“Modo de espera” pela reação iraniana provoca reações tímidas nos mercados
O preço do petróleo atenuou a subida, as ações europeias registam quedas leves e as dos EUA até poderão abrir a subir, segundo os futuros. O mundo e o mercados aguardam a resposta do Irão.
O Irão reagiu esta segunda-feira ao ataque norte-americano às instalações nucleares, mas, por enquanto, foi só através de palavras. Atirou mais para a frente “operações poderosas e orientadas” e deixou os investidores em modo de espera, com os principais ativos globais a demonstrarem reações tímidas.
“As reações iniciais do mercado às notícias do fim de semana sobre os ataques dos EUA ao Irão não foram tão significativas como alguns antecipavam”, afirmaram os analistas do britânico Lloyds Bank.
“Embora o preço do petróleo tenha subido acentuadamente na abertura, com o Brent a começar em 81,40 dólares por barril, contra 77,42 dólares no fecho de sexta-feira, desde então voltou para cerca de 78 dólares”, sublinharam. Às 11h37, essa tendência já se tinha acentuado, com o barril de Brent – referência do crude para a Europa – a negociar nos 77,39 dólares.
No mercado cambial, o dólar americano teve uma apreciação esperada, referiram os analistas do banco de investimento neerlandês ING. Vincaram, contudo, que “os movimentos ainda parecem bastante pequenos, o que sugere uma relutância persistente em desfazer posições estratégicas curtas em dólares, bem como esperanças do mercado de uma potencial desaceleração [no conflito]”.
O índice dólar que mede a moeda norte-americana face a seis das principais moedas mundiais sobe 0,28% para 99,195. O Euro segue praticamente inalterado face ao dólar, nos 1,1470.
Para os analistas do ING, os mercados financeiros “estão atualmente à espera da resposta iraniana”, mas explicam que olhando mais para a frente, uma das grandes questões é se, com o escalar do conflito o dólar poderá recuperar a atratividade com ativo de porto seguro. Salientaram, inclusive, que em termos de “fuga para a segurança” é notável o escasso impacto nas obrigações até agora.
Desde os primeiros ataques até de Israel ao Irão a 13 de junho, “a reação do mercado mostrou um movimento mínimo em direção aos tradicionais portos seguros — nem os títulos do Tesouro [americano], nem os Bunds [alemães], nem os mercados de taxas em geral registaram entradas significativas“, notaram.
“Se a situação se tornar dramaticamente mais sinistra nos próximos dias, deve haver uma maneira de reverter essa situação e fazer com que o dinheiro saia dos ativos de risco e vá para as obrigações“, adiantaram.
Nesse sentido, esta segunda-feira os ativos de risco, nomeadamente em bolsa, seguiam em queda, mas com desvalorizações limitadas. O Euro Stoxx 50, índice que agrega as principais ‘blue chips‘ do Velho Continente, recuava 0,07%, enquando o alemão DAX perdia 0,26% e o francês CAC40 0,36%.
Em Lisboa, o índice PSI recua 0,70%, ficando atrás apenas do italiano FTSE MIB, que cede 0,74%. As ações da Galp Energia, avançam 0,51% para 15,825 euros cada com a possibilidade de o preço de petróleo voltar a subir.
A mesma lógica está a levar a subidas nos futuros dos índices de Wall Street, com os do Dow Jones a avançarem 0,09%, os do S&P 500 0,23% e os do tecnológico Nasdaq 0,28%. Na negociação pré-mercado, as ações das petrolíferas Chevron e Exxon ganham 0,8% e 1,1% respetivamente.
Estreito de Ormuz é crucial
O momento de espera é também de nervosismo. “A natureza e o momento da resposta do Irão, ainda desconhecidos, podem alterar significativamente as reações do mercado ao longo do dia de hoje e da próxima semana”, referiram os analistas do LLoyds.
“Pode haver uma sensibilidade particular nos mercados de energia se o acesso ao Estreito de Ormuz for interrompido, dada a sua importância como rota de transporte de petróleo”, sublinharam.
Para os analistas do ING, com os recentes acontecimentos, o cenário mais grave tornou-se mais provável: “interrupção do transporte marítimo através do Estreito de Ormuz, um ponto crucial para os fluxos globais de petróleo e GNL, com um quarto do comércio marítimo de petróleo a passar pelo estreito. Aproximadamente 20% do comércio global de GNL também passa pelo estreito”.
“E mesmo que haja margem para que alguns fluxos sejam desviados, um bloqueio efetivo do Estreito de Ormuz levaria a uma mudança dramática nas perspetivas para o petróleo, empurrando o mercado para um profundo défice”, referiram, explicando que a capacidade de produção excedente da OPEP não ajudaria nesta situação, uma vez que a maior parte dela se encontra no Golfo Pérsico. “Assim, esses fluxos também teriam de passar pelo Estreito de Ormuz”.
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