Novobanco planeia lançar IPO na segunda quinzena de junho

Banco liderado por Mark Bourke está a trabalhar no sentido de ter tudo pronto para avançar para a bolsa na segunda quinzena do mês, caso a Lone Star decida enveredar pelo IPO.

O Novobanco está a trabalhar com os assessores no sentido de ter tudo pronto para lançar a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) durante a segunda quinzena deste mês, assim a Lone Star decida avançar com a venda do banco em bolsa, segundo adiantou fonte próxima do processo ao ECO.

O fundo americano — que detém 75% do capital do Novobanco — ainda não tomou uma decisão final, mas o cenário do IPO começa a ganhar força à medida que a venda direta a outro banco parece estar mais longe de se concretizar.

O Novobanco já tem o caminho da bolsa em aberto, depois de os acionistas terem aprovado esta semana a possibilidade de admitir à cotação ações representativas do banco na Euronext Lisbon. O CEO do Novobanco, Mark Bourke, revelou em fevereiro – quando recebeu o mandato da Lone Star para preparar o IPO — que tinha duas janelas temporais para realizar a operação: em junho ou em setembro. Ou seja, os planos iniciais mantêm-se, mas a primeira janela começa a fechar e a obrigar a Lone Star a tomar decisões.

O banco conta com o apoio de várias entidades no IPO: Bank of America, Deustche Bank, JPMorgan Chase BNP Paribas, Jefferies e Keefe, Bruyette & Woods e ainda a Linklaters têm estado a ajudar a equipa de Mark Bourke a organizar a operação nos últimos meses.

Em cima da mesa está a possibilidade de o Novobanco dispersar entre 25% e 30% do seu capital no mercado, naquele que pode ser o maior IPO de um banco europeu na última década. A casa de investimento espanhola JB Capital avaliou o banco português entre 4,8 mil milhões de euros e 6,2 mil milhões. A venda de 25% poderá render mais de mil milhões aos acionistas.

Para avançar com a operação, o Novobanco terá ainda de ter o prospeto aprovado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O processo encontra-se numa fase adiantada de avaliação junto do regulador, segundo avançou o ECO na semana passada.

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Além do IPO, a Lone Star tem explorado a venda direta do Novobanco a outro concorrente. O processo atraiu interessados, incluindo os Caixabank (que detém o BPI) e os franceses do Groupe BPCE (donos do Natixis). Havia ainda uma terceira entidade, não ibérica, a olhar para o banco português, mas acabou por desistir, segundo apurou o ECO. Por cá, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) admitiu publicamente que lhe interessaria a carteira de empresas, mas a separação do Novobanco “seria muito complexa”, referiu Paulo Macedo.

O ECO revelou esta semana que o interesse do Groupe BPCE esmoreceu devido a divergências em relação ao preço. O Natixis tem forte presença em Portugal, mas através de um centro de desenvolvimento tecnológico, ou seja, sem operação retalhista, o que dificultaria a obtenção de sinergias com a integração do Novobanco, observou uma fonte do setor.

Em relação ao Caixabank, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, já manifestou publicamente que se opõe a um negócio que resulte num aumento da presença espanhola na banca portuguesa, que já controla mais de 30% do mercado nacional e passaria para quase metade se o Novobanco fosse comprado por uma entidade do país vizinho. O Estado controla 25% do banco através do Fundo de Resolução e Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Esta quinta-feira, o Diário de Notícias contou que o Governo de Luís Montenegro já informou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e também o CEO do Caixabank, Gonzalo Gortázar, de que não impedirá uma eventual compra do Novobanco por parte do grupo catalão, mas que não veria com bons olhos essa aquisição. Também avisou que não poderá contar com a “boa vontade” das autoridades portuguesas nos procedimentos posteriores à operação, possivelmente em relação a uma provável reestruturação que teria lugar no âmbito de uma fusão com o BPI.

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