Fed ignora Trump e mantém taxas de juro inalteradas no intervalo 4,25%-4,5%

A Reserva Federal norte-americana (Fed) voltou a manter inalteradas as Fed Funds pela quarta reunião seguida, como era largamente antecipado pelos analistas e pela generalidade do mercado.

A Reserva Federal norte-americana (Fed) decidiu manter as taxas de juro no intervalo entre 4,25% e 4,50% pela quarta reunião consecutiva do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), confirmando as expectativas amplamente consensuais dos mercados financeiros.

Segundo dados da plataforma CME FedWatch Tool, os traders de taxas de juro apontavam para uma probabilidade de 99.9% de a Fed não mexer nas taxas de juro, ao mesmo tempo que continuam a antecipar que o banco central só venha a mexer nas Fed Funds em setembro ou depois disso.

A decisão, anunciada esta quarta-feira após dois dias de deliberações, prolonga uma pausa iniciada em janeiro, após o banco central ter reduzido as taxas num total de 100 pontos base na reta final do ano passado. Em comunicado, o FOMC revela que a decisão foi feita por unanimidade pelos 12 membros do comité de política monetária da Fed, demonstrando que o consenso que existe dentro do comité de política monetária do FOMC relativamente à estratégia atual.

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A decisão surge num contexto de crescimento económico da economia americana, mas com inflação ainda acima do objetivo de 2%. No comunicado divulgado, o FOMC reconhece que “os indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”, embora admita que “a inflação permanece algo elevada”.

Enquanto tivermos o tipo de mercado de trabalho que temos e a inflação a descer, o certo a fazer é manter as taxas (…) o mercado de trabalho não está a clamar por uma redução das taxas de juro.

Jerome Powell, presidente da Fed

Conferência de imprensa de 18 de junho 2025 no seguimento da reunião do FOMC

Sobre o caminho futuro, apesar de os membros do FOMC manterem a previsão de cortes de 50 pontos base nas Fed Funds ainda este ano, Jerome Powell, presidente da Fed, no decorrer da conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão, referiu que “ninguém tem grande convicção nas projeções da trajetória das taxas”, destacando que “podemos defender qualquer uma das trajetórias das taxas nas projeções, mas sublinhou que, “provavelmente, chegaremos a um ponto em que os cortes nas taxas serão apropriados.”

Porém, Jerome Powel salientou que “enquanto tivermos o tipo de mercado de trabalho que temos e a inflação a descer, o certo a fazer é manter as taxas”, sublinhando inclusive que “o mercado de trabalho não está a clamar por uma redução das taxas de juro.” Além disso, salientou que “em comparação com setembro de 2024, quando reduzimos as taxas, a previsão de inflação para o ano atual é de uma inflação mais elevada devido às tarifas.”

O banco central americano mantém uma avaliação positiva do estado da economia, destacando que “a taxa de desemprego permanece baixa” e que “as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”. Esta avaliação contrasta com algumas preocupações manifestadas por analistas sobre um possível abrandamento económico, mas o FOMC prefere aguardar por mais dados antes de alterar o rumo da política monetária.

A instituição liderada por Jerome Powell sublinha ainda no seu comunicado que “a incerteza sobre as perspetivas económicas diminuiu, mas permanece elevada”, refletindo as dúvidas que ainda pairam sobre o impacto das políticas da administração Trump, nomeadamente as tarifas comerciais, na evolução futura dos preços.

Paralelamente à manutenção das taxas de juro, a Fed confirmou que “continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos hipotecários garantidos por agências”.

O comité de política monetária da Fed reafirmou também o seu compromisso com os objetivos de “alcançar o máximo emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo”, acrescentando que “o Comité está atento aos riscos de ambos os lados do seu duplo mandato”. Esta linguagem equilibrada sugere que a Fed está preparada para atuar em qualquer direção, dependendo da evolução dos dados económicos.

Para futuras decisões, o banco central indica que irá “avaliar cuidadosamente os dados que forem chegando, as perspetivas em evolução e o equilíbrio de riscos” antes de considerar “a extensão e o momento de ajustamentos adicionais ao intervalo-alvo das Fed Funds”. Para Jerome Powell, “tomaremos uma decisão mais inteligente se esperarmos alguns meses”, referiu o presidente da fed na conferência de imprensa.

Paralelamente à manutenção das taxas de juro, a Fed confirmou que “continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos hipotecários garantidos por agências”. Esta política de redução gradual do balanço, iniciada há vários meses, visa normalizar as condições monetárias após o período de estímulos extraordinários implementados durante a pandemia.

Os mercados reagiram com moderação à decisão, que estava já largamente descontada pelos investidores, com os principais índices norte-americanos a manterem o mesmo comportamento de alta que estavam a registar antes do conhecimento da decisão da Fed, enquanto as yields das obrigações soberanas dos EUA permanecerem a corrigir ligeiramente.

Porém, assim que arrancou a conferência de imprensa de Powell o comportamento das ações e das obrigações inverteu, com o índice acionista S&P 500 a passar de uma valorização acima de 0,8% para chegar a negociar em terreno negativo.

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