Banco Central Europeu faz pausa previsível e mantém taxa de juro nos 2%
Numa decisão amplamente esperada pelos mercados, o Conselho do Banco Central Europeu manteve inalteradas as taxas de juro do euro ao fim de sete cortes consecutivos.
A sirene soou esta quinta-feira às 13h15 em Frankfurt, confirmando o que a esmagadora maioria dos analistas e economistas já dava como certo. Após sete cortes consecutivos das taxas de juro desde setembro do ano passado, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu fazer uma pausa na política monetária e manteve intactas as taxas diretoras da moeda única.
Desta forma, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito mantém-se nos 2%, enquanto a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento permanece nos 2,15% e a taxa de juro de facilidade permanente de cedência marginal de liquidez nos 2,4%.
Esta paragem chega num momento em que a inflação na Zona Euro regressou em junho ao alvo dos 2% e as nuvens sobre a guerra comercial com Washington voltaram a adensar-se.
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O comunicado oficial do Conselho do BCE revela que a decisão de manter as taxas inalteradas assenta fundamentalmente no facto de “a inflação situar‑se atualmente no objetivo de médio prazo de 2%”. Esta estabilização dos preços representa o culminar de um processo que começou há mais de um ano, quando a autoridade monetária europeia iniciou um ciclo agressivo de cortes para combater as pressões inflacionistas que haviam assolado a Zona Euro.
A instituição liderada por Christine Lagarde sublinha ainda que “a informação que tem vindo a ser disponibilizada está, em geral, em conformidade com a anterior avaliação do Conselho do BCE das perspetivas de inflação”, sinalizando que os dados económicos recentes não trouxeram surpresas significativas que justificassem uma alteração de rumo.
Refletindo, em parte, as anteriores reduções das taxas de juro decididas pelo Conselho do BCE, a economia provou ser, até à data, globalmente resiliente num enquadramento mundial difícil.
Um dos fatores-chave que sustentaram a decisão do Conselho do BCE prende-se com a evolução das dinâmicas internas de preços. O BCE considera que “as pressões internas sobre os preços continuaram a abrandar, com o crescimento mais lento dos salários”. Esta desaceleração salarial representa um elemento crucial para a estabilidade futura dos preços, uma vez que os custos laborais constituem uma componente significativa da inflação subjacente.
Esta evolução permite ao BCE manter uma postura expectante, sem a urgência de novos cortes que caracterizou os últimos meses. A moderação salarial sugere que os riscos de uma espiral preços-salários – um dos grandes receios dos banqueiros centrais – se encontram controlados.
Não obstante o ambiente internacional desafiante, o comunicado do BCE destaca que “refletindo, em parte, as anteriores reduções das taxas de juro decididas pelo Conselho do BCE, a economia provou ser, até à data, globalmente resiliente num enquadramento mundial difícil”. Esta resiliência económica constitui outro argumento a favor da pausa, uma vez que não existem sinais imediatos de necessidade de estímulo adicional.
A principal fonte de cautela do BCE reside na “conjuntura que se mantém excecionalmente incerta, sobretudo devido a litígios comerciais”.
Os oito cortes de juros implementados desde junho de 2024, que reduziram a taxa de depósito de um máximo histórico de 4% para os atuais 2%, parecem estar a surtir o efeito desejado no apoio à atividade económica. O nível de 2% da taxa de depósitos é considerado pelos analistas como neutro para a evolução da economia, não sendo nem restritivo nem excessivamente estimulante.
Contudo, a principal fonte de cautela do BCE reside na “conjuntura que se mantém excecionalmente incerta, sobretudo devido a litígios comerciais”. Esta referência aos conflitos comerciais constitui uma alusão clara às tensões entre os EUA e a União Europeia, particularmente às ameaças tarifárias da Administração Trump.
Além disso, o BCE reforça o seu compromisso com “uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária”. Esta formulação, já familiar nos comunicados recentes, sublinha que não existe um caminho pré-determinado para as taxas de juro, mantendo-se a porta aberta tanto para novos cortes como para uma pausa prolongada.
“As decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação e dos riscos em torno das mesmas — à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados –, bem como da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, especifica o comunicado, delineando os critérios que nortearão as futuras decisões.
O comunicado conclui notando que “o Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, reforçando a flexibilidade de que a instituição pretende manter num contexto de elevada incerteza, e que as carteiras do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) e do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP) “estão a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos.”
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