Barómetro ACEGE. 45% dos empresários dizem que subir despesa com defesa para 5% não é excessivo
A maioria dos empresários acreditam que as empresas portuguesas têm condições para aproveitar a aposta no setor da defesa. Mais de 79% estão preocupados com subida do petróleo.
Os países da NATO acordaram na última cimeira de junho aumentar o investimento na defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Uma aposta para a qual os empresários portugueses olham com otimismo. De acordo com o último Barómetro ACEGE, a maioria não considera o aumento dos gastos com defesa para 5% excessivo e perto de 73% dizem que as empresas estão bem preparadas para aproveitar esta oportunidade.
Entre os associados da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), 45,13% consideram que aumentar as despesas com a defesa para 5% não é excessivo, enquanto 39,82% respondem que este reforço é excessivo e 15% não expressa uma opinião sobre este tema.
Os 32 países da Aliança Atlântica acordaram no passado dia 25 de junho, na cimeira em Haia, um aumento do investimento de 5% do PIB na área da defesa até 2035, com uma revisão dos objetivos em 2029.
“Unidos para fazer face às profundas ameaças de segurança e desafios, em particular a ameaça a longo prazo apresentada pela Rússia à segurança euro-atlântica e a persistente ameaça do terrorismo, os aliados comprometem-se a investir 5% do PIB anualmente em requerimentos de defesa, assim como em despesas relacionadas com defesa e segurança até 2035″, referiram na Declaração da Cimeira de Haia (Países Baixos).
Este objetivo foi alcançado após o presidente dos EUA Donald Trump ter pressionado os países da Aliança a reforçarem o investimento, ameaçando deixar de proteger a Europa.
No caso de Portugal, o país terá que fazer um grande esforço para alcançar os objetivos definidos. Para cumprir a meta de despesa de 2% em defesa no final do ano, Portugal vai ter que gastar mais de mil milhões de euros, segundo adiantou o primeiro-ministro. Luís Montenegro assegurou que não será necessário qualquer Orçamento Retificativo pois o país “tem dinheiro” para fazer face ao esforço financeiro deste ano.
Atualmente, Portugal tem despesa representando cerca de 1,55% do PIB em Defesa, mas comprometeu-se junto dos aliados a atingir uma meta de 2% até final do ano. “Na totalidade, o esforço financeiro [para cumprir os 2%] andará à volta de mil milhões de euros, talvez um pouco menos, de investimento direto em aquisição de equipamento, de investimento que já fizemos e está em curso de valorização dos nossos recursos humanos”, disse o primeiro-ministro aos jornalistas, à saída da reunião da NATO.
Quanto à meta de 5%, Portugal pretende cumprir as “duas etapas” do compromisso de chegar aos 5% de gastos em defesa. O ministro Paulo Rangel lembrou que Portugal é um membro fundador da NATO e garantiu que vai cumprir os objetivos.
“Obviamente que há aqui duas etapas, uma etapa é a etapa dos 2% [do produto interno bruto], em que Portugal não estava ainda no nível que é exigível para os países da NATO. Além disso, temos depois esta proposta dos 5%, mas, como sabe, o secretário-geral, Mark Rutte, dividiu isso em 3,5%, que será justamente de investimento na defesa no sentido mais clássico e tradicional do termo, e depois 1,5% em infraestruturas”, especificou.
Investimentos significativos para os quais os empresários se estão a preparar, com perto de 73% dos empresários questionados pelo Barómetro ACEGE a adiantarem que as empresas têm condições de aproveitar esta aposta na Defesa.
Preços da energia suscitam preocupação
A evolução dos preços do petróleo é uma das preocupações dos empresários, na medida em que a fatura com a energia representa, para muitas empresas, uma importante fatia dos gastos dos negócios, sobretudo na indústria.
Questionados sobre se estão preocupados com o aumento do preço do petróleo, na sequência dos conflitos no Médio Oriente, 62,83% diz que sim, mas que é preciso perceber o impacto nos preços. Outros 17,7% também respondem afirmativamente e defendem que o Governo deve tomar medidas.
O barril de Brent, que serve de referência às importações nacionais, negoceia abaixo dos 70 dólares por barril, mas a negociação tem sido marcada por uma forte volatilidade ao longo do ano, com a matéria-prima a oscilar ao sabor de temas como a guerra no Irão, as negociações comerciais ou o conflito na Ucrânia.
Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 10 e 16 de julho, tendo respondido 113 pessoas.
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