Portugália chega aos 100 anos a vender mais de dois milhões de bifes por ano

  • Lusa
  • 7:38

A Portugália faz 100 anos a 10 de junho, centenário que cumpre a vender mais de dois milhões de bifes por ano. Espera faturar 50 milhões em 2026 e recrutar 500 pessoas até 2030.

A cervejaria Portugália é um ícone da cidade de LisboaLusa

A Cervejaria Portugália faz 100 anos em 10 de junho, centenário que cumpre a vender mais de dois milhões de bifes por ano, depois de ter resistido à crise das ‘vacas loucas’ e da pandemia, agora com uma imagem renovada. “Tivemos aqui muitos momentos”, afirma o diretor-geral do Grupo Portugália Restauração, José Carvalho Martins, quando questionado pela Lusa sobre os períodos mais desafiantes da conhecida cervejaria que começou na Almirante Reis, em Lisboa.

“Tivemos momentos em que crescemos de uma loja em Almirante Reis para começar a nossa expansão à volta de 1999”, depois “tivemos a crise das ‘vacas loucas’, tivemos a crise em 2008, 2009, 2012” e mais recentemente a Covid-19, “que foi uma altura muito difícil em que tivemos que interromper a atividade e isso, obviamente, é tudo o que não queremos, é tudo o que os nossos clientes não querem”, prossegue o gestor.

Apesar de ter sido uma “altura muito complicada”, a verdade “é que temos sempre olhado para todos estes desafios com resiliência e com coragem e é isso que nos tem definido e é isso que também tem feito que nos aguentemos e que tenhamos feito 100 anos e que estejamos para mais 100″, assevera José Carvalho Martins.

Questionado sobre a fórmula para que o negócio de uma cervejaria perdure, atendendo a muitas alterações dos hábitos de consumo, o diretor-geral remata: “Tentamos ser fiéis a isso e tentamos não complicar. A verdade é que há muitas tendências e, recentemente, tem havido um surto de tendências e de mudanças no setor”, prossegue.

“Cada vez mais turistas” entre os clientes

Quanto ao perfil do cliente, a empresa sente que este mudou, que “não tem ficado só o português que conheceu a Portugália há décadas”. Começa a ter “cada vez mais turistas que procuram uma experiência autêntica e verdadeira portuguesa”, relata.

No dia em que a Lusa esteve na cervejaria Portugália da Almirante Reis foi possível constatar que, antes de as portas abrirem, já havia algumas pessoas a fazerem fila para entrarem e que havia uma variedade de clientes, de várias faixas etárias e nacionalidades.

“Sim, [temos clientes] mais jovens, um dos objetivos do rebrand [renovação da imagem] foi também voltar-nos a aproximar a camadas mais jovens e temos visto cada vez caras mais jovens sem ver necessariamente menos caras das mais familiares que já conhecemos”, afirma o gestor.

A cervejaria Portugália da Almirante Reis é um ícone quer para o grupo, quer para a própria história de Lisboa. O espaço serviu de palco para a “Canção de Lisboa”, com Vasco Santana, um clássico do cinema português.

Embora “tenhamos mudado algumas coisas aqui na arquitetura da loja [da Almirante Reis], mantivemos aqui muitos elementos mais históricos que nos deram essa homologação”, explicou.

Com o rebranding, a loja da Almirante Reis surge também com novos azulejos, mantendo a tradição da ligação à Viúva Lamego. “Os novos também são Viúva Lamego”, aponta José Carvalho Martins, referindo que estes são da autoria “de um artista contemporâneo que é o Aka Corleone” que compõe uma festa com várias personagens.

Dois milhões de bifes (e ovos) por ano

Atualmente, a Portugália está a vender dois milhões de bifes por ano, diz. A que se soma “mais ou menos dois milhões de ovos, porque um bife sem ovo não é bem um bife”, comenta.

No que respeita aos croquetes, que também são uma imagem de marca da cadeia, o grupo vende anualmente “à volta de um milhão”, um número equivalentes ao número de imperiais.

