Israel ataca televisão pública iraniana e retira tropas de Gaza para fronteiras com Egito e Jordânia
Ataque israelita interrompeu temporariamente a emissão da Islamic Republic of Iran News Network (IRINN), tendo a apresentadora, em direto, abandonado o estúdio cheio de fumo. Veja as imagens.
Esta segunda-feira, vários mísseis israelitas atingiram a televisão pública iraniana, após as Forças de Defesa de Israel terem emitido uma ordem de evacuação para os civis em Teerão, avança o Financial Times.
O ataque interrompeu temporariamente a emissão da Islamic Republic of Iran News Network (IRINN), tendo a apresentadora abandonado o estúdio cheio de fumo, como se vê nos vídeos que estão a ser divulgados nas redes sociais.
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Após alguns minutos fora do ar, a televisão estatal retomou a emissão, assumindo que Israel estava a tentar “silenciar a voz da verdade”. Segundo a CNN, a emissora já afirmou que todos os seus programas “estão a ser retomados em direto sem qualquer interrupção”.
Esta segunda-feira, o exército israelita realizou um novo ataque aéreo no oeste de Teerão, contra alegados alvos militares iranianos, após ter emitido um aviso aos civis de retirada das zonas visadas, zona onde se encontrava a televisão pública iraniana.
As defesas antiaéreas iranianas foram ativadas no seguimento de ataques a oeste da capital iraniana, especificamente nas zonas montanhosas de Bagheri e Chitgar, segundo a agência de notícias estatal ISNA.
O porta-voz do Exército israelita em língua persa, Kamal Penhasi, tinha publicado pouco antes um alerta nas redes sociais para os residentes do terceiro distrito de Teerão, instando-os a abandonar a zona de imediato por razões de segurança.
“Nas próximas horas, o Exército israelita vai operar nesta área para atacar a infraestrutura militar do regime iraniano, como tem feito nos últimos dias em Teerão”, afirmou na rede X.
Esta é a primeira ordem de retirada emitida para civis no Irão, numa repetição de uma estratégia já usada na Faixa de Gaza e no Líbano.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, afirmou que a emissora estatal iraniana (IRIB) estava “à beira do desaparecimento” depois de o Exército ter emitido um alerta de evacuação para a zona em redor da sua sede, no nordeste de Teerão. “O porta-voz da propaganda e incitação iraniana está à beira do desaparecimento. A retirada dos residentes próximos já começou”, declarou Katz em comunicado.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram que dois outros altos oficiais militares iranianos foram mortos no domingo em consequência dos bombardeamentos contra a sede dos serviços de informação da Guarda Revolucionária em Teerão. Em concreto, os militares israelitas anunciaram as mortes de Mohsen Bakri, chefe do departamento de Informações da Força Quds, e do seu adjunto, Abu al-Fald Nikuei.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já tinha dado conta da morte de outros dois altos oficiais de informações da Guarda Revolucionária, Mohamed Kazemi, e o seu adjunto, Hassan Mohaqeq.
Israel retira tropas de Gaza para fronteiras com Egito e Jordânia
Também esta segunda-feira, Israel anunciou ter transferido tropas que combatiam o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza para as fronteiras com Egito e Jordânia, numa altura em que se agrava o conflito com o Irão.
Quatro divisões que estavam destacadas na Faixa de Gaza, incluindo unidades de paraquedistas e forças especiais, foram deslocadas da cidade de Khan Yunis para outras zonas, disseram as Forças de Defesa israelitas.
Milhares de militares israelitas continuam a combater o Hamas em Gaza, numa frente de guerra em que já morreram mais de 55.400 pessoas, segundo o movimento islamita responsável pelo pior ataque em solo israelita de sempre, em que foram mortas mais de 1.200 pessoas e raptadas mais de duas centenas no dia 7 de outubro de 2023.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram que continuam na campanha de “eliminação de membros do Hamas em Gaza”, destruindo infraestruturas do movimento considerado terrorista pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, sobretudo a rede de túneis construída no subsolo da Faixa de Gaza.
Com a movimentação de tropas, os israelitas vão triplicar as forças presentes na fronteira oriental com a Jordânia, enquanto a 80.ª divisão vai reforçar a fronteira com o Egito, a sudoeste.
Os militares israelitas continuam a manter posições defensivas contra “potenciais ameaças” provenientes do Líbano e da Síria, a norte. A guerra entre Israel e o Irão foi desencadeada na madrugada de 13 de junho por bombardeamentos israelitas contra instalações militares e nucleares iranianas, matando lideranças militares, cientistas e civis.
Entre os mortos, contam-se pelo menos 15 oficiais superiores, confirmados por Teerão, incluindo o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Mohamad Hossein Baqari, o comandante-chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, e o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, general Amir Ali Hajizadeh.
O Irão retaliou com centenas de mísseis direcionados às cidades de Telavive e Jerusalém. O conflito já fez dezenas de mortos e centenas de feridos de ambos os lados.
Trump avisa Teerão para negociar “antes que seja tarde demais”
O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse esta tarde que o Irão está disposto a negociar e que pediu a Teerão para se sentar à mesa de negociações “antes que seja tarde demais”.
“Eles querem negociar, mas deviam tê-lo dito antes. Eu acho que o Irão não está a ganhar esta guerra e que deve negociar imediatamente, antes que seja tarde demais”, defendeu Trump.
O Presidente dos EUA lembrou ainda que sempre apoiou Israel. “Há muito que os apoiamos fortemente. E Israel está a sair-se muito bem agora”, acrescentou o líder norte-americano.
Quando oi questionado pelos jornalistas sobre se os Estados Unidos se envolveriam militarmente neste conflito, Trump ignorou a questão. “Não quero falar sobre isso”, limitou-se a dizer o Presidente norte-americano.
Trump fez estas declarações em Kananaskis, nos arredores de Calgary, no Canadá, onde participa na cimeira do G7.
Ministro israelita ameaça prender jornalistas que filmem zonas atingidas
Por outro lado, o ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben Gvir, acusou esta tarde a imprensa internacional de “pôr vidas israelitas em perigo” com a cobertura dos ataques iranianos e ameaçou prender quem recolha imagens em zonas atingidas.
Numa visita à cidade de Petah Tikva, atingida por mísseis disparados pelo Irão, o ministro de extrema-direita ameaçou os “meios de comunicação estrangeiros” que “favorecem expressões de apoio aos ataques iranianos”, em declarações recolhidas pelo jornal Times of Israel.
Indicou que a polícia “vai perseguir” quem esteja a gravar nos lugares onde tenha havido ataques, uma vez que permitem aos iranianos “dirigir melhor os seus ataques”.
“Mostrar onde caíram os mísseis em território israelita é um perigo para a nossa segurança e espero que os que transmitam desses locais sejam tratados como ameaças à segurança”, disse Ben Gvir, acrescentando que já falou com as forças policiais e com os serviços de inteligência israelitas (Shin Bet).
Indicou que os jornalistas que estiveram em locais atingidos “não são da Al-Jazeera [Qatar] ou da Al-Mayadeen [Líbano], mas de canais de televisão estrangeiros, que não têm qualquer proibição de atuação, a não ser que violem as regras ou a censura”.
Ambas as cadeias noticiosas árabes estão proibidas em Israel desde os ataques do movimento islamita palestiniano Hamas, decisão que o Governo israelita alega por razões de segurança.
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