Javier Tebas: «Não foi acordado nada com as ligas nacionais sobre o Mundial de Clubes, quando isso afeta as nossas competições»

  • Servimedia
  • 11 Junho 2025

O presidente da LALIGA, Javier Tebas, diz estar "preocupado com o futuro do futebol. Fundamentalmente, pela irrupção de novas competições, pela fraude audiovisual e pela governação".

Tebas participou em Bruxelas na sessão «Para onde vai o futebol?», realizada no Parlamento Europeu, um encontro que contou também com representantes da UEFA, da ECA (European Club Association), da Série A italiana e representantes das instituições da União Europeia, e no qual o dirigente abordou os desafios mais relevantes que a indústria do futebol tem pela frente.

Desta forma, o máximo dirigente da entidade patronal do futebol profissional espanhol colocou o foco na fraude audiovisual, uma luta em que a organização está imersa desde 2013 e que combate através do uso de diferentes ferramentas tecnológicas para detetar emissões ilegais. «Piratear é roubar. Não se pode justificar que por 35 euros por mês se possa roubar um produto que impulsiona uma indústria que cria centenas de milhares de empregos”, afirmou Tebas.

O dirigente também salientou que “à pergunta se o futebol deve ser gratuito, é impossível, porque a indústria não se sustentaria. Mesmo com os preços que se pagam hoje, vemos que os clubes perdem dinheiro. É inviável e é um problema de fair play». Além disso, comentou que atualmente «não temos um mercado publicitário de marcas globais na Europa, que é de onde vem o dinheiro, suficiente para poder pagar o futebol em aberto. Se quisermos assim, perder-se-ão postos de trabalho, baixarão os salários dos jogadores e outros salários de indústrias adjacentes ao futebol, sejam jornalistas, televisões, hotelaria ou retalho».

Durante a intervenção, Tebas enfatizou outros assuntos candentes, como o surgimento de novas competições. A Superliga, criada pela A22, é um exemplo disso. A este respeito, o presidente da LALIGA advertiu que a criação de competições «põe em perigo a verdadeira indústria, que são as competições nacionais, onde há muitos jogadores e clubes que não disputam competições europeias ou mundiais, e que podem desaparecer ou diminuir muito a sua capacidade de receitas e, portanto, os seus jogadores vão receber menos. Estas mudanças estão a favorecer uma minoria de clubes e isso vai contra o modelo europeu do desporto».

Aproveitou também a sua intervenção para criticar a saturação do calendário, com especial ênfase no Mundial de Clubes, que começa em breve. «Temos aqui um Mundial de Clubes sobre o qual não fomos consultados, não foi acordado nada que afete as nossas competições. Temos aqui alterações nas datas de incorporação de jogadores que a FIFA fez unilateralmente. Não consultou nem acordou com as ligas nacionais. Fazem-nos calendários, impõem-nos competições sem acordar com as ligas nacionais, que são as que sofrem os danos», salientou Tebas, que acrescentou: «Defendemos a competição e a indústria em geral. Na minha liga, tenho o Real Madrid, mas também tenho o Getafe. E preocupo-me tanto com o Real Madrid como com o Getafe».

Nesse sentido, Tebas concluiu apontando, como um dos desafios que o futebol tem pela frente no futuro, a necessidade de «mudar a forma de governar. Houve uma decisão importante – do TJUE – que alertou para o monopólio da UEFA e da FIFA, e devem ser tomadas decisões para ter processos regulamentares adequados, não discriminatórios, e chegar a um acordo com as partes que intervêm na indústria do futebol, como as ligas ou os jogadores».

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