Ao fim de 100 anos, a ambição é ter as cervejarias cheias e atrair “cada vez mais” clientes e que estes saiam “satisfeitos, divertidos, e que voltem muitas vezes”, disse.

Aliás, “a verdade é que temos visto que com várias etapas da vida da empresa e da marca, temos tido clientes diferentes, clientes em zonas diferentes do país, mas a vontade é que com este rebranding – algumas mudanças que fizemos sem desvirtuar o conceito – cada vez mais pessoas venham cá e cada vez mais pessoas conheçam esta experiência e que gostem dela, que é o mais importante”, remata.

A Portugália vende mais ou menos dois milhões de ovos, porque um bife sem ovo não é bem um bife.

José Carvalho Martins

Diretor-geral do Grupo Portugália Restauração

Atualmente, a Portugália tem em gestão própria 15 lojas, entre as de rua e as de centro comercial. “Depois em franchising temos neste momento 24 lojas espalhadas pelo país”, detalha o gestor.

No grupo “temos também depois outras marcas, temos a Brasserie, com seis lojas, temos a Ribadouro com uma loja, a Trindade com outra e o Segundo Muelle com outra”. A meta do grupo é abrir 25 lojas Portugália até 2030.

O rebranding teve um ano e meio de planeamento e começou a ser executado há exatamente um ano, quando a Portugália cumpria 99 anos, na loja da Almirante Reis. Contempla um novo logótipo, produtos novos, fardas novas e metodologias novas de trabalho, relata o responsável.

Doze das lojas sob gestão do grupo já estão remodeladas, faltam três até ao final do ano. Quanto aos ‘franchisados’, estes estão a meio da remodelação.

A Portugália está a vender mais de dois milhões de bifes e ovos por anoANTÓNIO COTRIM/LUSA

Grupo espera ultrapassar 50 milhões em faturação em 2026

O diretor-geral do Grupo Portugália Restauração diz ainda, em entrevista à Lusa, que espera ultrapassar os 50 milhões de euros de faturação em 2026, adiantando que as cervejarias remodeladas estão a crescer “acima dos 15%”.

Questionado sobre a faturação, o gestor começa por dizer que na “velocidade cruzeiro” gostaria de chegar “perto dos 50 [milhões de euros]”. Fasquia essa que está próxima, porque no ano passado, diz, “com todas as remodelações” atingiram “à volta dos 45” milhões de euros.

“Este ano já contamos chegar muito perto dos 50 [milhões], ainda temos obviamente muitas interrupções este ano [devido à remodelação das lojas], mas contamos também chegar muito perto dos 50 e o ano que vem já com as lojas todas abertas (…) passarmos essa fasquia”, admite o diretor-geral.

O negócio em 2024 correu bem, acrescenta, apesar do encerramento de muitos restaurantes Portugália para obras de remodelação. “O que estamos a ver é que desde que abrimos as lojas a recetividade dos clientes tem sido espetacular”, prossegue, adiantando que, este ano, “estão a crescer acima de 15%”.

Portugália quer contratar 500 pessoas até 2030

“A ideia é continuar a apostar na marca Portugália, apostar também na marca Brasserie e, portanto, para isso contamos contratar 500 pessoas” até 2030, adianta, admitindo a dificuldade em contratar pessoal para a restauração.

José Carvalho Martins assume a dificuldade em contratar pessoal. “Não gosto de ser o derrotado e o derrotista que canta a mesma canção que toda a gente canta”, mas “é obviamente difícil, cada vez menos pessoas querem trabalhar na restauração, é uma profissão que é desafiante, é exigente, mas a verdade é que da mesma forma que olhamos para todos os desafios com uma mentalidade de resolver problemas, temos que olhar para esta”.

Para o gestor, é preciso “criar condições para que as pessoas se sintam mais à vontade”, melhorando processos para que o trabalho seja mais focado no cliente do que nos temas administrativos.

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