Gonçalo Castel-Branco: “Achava que ia aprender mais a servir cafés na campanha do Obama do que cá a ser consultor do governo”

  • ECO
  • 8:00

De aluno rebelde a um sucesso no mundo do marketing, Gonçalo Castel-Branco identifica-se como um bom contador de histórias e é o mais recente convidado do podcast "E Se Corre Bem?".

Gonçalo Castel-Branco, produtor e CEO da LOHAD, é o 37º convidado do podcast “E Se Corre Bem?”. Com um percurso marcado pela expulsão de todas as escolas que frequentou, o CEO explica como o “empurrão” da mãe, que o obrigou a trabalhar, o ajudou a construir o seu percurso profissional de sucesso.

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“Sempre fui mau aluno. A escola nunca foi um lugar que puxasse as minhas melhores qualidades. Então, como era mau aluno, distraía-me e fazia asneiras”, explicou, ao mesmo tempo que acrescentou que, quando foi expulso da quarta escola que frequentou, a mãe o obrigou a trabalhar para que não ficasse em casa. Foi aí que começou o seu percurso profissional, quando se tornou inspetor publicitário de um cinema, no qual decidiu que queria ser um contador de histórias: “A ideia de contar boas histórias e as ferramentas com as quais eu as conto vieram daí e serviram-me para o resto da vida”.

Mais tarde frequentou um curso profissional de marketing, que lhe deu um estágio numa agência de marketing desportivo, na qual acabou por conseguir o seu primeiro emprego na área. A partir daqui foi quando começou a dar os seus grandes saltos profissionais, com ideias disruptivas que resultavam. Exemplo disso foi a campanha que fez para a Yorn, que conseguiu reunir 1500 pessoas completamente nuas, no Chiado.

Tínhamos cinco mil euros para promover uma loja de roupa da Yorn e a ideia que surgiu foi dizer às pessoas que se fossem todas nuas, nós oferecíamos a roupa toda. Eu assumi que ninguém iria. Portanto, liguei para a Associação Portuguesa de Naturalistas, expliquei o que queria fazer e contratei dez pessoas. Acabaram por aparecer 1500 pessoas”, disse.

A passagem pela política

A habilidade para contar histórias é uma vantagem para qualquer área e o CEO da LOHAD percebeu isso perfeitamente quando se tornou consultor de comunicação digital para o governo, com Pedro Passos Coelho. Começou por ser o responsável pela área de jovens e depois assumiu este cargo que o levou a redesenhar o site “que ainda hoje se mantém”, e a fazer “uma série de coisas muito interessantes na área do digital”.

No entanto, o momento alto da sua passagem pela política aconteceu quando teve a oportunidade de participar na campanha eleitoral do Obama, nos EUA: “Foi um momento de sonho e tive muita sorte. Não conhecia um ser humano na Carolina do Norte, mas fui direto à Convenção, que era um dos meus sonhos. A minha ideia era servir cafés porque achava que ia aprender mais a servir cafés na campanha do Obama do que cá a ser consultor do governo. Fui e, de repente, aconteceu uma sequência cósmica de coisas que fizeram com que, 48 horas depois, eu já tivesse uma casa na rua da Casa Branca, já conhecesse 3 ou 4 senadores, e conseguisse um lugar na campanha”.

Ao todo, Gonçalo Castel-Branco fez 30 campanhas políticas em cinco países. “Nos EUA, fiz a do Obama e a da Hillary”. O segredo? Fazer com quem ouve uma história se reveja nela. “A história nunca é sobre quem a está a contar. Eu digo sempre isto aos candidatos: ´A campanha não é sobre ti, a campanha é sobre eles´. A questão é como projetamos aquilo neles. Eu costumo dizer que uma campanha política é como um urso. Nós não precisamos de correr mais do que o urso, só precisamos de correr mais do que o tipo do lado para o urso o comer a ele”, disse.

Os projetos “fora da caixa”

Apesar de a política ser um marco importante da sua carreira, Gonçalo Castel-Branco assume-se reformado desta área. Agora dedica-se inteiramente a projetos que levem experiências memoráveis a quem as vive. O “Chefs on Fire” é um desses projetos disruptivos, que nasce depois de a irmã de Gonçalo lhe ter pedido para cozinhar para mais de 60 pessoas numa pequena casa, no Alentejo, sem espaço suficiente na cozinha.

“Decidi pendurar na árvore borrego, porco, frango e ananases. Fiz um buraco no chão para cozinhar 40 quilos de vegetais debaixo de terra e fiz tudo assim. Lembro-me que, às 5 horas da manhã, estava eu sozinho a tratar do fogo e a minha irmã apareceu com uma chávena de café. Nesse momento, olhei à minha volta e tive um daqueles momentos em que pensei: ´Isto dava um grande festival, acho que vou fazer´. Dez meses depois fizemos o primeiro Chefs on Fire para 750 pessoas, em Cascais. Sete anos depois é o maior festival de fogo da Europa e vai ser o maior festival do mundo até 2030“, garantiu.

Foi assim que decidiu juntar dois conceitos num só – um festival de comida e um festival de música num só espaço. E com um detalhe importante – ter poucas pessoas: “Eu não gosto de multidão, eu gosto de um concerto em que eu posso ver os olhos do artista e ele também. As pessoas começaram a fartar-se da experiência de 100 mil pessoas com um telefone na mão. Mais do que o cartaz, o que conta é a experiência“.

Apesar do sucesso deste projeto, o CEO relembrou ainda o “Comboio Presidencial”, assumindo: “Foi o projeto mais bonito que eu fiz na vida”. A ideia surgiu depois de se ter apaixonado por comboios durante a campanha do Obama e, após regressar a Portugal, decidiu visitar o Museu Nacional Ferroviário, onde se apaixonou pelo comboio presidencial português. “Cheguei a casa, estava a jantar com a minha filha, e disse-lhe que tínhamos de ter uma ideia para aquele comboio. E ela disse: ´Por que não fazer um restaurante?´. E foi a partir daí que criamos aquilo que eu chamo de carta de amor a Portugal”, contou.

Para Gonçalo Castel-Branco, o Comboio Presidencial é como uma “Disney para adultos com o melhor de tudo”: “Tem um dos comboios mais bonitos do mundo, na linha do Douro, com os melhores chefes, os melhores vinhos, os melhores cheiros, a melhor música, o melhor de tudo. Na verdade, aquilo transformou-se no melhor evento do mundo, recebia 50 nacionalidades a bordo por dia, foi o maior projeto do turismo ferroviário do nosso país, com um retorno inimaginável para o país, para a nossa ferrovia e para o Douro, é um case-study de sucesso”.

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Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, na qual Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

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