletrificação das frotas continuam lá”. “Continuamos a acreditar que é um projeto que a longo prazo faz sentido”, afirmou, revelando que até ao momento foram investidos 35 milhões de euros.
O ano de 2024 ficou marcado por um aumento de 13% no volume de negócios do Grupo José de Mello, para 1.487 milhões de euros, beneficiando do crescimento das várias unidades de negócio. Já o resultado líquido encolheu 14%, cifrando-se em 95 milhões de euros.
Os resultados beneficiaram do crescimento dos proveitos nas unidades de negócio detidas por si ou onde tem participações relevantes: Bondalti (100%), Brisa (16,7%), CUF (65,85%) e Winestone (100%).
Salvador de Mello afirmou que o grupo não está “exposto diretamente” ao aumento das taxas aduaneiras. “É um tema de preocupação para o mundo, uma grande incerteza sobre o que se vai passar na economia”, mas a “exportação para os EUA não é o principal fator de procura, nomeadamente para Bondalti”, disse, referindo, no entanto, o impacto negativo que a guerra comercial pode ter no crescimento da Europa.
O investimento cifrou-se em 256 milhões, ligeiramente superior ao de 2023, sendo a maioria responsabilidade da CUF, com 107 milhões. A dívida líquida aumentou de 721 para 759 milhões de euros. O grupo contava com 18.028 colaboradores no final de 2024, mais 10% do que no ano anterior.
Salvador de Mello espera Governo reformista
O CEO do Grupo José de Mello foi questionado sobre as expetativas para o novo Executivo na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, afirmando esperar um Governo reformista, dentro e fora de portas.
“O mais importante é que tenhamos agora um Governo que seja reformista e se foque na competitividade do país e da Europa. A Europa atravessa um momento histórico muito relevante e Portugal deve ter um papel ativo na definição de que Europa queremos”, disse Salvador de Mello.
O que é ser reformista? É focar-se na competitividade do país, na atração de investimento para Portugal, na reforma da justiça e no alívio fiscal, que também me parece muito relevante.
“O que é ser reformista? É focar-se na competitividade do país, na atração de investimento para Portugal, na reforma da justiça e no alívio fiscal, que também me parece muito relevante”, sublinhou.
Sobre o crescimento do Chega, o Salvador de Mello considerou que é necessário “respeitar o que é a decisão dos eleitores e perceber as motivações dos eleitores”, apelando à adoção de decisões que deem “resposta às preocupações das pessoas”.
O CEO do Grupo Mello pronunciou-se ainda sobre o impacto do apagão, que qualificou como “algo relevante”, mas “recuperável”, embora não esteja ainda feita a contabilização final. O efeito foi mais severo na CUF, que esteve parada 24 horas.
(Notícia com última atualização às 14h45)
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