Deloitte cria rede global para agentes de IA. Portugal entre os cinco países escolhidos para desenvolver tecnologia

Consultora portuguesa faz parte da recém-criada Global Agentic Network, onde está também Índia, Canadá, Egito e a região da Ásia-Pacífico.

Portugal foi um dos cinco países, e o único na Europa, a ser escolhido pela Deloitte para fazer parte da nova rede internacional destinada a promover a adoção de agentes de inteligência artificial (IA) nas empresas. A equipa da consultora em Lisboa vai trabalhar ao lado de parceiros na Índia, Canadá, Egipto e na região da Ásia-Pacífico num projeto designado Global Agentic Network (“Rede Agêntica Global”, na tradução livre).

Atualmente, a empresa tem mais de 40 agentes disponíveis, outros em curso e mais 30 desenhados (conceptualizados) prontos para iniciar a fase de implementação, avança Hervé Silva, sócio da Deloitte.

“A ideia é construímos uma estrutura, uma workforce digital especializada, que tem dupla face, portanto tanto é válida para efeitos internos como também tem pertinência para mercado. Vamos fazer agentes especializados nas indústrias dos nossos clientes, que respondam aos desafios setoriais. A primeira parte já está em curso e é a Zora AI, a plataforma de agentes da Deloitte”, conta ao ECO o responsável por dados e algoritmos.

A iniciativa além-fronteiras pretende desenvolver um ecossistema integrado de sistemas autónomos (agentes de IA) que sejam capazes de modernizar e mudar as operações dos clientes. O quinteto de subsidiárias da consultora está encarregue de criar tecnologia avançada que execute tarefas humanas, otimize processos e decisões e, consequentemente, transforme o modus operandi do tecido empresarial.

A dinâmica entre as cinco geografias não está 100% dependente do número de projetos que tiverem mãos, como acontecia noutros projetos do grupo Deloitte, como a GenAI Factory, em que trabalhavam à base de pedidos mais casuísticos. Neste caso o paradigma é diferente, porque os outros quatro países podem tirar partido dos agentes desenvolvidos a partir da capital portuguesa. Basta adaptá-los às regras da sua jurisdição, sendo praticamente certo que se essa tecnologia teve o OK em Portugal, membro da União Europeia, terá aval (compliant) na Índia, Canadá, Egipto e Ásia-Pacífico. Aliás, a maior flexibilidade na regulamentação até lhes poderá dar margem para instalarem outras funcionalidades no sistema.

Movemo-nos sob o mesmo racional de forma a garantir que existe quase uma lógica de plug & play de novos agentes em cima do mesmo referencial. Os próprios modelos que vão estando aprovados e que queremos utilizar vamos incrementando-os. Estamos alavancados num leque alargado de alianças”, esclarece o partner especializado em IA e dados, que presta assessoria nesta área desde 2017.

Hervé Silva, lead partner de AI & Data da Deloitte Portugal

Dividir esta rede pelo mapa foi a opção estratégica que a Deloitte tomou para cumprir essencialmente três metas: ter velocidade (acelerar a introdução de agentes nas empresas), massa crítica (sinergias globais) e estar localizada em contextos regulatórios diferentes, dando-lhe margem para partilhar as façanhas com ‘turma’ e cada ‘aluno’ adaptá-las.

O que fazem estes agentes? Mais do que ter um chatbot capaz de dar respostas (extrair e organizar informação), analisar os dados e processá-los em diferentes formatos para apoiar os colaboradores, os chamados agentes de IA – ou IA agêntica – funcionam como um “trabalhador digital” porque têm autoridade para definir fluxos de trabalho e atividades de forma independente, interagir com outros agentes e com pessoas. Logo, conseguem interpretar contextos e tomar decisões mais complexas. “Não é um RPA com esteroides”, brinca Hervé Silva, referindo-se a software de robótica (Robotic Process Automation ou Automação Robótica de Processos).

De uma forma mais simples, nem todos os chatbots são agentes de IA, mas os agentes de IA podem ser chatbots. Estes sistemas têm vindo a ganhar popularidade pelo raciocínio (através de modelos linguísticos), contudo ainda não são uma realidade muito presente nas organizações. Na opinião de Hervé Silva, é “razoável” que o ponto de inflexão desta tecnologia ocorra entre 2028 e 2030.

A Deloitte, que funciona com o cliente zero da Global Agentic Network, tem estado a trabalhar para integrar a IA nas suas próprias operações até 2030. Em Portugal, além destas equipas especializadas, está a cargo da Fábrica de IA Generativa (GenAI Factory) que trabalha para outros países da Europa e a construir no Largo do Rato, em Lisboa, um edifício de grande envergadura exclusivamente dedicado à tecnologia. O hub envolve um investimento, no valor de 25 milhões de euros, e espera-se que fique pronto até ao final deste ano.

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