Tarifas: guia para não se perder entre os avanços, recuos e os (muitos) tweets de Trump

Atualmente estão em vigor taxas de 50% sobre o aço e alumínio e de 25% sobre automóveis. Ronda de cartas enviadas por Trump ameaça com novas taxas. Negociações decorrem até 1 de agosto.

A guerra tarifária iniciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, tem aumentado a incerteza internacional com diversos avanços, recuos e muitas reações nas redes sociais. O mais recente episódio da história ocorreu no sábado, quando o líder americano anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia, independentemente de todas as tarifas setoriais. Na Europa, reitera-se a disponibilidade para negociar e chegar a acordo, mas avisa-se que, se o acordo falhar, a resposta passará pela retaliação.

Atualmente estão em vigor a duplicação das tarifas de 25% para 50% sobre o aço e alumínio e a imposição das taxas de 25% sobre automóveis e peças de automóveis. E uma taxa base de 10% para todas as importações dos EUA.

Além destas taxas, Donald Trump anunciou também que iria avançar com tarifas de 50% sobre o cobre (com data prevista de 1 de agosto), de 200% sobre os produtos farmacêuticos e de 100% para filmes estrangeiros.

Paralelamente, os EUA decidiram uma pausa de 90 dias nas taxas alfandegárias gerais anunciadas por Donald Trump em 9 de abril. Desde então só assinaram acordos com a China, o Reino Unido e o Vietname. Depois do prazo de aplicação das taxas ser adiado para agosto, em que ponto estão as tarifas norte-americanas aos produtos provenientes de terceiros?

Taxas de 30% à UE

O presidente norte-americano anunciou tarifas de 30% sobre os produtos da União Europeia enviados aos Estados Unidos, independentemente de todas as tarifas setoriais, a partir de 1 de agosto. Na rede Truth Social, Donald Trump voltou a defender que o défice comercial dos EUA, provocado – diz – pelas políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais, representa uma ameaça à segurança nacional.

A Comissão Europeia decidiu pela suspensão das medidas de retaliação sobre o aço e alumínio contra as tarifas norte-americanas, previstas para esta segunda-feira, com o objetivo de continuar negociações com os Estados Unidos até 1 de agosto.

Entre os líderes europeus, o presidente francês aposta numa política mais dura e vincou a necessidade de defesa dos interesses europeus, o líder alemão quer negociar “pragmaticamente”, enquanto Espanha apoia as negociações e Portugal, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel considerou que o importante é “continuar as negociações”, embora “nenhuma opção esteja excluída”.

“É fundamental que se perceba que as negociações continuam pelo menos até ao dia 1 de agosto, que é o prazo limite, que passou de 9 de julho para 1 de agosto”, vincou.

Após a reunião dos representantes do comércio dos Estados-membros, que teve lugar esta segunda-feira, o comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič revelou que Bruxelas propôs aos países da União Europeia, caso as negociações falhem, uma lista a produtos norte-americanos importados no valor total de 72 mil milhões de euros.

O responsável do executivo comunitário sinalizou, contudo, que os contactos com a equipa norte-americana iriam continuar, reiterando que a União Europeia prefere uma solução negociada.

Taxas de 30% ao México

No mesmo dia em que anunciou taxas de 30% aos produtos europeus, Donald Trump indicou também que taxas na mesma ordem se aplicarão ao México a partir de dia 1 de agosto. No entanto, a percentagem pode aumentar ou diminuir como resultado das negociações, tendo o líder americano avisado que se o México decidir retaliar com um aumento de tarifas, os EUA irão avançar com um aumento adicional no mesmo valor, ou seja, que se junta às taxas de 30%.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, mostrou-se confiante num acordo antes de 1 de agosto, com melhores condições. Atualmente, os bens que os Estados Unidos importam do México excluídos do Acordo entre EUA, México e Canadá pagam uma taxa de 25%.

Taxas de 35% ao Canadá

Na missiva enviada ao Canadá, Donald Trump indicou que vai impor taxas alfandegárias de 35% a partir de 1 de agosto, um aumento face aos 25% anunciados em 9 de abril. O presidente norte-americano especificou que as tarifas serão adicionadas às impostas a setores específicos, como o aço ou os automóveis, duas das principais exportações do Canadá para os Estados Unidos, o maior parceiro comercial de Otava.

No entanto, à semelhança do que fez com o México, avisou que as tarifas “podem ser alteradas, para mais ou para menos” dependendo da relação com o Canadá.

A exclusão de bens abrangidos pelo acordo comercial entre os EUA, México e Canadá deverá manter-se e as tarifas de 10% sobre energia e fertilizantes também não deverão mudar, embora o Presidente norte-americano não tenha tomado uma decisão final sobre essas questões, segundo um funcionário da Administração citado pela Reuters.

Taxas de 50% ao Brasil

As taxas aplicadas ao Brasil são as mais elevadas até à data, na ronda de cartas remetidas aos líderes de diversos países. Os produtos importados do país liderado por Lula da Silva, num momento em que está ao leme dos BRICS, vão pagar 50% no início do próximo mês, contra os 10% anteriores.

Na carta para Brasília, Trump justifica a taxa com várias críticas ao país a “forma como o Brasil tratou o anterior presidente Bolsonaro”, um “líder altamente respeitado”, bem como os “ataques insidiosos” do Brasil a “eleições livres” e ao “direito de liberdade de expressão dos americanos”.

O presidente brasileiro disse que há alternativas diplomáticas para responder na Organização Mundial do Comércio (OMC) à taxa de 50% e reafirmou que haverá reciprocidade.

“O que mais vai valer é o seguinte, nós temos a lei da reciprocidade que foi aprovada no Congresso Nacional. Não tenha dúvida que, primeiro, nós vamos tentar negociar, mas se não tiver negociação a lei da reciprocidade será colocada em prática. Se ele [Trump] vai cobrar 50% [de taxas] nós vamos cobrar 50% dele”, defendeu.

Presidente norte-americano, Donald Trump. EPA/BONNIE CASH / POOLEPA/BONNIE CASH / POOL

Taxas de 25% ao Japão e à Coreia

Donald Trump decidiu avançar com taxas de 25% aos produtos provenientes do Japão e da Coreia a partir de 1 de agosto. Na ronda de cartas enviadas a 7 de julho, o presidente dos Estados Unidos avisa ainda que, caso o Japão e a Coreia respondam com medidas retaliatórias, serão impostas tarifas adicionais de 25% sobre os produtos já taxados, totalizando uma taxa adicional de 50%.

O líder americano sinalizou, no entanto, que caso o Japão e a Coreia reduzam as tarifas aduaneiras sobre bens norte-americanos, os EUA poderão “ajustar” as suas próprias tarifas. Acrescentou ainda que as taxas poderão ser revistas — em alta ou em baixa — consoante o desenrolar das negociações.

Outros países

Entre as várias cartas dirigidas aos líderes de outros países, Donald Trump fixa tarifas de diversas aplicações. Ao Laos e a Myanmar anunciou taxas de 40%, ao Camboja e à Tailândia de 36%, ao Bangladesh e à Sérvia de 35%, à Indonésia de 32%, à África do Sul, Iraque, Líbia, Argélia e Bósnia e Herzegovina de 30%, à Moldávia, Malásia e Tunísia de 25% e às Filipinas de 20%.

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