Fed revê em alta projeções para inflação e corta crescimento do PIB dos EUA para este ano

Banco central dos EUA coloca a inflação nos 3% este ano, enquanto o PIB deverá crescer apenas 1,4%. Enquanto isso, a Fed continua a prever cortes de 50 pontos base das Fed Funds este ano.

No seguimento da decisão anunciada esta quarta-feira de manter as Fed Funds inalteradas, o banco central dos EUA reviu também em baixa as suas previsões para a economia dos EUA, num cenário que alguns analistas descrevem como “modestamente estagflacionário”.

De acordo com o comunicado divulgado esta quarta-feira, os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) continuam a prever cortes nas taxas de juro na ordem dos 50 pontos base até ao final deste ano, mantendo assim a projeção feita em março.

No entanto, a Fed reduziu significativamente o ritmo de cortes previstos para 2026, apontando agora para uma redução de apenas 25 pontos base, quando anteriormente projetava cortes de 50 pontos base para o próximo ano. Esta revisão sugere um prolongamento da batalha contra a inflação e um caminho mais lento para o regresso à meta de 2%.

A Fed elevou as suas previsões para a inflação, antecipando agora que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) atinja os 3% no final de 2025, um aumento significativo face aos 2,7% projetados em março.

As novas projeções económicas revelam um abrandamento mais acentuado do crescimento do PIB norte-americano, que deverá ficar-se pelos 1,4% em 2025, uma revisão em baixa face aos 1,7% previstos em março. Este ajustamento reflete as crescentes preocupações com o impacto das tarifas impostas pela administração Trump e as incertezas geopolíticas que continuam a pairar sobre a economia global.

Simultaneamente, a Fed elevou as suas previsões para a inflação, antecipando agora que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) atinja os 3% no final de 2025, um aumento significativo face aos 2,7% projetados em março. “As expectativas de inflação a curto prazo aumentaram recentemente”, referiu Jerome Powel, presidente da Fed no decorrer da conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão do FOMC.

Apesar de o presidente da Fed notar que “a incerteza económica diminuiu, mas continua a ser elevada”, tanto a revisão em alta da inflação como a revisão em baixo do PIB refletem as preocupações da Fed com o impacto inflacionário das novas tarifas sobre produtos importados e a recente subida dos preços do petróleo devido às tensões no Médio Oriente.

“Estamos a começar a ver alguns efeitos das tarifas” referiu Jerome Powell, sublinhando ainda que “esperamos mais nos próximos meses”, apontando ainda para que “vamos aprender mais sobre tarifas durante o verão.”

Quanto ao mercado laboral, a autoridade monetária norte-americana prevê agora uma taxa de desemprego de 4,5% até ao final do ano, ligeiramente acima dos 4,4% anteriormente projetados em março. Este aumento, ainda que modesto, sinaliza um esperado enfraquecimento do mercado de trabalho, consistente com o abrandamento da atividade económica.

Estas revisões das projeções económicas surgem num contexto de crescente pressão política, com o presidente Donald Trump a criticar duramente o presidente da Fed, Jerome Powell, chegando mesmo a chamá-lo de “estúpido” e “politizado”, poucas horas antes do anúncio da decisão.

Apesar destas pressões, a Fed mantém a sua postura cautelosa, sinalizando que continuará a monitorizar atentamente os dados económicos antes de avançar com qualquer corte nas taxas de juro.

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