Bancos dos EUA batem previsões, mas cresce o nervosismo entre os banqueiros

Os resultados do segundo trimestre do JP Morgan e do Wells Fargo confirmam a robustez do sistema financeiro, mas os seus líderes alertam para a persistência de “riscos significativos” no horizonte.

O Welss Fargo é um dos quatro grandes bancos dos EUA, juntamente com o JPMorgan Chase, o Bank of America e o Citigroup.

Dois dos maiores bancos norte-americanos apresentaram esta terça-feira os resultados do segundo trimestre, que mostraram números acima da maioria das previsões dos analistas, confirmando a solidez do sistema financeiro norte-americano numa altura de crescentes incertezas económicas globais.

O Wells Fargo registou lucros de 5,49 mil milhões de dólares no segundo trimestre, que corresponde a 1,60 dólares por ação, batendo em 13,4% a estimativa média dos analistas (1,41 dólares). “Os nossos resultados do segundo trimestre refletem o progresso que estamos a fazer para produzir consistentemente resultados financeiros mais fortes, com lucro líquido e lucro por ação diluído superiores tanto ao primeiro trimestre quanto ao ano anterior”, refere Charlie Scharf, CEO do Wells Fargo, em comunicado, sublinhando ainda que o banco recomprou mais de 6 mil milhões de dólares em ações no semestre e o plano de aumentar o dividendo no terceiro trimestre — sujeito a aprovação do conselho de administração.

Já o JP Morgan Chase fechou as contas do segundo trimestre com lucros de 15 mil milhões de dólares, cerca de 5,24 dólares por ação, superando em 17,2% as previsões dos analistas que apontavam para 4,47 dólares por ação. “Reportámos outro trimestre de resultados sólidos, gerando lucro líquido de 15 mil milhões de dólares ou lucro líquido de 14,2 mil milhões de dólares excluindo um item significativo”, refere Jamie Dimon, CEO e chairman do JP Morgan em comunicado.

Apesar de salientar que “a economia dos EUA manteve-se resiliente no trimestre” e que “a finalização da reforma fiscal e a potencial desregulamentação são positivas para as perspetivas económicas”, o banqueiro alerta para a persistência de “riscos significativos”, “incluindo tarifas e incerteza comercial, condições geopolíticas em deterioração, défices fiscais elevados e preços de ativos elevados”, antecipando “volatilidade e incerteza contínuas” nos próximos meses.

O Well Fargo baixou o guidance para o resto do ano, após mais um trimestre de baixo crescimento da margem financeira, apontando agora para um crescimento em linha com o registado em 2024.

As contas do segundo trimestre do Wells Fargo revelam ainda receitas de quase 21 mil milhões de dólares, superando as estimativas de 20,75 mil milhões de dólares dos analistas que acompanham o banco. A provisão para perdas de crédito ficou em 1,01 mil milhões de dólares, abaixo dos 1,16 mil milhões esperados pelos analistas, e o retorno sobre o capital próprio (ROE) atingiu 12,8%, superando as previsões de 11,3%.

Porém, o Well Fargo baixou o guidance para o resto do ano, após mais um trimestre de baixo crescimento da margem financeira. O banco liderado por Charlie Scharf fechou o segundo trimestre com uma margem financeira de 11,7 mil milhões de dólares, ficando ligeiramente aquém das estimativas de 11,8 mil milhões de dólares dos analistas. Isso levou o Wells Fargo a reduzir sua meta de crescimento da margem financeira para 2025, ficando assim em linha com o crescimento de 2024, abaixo da orientação anterior de crescimento de 1% a 3%.

No JPMorgan, as receitas ajustadas alcançaram 45,68 mil milhões de dólares, batendo as estimativas de 44,05 mil milhões dos analistas. O banco beneficiou de um crescimento de 5% nos empréstimos médios em base anual e de 6% nos depósitos médios, referem as contas. A provisão para perdas de crédito foi de 2,85 mil milhões de dólares, inferior às previsões de 3,22 mil milhões.

O setor bancário americano entra assim no segundo semestre com sinais de solidez financeira, mas com os banqueiros a manterem um olhar atento às incertezas macroeconómicas globais e às potenciais mudanças nas políticas comerciais que podem impactar o crescimento económico nos próximos trimestres.

A cerca de duas horas da abertura de Wall Street, as ações do Wells Fargo estão a cair 2,6% e os títulos do JP Morgan registam uma valorização de cerca de 1% no pré-mercado.

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