90% de melhoria do padrão endometrial em mulheres com patologias, graças ao plasma rico em plaquetas do sangue do cordão umbilical, segundo um estudo apresentado no Congresso da ESHRE
Este estudo indica que o plasma rico em plaquetas alogénico do sangue do cordão umbilical de um dador pode regenerar o endométrio atrófico, fino ou o endométrio afetado pela síndrome de Asherman.
Paris acolheu a 41ª edição do Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), uma das mais importantes reuniões científicas internacionais no domínio da fertilidade e da reprodução assistida, onde foi apresentado um estudo que revela uma melhoria de 90% no padrão endometrial em mulheres com patologias graças ao plasma rico em plaquetas do sangue do cordão umbilical.
Com a participação de especialistas, investigadores e profissionais de saúde de todo o mundo, este congresso tornou-se o palco para a apresentação dos avanços mais relevantes e promissores da medicina reprodutiva. Neste âmbito, foi apresentado um estudo pioneiro que abre uma nova via para reduzir a infertilidade feminina relacionada com patologias endometriais.
A investigação, desenvolvida por uma equipa de especialistas e apresentada no congresso, avalia a utilização de plasma rico em plaquetas (PRP) alogénico – ou seja, derivado de um dador – do sangue do cordão umbilical como tratamento para regenerar o endométrio atrófico, fino ou afetado pela síndrome de Asherman.
Ao contrário do PRP autólogo, que é retirado da própria paciente e tem sido amplamente utilizado na medicina regenerativa, o PRP alogénico derivado do sangue do cordão umbilical contém uma maior concentração de fatores de crescimento e tem potentes propriedades anti-inflamatórias. Estas características tornam-no particularmente adequado para regenerar tecidos danificados e facilitar um ambiente ótimo para a reparação do endométrio, um revestimento crítico para uma implantação bem sucedida do embrião.
O estudo clínico envolveu a administração intra-uterina deste PRP em mulheres com patologias endometriais que impedem o crescimento normal do revestimento uterino, como o endométrio fino ou atrófico e a síndrome de Asherman, uma doença que gera aderências internas uterinas. Após o tratamento, observou-se um crescimento endometrial significativo em todos os casos, tanto em termos de espessura como de qualidade do padrão do tecido.
Uma das descobertas mais impressionantes é que 90% das pacientes que inicialmente tinham um endométrio não trilamelar – considerado não funcional e não recetivo à implantação – fizeram a transição para um padrão trilamelar funcional após o tratamento com PRP do cordão umbilical. Este padrão trilaminar é indicativo de um endométrio saudável e recetivo, ideal para a nidificação do embrião e o desenvolvimento de uma gravidez saudável.
A Dra. Irene Cervelló, investigadora principal e autora do estudo, sublinha a importância destes resultados: “A possibilidade de utilizar PRP alogénico com maior potencial regenerativo e propriedades anti-inflamatórias representa uma verdadeira esperança para as pacientes com patologias endometriais que sofrem de infertilidade e para as quais os tratamentos convencionais, como a terapia hormonal, não são suficientes”.
Este ensaio clínico, aprovado pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde (AEMPS), foi realizado no Hospital La Fe e no IVI Valencia. Para além de verificar a segurança viral e a compatibilidade sanguínea entre dadores e recetores, o acompanhamento incluiu avaliações da espessura e do padrão do endométrio antes e depois do tratamento, mostrando melhorias substanciais.
A utilização de plasma rico em plaquetas alogénico do cordão umbilical está a emergir como uma estratégia terapêutica regenerativa promissora para tratar doenças uterinas relacionadas com a infertilidade, marcando um passo significativo no sentido de novas soluções para mulheres com dificuldades reprodutivas.
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