“Estamos em pausa” e “encerramos o ciclo desinflacionário”, decreta Christine Lagarde
A presidente do Banco Central Europeu considera que a inflação está controlada na Zona Euro, mas a incerteza económica e política mantém o BCE sob alerta para ajustes e vigilância nos riscos.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, chegou à sala de imprensa em Frankfurt com uma mensagem clara: a autoridade monetária colocou o ciclo de descidas das taxas de juro em suspenso e vai manter-se num modo de “esperar para ver” enquanto avalia a trajetória da inflação.
“Pode dizer-se que estamos em pausa”, admitiu a líder do BCE aos jornalistas, minutos após a autoridade monetária da Zona Euro ter decidido fazer uma pausa no ciclo de sete cortes consecutivos das taxas de juro.
“Essencialmente, encerramos o ciclo desinflacionário com o qual lutamos nos últimos meses e que nos levou a passar de 400 pontos base para 200 pontos base, com oito cortes em nove meses”, afirmou a presidente do BCE.
Lagarde revelou que a decisão de fazer uma pausa no ciclo de cortes das taxas de juro entre os 26 membros do Conselho do BCE foi tomada de forma unânime e que as “expectativas de inflação fortemente ancoradas”, com as previsões a apontarem para uma “taxa de inflação estabilizada na meta de 2% no médio prazo.”
BCE não assume um compromisso com qualquer trajetória para as taxas de juro e, para já, a prioridade é monitorizar riscos como a guerra comercial com os EUA e a recente valorização do euro, fatores que “podem tornar o investimento das empresas mais difícil”, destaca Lagarde.
É nesse sentido que a presidente do BCE sublinha que o banco central se encontra numa “boa posição” para enfrentar os próximos desafios.
A mensagem de Lagarde vai ao encontro do conteúdo do comunicado do Conselho do BCE, que sublinha que “a inflação está atualmente no objetivo de médio prazo de 2%” e que a instituição continuará a decidir “reunião a reunião” em função dos dados.
Mas Lagarde foi mais longe ao verbalizar o novo estado de espírito da autoridade monetária da área do euro. Segundo a presidente do BCE, não há um compromisso prévio com qualquer trajetória para as taxas de juro e, para já, a prioridade é monitorizar riscos como a guerra comercial com os EUA e a recente valorização do euro, fatores que “podem tornar o investimento das empresas mais difícil”.
Contudo, o BCE não baixa a guarda. Lagarde reconhece que “as perspetivas para a inflação da área do euro são mais incertas do que o habitual” e que “os riscos para o crescimento económico continuam inclinados para o lado negativo.” Daí a linguagem cautelosa. O BCE “está pronto para ajustar todos os instrumentos ao seu dispor” caso o cenário se deteriore, disse. Ainda que os mercados antecipem mais um corte de 25 pontos base até final do ano, o calendário ficou em aberto após o travão de julho.
No plano interno, Frankfurt continuará a contar com a moderação salarial para manter a inflação controlada. Lagarde sublinha que “a trajetória dos salários tem sido decisiva” para a desinflação e deverá prosseguir a tendência de abrandamento. Se assim for, os custos internos deixam de pressionar os preços e reforçam a convicção de que “o BCE está em boa posição para lidar com os desafios económicos”.
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