CAP critica proposta de von der Leyen para agricultura. “Corte muito violento” põe em causa autonomia alimentar europeia

"A presidente da Comissão Europeia enganou os agricultores", atira o secretário-geral da CAP, numa reação ao corte de 22% aos fundos para o setor, que mostra que agricultura "não é prioridade".

O “nacionalização” da Política Agrícola Comum, gerida pelos Governos juntamente com os fundos para a Coesão, e a redução do orçamento para a agricultura em mais de 20% põem em causa a autonomia alimentar europeia, defende o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Para Luís Mira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “foi longe de mais” e “enganou os agricultores”, com uma proposta que mostra que o setor não é uma prioridade para Bruxelas.

Hoje é um dia triste para a agricultura europeia“, lamenta Luís Mira, em declarações ao ECO, adiantando que a Comissão Europeia apresentou uma proposta para aumentar o orçamento europeu para dois biliões de euros para os próximos sete anos, mas “diminui o orçamento da PAC em mais de 20%“.

“Há uma redução do orçamento para a agricultura, enquanto o orçamento aumenta”, atira, acrescentando que “a Comissão Europeia vem dizer que a agricultura não é prioritária”.

Há uma redução do orçamento para a agricultura, enquanto o orçamento aumenta. A Comissão Europeia vem dizer que a agricultura não é prioritária.

Luís Mira

Secretário-Geral da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)

A Comissão Europeia propõe um orçamento de 300 mil milhões de euros para o setor, no âmbito da proposta para o quadro financeiro plurianual período de 2028 a 2034 apresentada esta quarta-feira. Além destas verbas ficarem 22% abaixo dos 387 mil milhões de euros alocados até 2027 à Política Agrícola Comum, os fundos serão “nacionalizados”, passando a ser geridos pelos países, juntamente com os fundos de coesão, ao abrigo dos chamados planos de parcerias nacionais e regionais.

O secretário-geral da associação que representa os agricultores portugueses destaca que “esta proposta é altamente prejudicial para a economia europeia e portuguesa” e com esta nova PAC “está em causa a autonomia alimentar europeia”.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a sua proposta para o orçamento para os próximos sete anos.EPA/OLIVIER MATTHYS

O responsável destaca que, além do corte de financiamento em termos absolutos, tendo em consideração a corrosão causada pela inflação, estamos perante “um corte muito violento” de verbas para o setor agrícola. Von der Leyen “foi longe de mais”, atira, acrescentando que a presidente da Comissão “enganou os agricultores”.

Quanto ao impacto desta proposta para Portugal, o secretário-geral da CAP diz que é cedo para quantificar e que estamos perante um início de negociações. “Vamos esperar pela posição dos eurodeputados” e dos Estados-membros, refere, notando que a “maioria das famílias políticas eram contra esta situação”.

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