Portugal está mais dependente do exterior nos cereais, leite e frutos

O azeite e a amêndoa registaram um bom ano de produção no último ano, reforçando Portugal como o segundo maior produtor da UE em ambos os produtos.

Portugal aumentou a sua dependência do exterior no aprovisionamento de cereais, leite e derivados e frutos, com o país a fechar o ano de 2024 com um défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares de 5,17 mil milhões de euros. Apesar de continuar a apresentar uma situação global deficitária, Portugal consolidou-se como o segundo maior produtor da União Europeia de azeite e amêndoa. No vinho, o país também é vendedor.

“Relativamente ao grau de auto aprovisionamento, o país aumentou a dependência do exterior em cereais, leite e derivados e frutos, com os respetivos graus de autoaprovisionamento a fixarem-se em 17,9%, 90,1% e 68,8%, manteve a autossuficiência em arroz e reforçou o aprovisionamento excedentário em vinho e azeite“, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas estatísticas agrícolas de 2024.

O INE acrescenta que, nas culturas permanentes, o azeite destacou-se com a segunda maior produção de sempre, com 180 mil toneladas, “refletindo a maturidade do olival intensivo alentejano”, e a amêndoa atingiu um recorde, de 91 mil toneladas, “consolidando Portugal como o segundo maior produtor da UE”.

Já a vindima foi prejudicada por doenças e fenómenos climáticos adversos, que resultaram numa quebra de 8,1% na produção.

Em relação a outras produções frutícolas, a maçã e laranja recuperaram do mau ano agrícola anterior, enquanto as produções de pera, kiwi e cereja registaram decréscimos por doenças e fenómenos climáticos adversos.

Em termos gerais, Portugal manteve um défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares (exceto bebidas), mas menor. O défice baixou 421,4 milhões de euros para 5.170 milhões de euros em 2024, uma evolução justificada pelo aumento das exportações (676,7 milhões de euros), que superou o das importações (255,3 milhões de euros).

Segundo o INE, o grupo de carnes e miudezas comestíveis continuou a ser o de maior peso no défice da balança comercial de produtos agrícolas e agroalimentares, atingindo 1.509,8 milhões de euros, mais 102,8 milhões de euros do que no ano anterior. O grupo dos cereais, que também manteve o 2º maior défice em 2024, registou um desagravamento de 233,3 milhões de euros.

O saldo da balança comercial das bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres inverteu o decréscimo do ano anterior com um aumento de 91,2 milhões de euros face a 2023. O excedente da balança comercial deste grupo de produtos atingiu 728,9 milhões de euros em 2024.

O saldo da balança comercial dos produtos do setor florestal alcançou 3.063,7 milhões de euros em 2024, aumentando 180,5 milhões de euros comparativamente ao ano anterior. O papel e cartão e a cortiça registaram os saldos mais elevados (1.024,4 e 919,7 milhões de euros, respetivamente). O grupo da madeira continuou a ser o único deficitário, com um saldo negativo de 256,7 milhões de euros.

A indústria alimentar continua a ser a principal atividade da produção industrial nacional com 16,2% do total das vendas em 2024 (16,6% em 2023), registando um valor de faturação de 16,7 mil milhões de euros.

“O rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), aumentou 14,5%, com o VAB (valor acrescentado bruto) a crescer 7,3%, refletindo uma variação positiva, em volume, da Produção (+4,2%) superior à do Consumo Intermédio (+2,5%). Os índices de preços de produção dos bens agrícolas e dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura diminuíram respetivamente 2,7% e 0,4%”, acrescenta o INE.

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