BRANDS' ECO Inovação e Re-industrialização: O Imperativo Estratégico para Portugal
Portugal enfrenta um paradoxo: vantagens de custo, mas falta de investimento em inovação. A inovação é essencial para transformar estas vantagens em competitividade.
A indústria europeia está em transformação devido a fatores geopolíticos e económicos. O modelo tradicional perdeu competitividade, com custos de energia elevados e menor investimento em I&D. A Alemanha, por exemplo, viu um aumento significativo nos pedidos de falência, registou 5.209 pedidos de falência nos primeiros três meses de 2024, um aumento de 19,5% no último trimestre de 2024 face ao período homólogo, o maior desde 2009, e um deslocamento de investimentos industriais para fora do país.
Esta dinâmica, juntamente com medidas da UE como o CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras) e o Chips Act (reforço da produção de semicondutores), aponta para uma reorganização industrial que favorece a periferia europeia. Portugal, com custos de eletricidade baixos, energia verde abundante e mão de obra altamente qualificada, está bem posicionado para atrair investimentos. No entanto, o investimento em I&D é crucial para desenvolver uma indústria de alto valor acrescentado. Em 2022, Portugal investiu 1,7% do PIB em I&D, abaixo da média da UE e da OCDE, com uma produtividade industrial inferior.
Portugal enfrenta um paradoxo: vantagens de custo, mas falta de investimento em inovação. A inovação é essencial para transformar estas vantagens em competitividade. Sem uma aposta robusta na inovação, Portugal corre o risco de se tornar apenas um local de produção de baixo custo.

Para impulsionar a inovação, existe um vasto ecossistema de apoio. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) aloca €763 milhões para a componente “Empresas 4.0” e €930 milhões em incentivos não reembolsáveis para as “Agendas para a Inovação Empresarial”. O Portugal 2030 mobiliza €23 mil milhões em fundos europeus, com o COMPETE 2030 a destinar €3.905 milhões à “Inovação e Transição Digital”.
Para que a re-industrialização seja abrangente, é crucial que este capital seja captável e se criem exemplos de modelos replicáveis, de forma a criar um ecossistema de apoio eficaz.
Mas não devemos continuar a investir os recursos disponíveis apenas na aceleração dos modelos de negócio existentes. É crucial identificar novos espaços de oportunidade e desenvolver novos modelos de negócio que aproveitem as disrupções criadas pelas tecnológicas emergentes. Somente assim poderemos garantir um futuro sustentável e competitivo para a nossa indústria.
Acredito que Portugal tem uma oportunidade única para se posicionar na vanguarda da nova era industrial europeia. As vantagens estratégicas são inegáveis, mas é imperativo intensificar o investimento em inovação e I&D. A aposta na digitalização e na Indústria 4.0, aliada à colaboração entre o setor público e privado, é a chave para superar as fragilidades estruturais.
Porque, no século XXI, quem não inova… depende. E quem depende, enfraquece. Portugal têm talento e todas as condições para ser um HUB de Inovação de referência numa Europa em transformação. É tempo de agir com determinação, transformando desafios em oportunidades e consolidando o papel de Portugal no novo mapa industrial europeu.
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