Gigante brasileira avalia usar Santo Tirso para mitigar tarifas de Trump

A multinacional brasileira Weg, que entrou em Portugal em 2002, tem uma fábrica de motores elétricos em Santo Tirso que é uma das maiores unidades de produção do grupo fora do Brasil.

Fábrica da Weg no Parque Industrial da Ermida, em Santo Tirso

A multinacional brasileira Weg, que tem uma unidade industrial de motores elétricos em Santo Tirso, admite que poderá usar a localização em Portugal para mitigar as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O anúncio foi feito pelos executivos da empresa com sede em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, durante uma videoconferência onde foram apresentados os resultados do segundo trimestre do ano, citada esta sexta-feira pelo Público Brasil.

A gigante brasileira registou um lucro trimestral de 244 milhões de euros, um crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O balanço feito pelos gestores mostra que a receitas da Weg provenientes dos Estados Unidos representaram 48% do valor total do mercado externo.

Apesar de Portugal ser uma possibilidade para fintar as tarifas do republicano, André Rodrigues vinca que a a “situação atual exige cautela”, justificando que “ainda não é possível ter uma previsão sobre os rumos do comércio internacional, uma vez que o presidente dos Estados Unidos está com uma política agressiva, inclusive, em relação à União Europeia”.

No início desta semana, o Financial Times avançou que EUA e União Europeia estavam próximos de fechar acordo para tarifas de 15% para evitar as taxas de 30% anunciadas por Donald Trump, a partir do dia 1 de agosto.

O diretor administrativo da WEG garante “ter um plano de ação para mitigar parte desses eventuais impactos”, caso os Estados Unidos mantenham a posição atual de manter as taxas aduaneiras de 50%.

A multinacional brasileira entrou em Portugal em 2002 através da compra da Efacec Universal Motors, na Maia. Tem operações comerciais em 42 países e instalações fabris em 18 países, como Brasil, Argentina, México, EUA, Portugal, Áustria, Alemanha, África do Sul, Índia ou China, num total aproximado de 47 mil funcionários.

Tarifas de Trump são uma oportunidade para reaproximar Mercosul e UE

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB) defende que as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA podem funcionar como catalisador para uma reaproximação “urgente” entre o Mercosul e a União Europeia.

Otacílio Soares da Silva Filho vê neste cenário uma “oportunidade estratégica” para acelerar o entendimento entre os dois blocos e dar novas oportunidades e cenários comerciais para o mercado brasileiro.

“Para o Brasil, um país de grande produção de alimentos, energia e minerais, o caminho lógico a seguir será uma relação mais estreita com a União Europeia, para ganhar escala, competitividade e diversificação da economia”, defendeu o líder da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, destacando o potencial da parceria intercontinental.

Para o Brasil, um país de grande produção de alimentos, energia e minerais, o caminho lógico a seguir será uma relação mais estreita com a União Europeia, para ganhar escala, competitividade e diversificação da economia.

Otacílio Soares da Silva Filho

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso- Brasileira

A proposta de acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, que continua por ratificar após décadas de negociações, surge como instrumento central para “reequilibrar as relações económicas internacionais e fortalecer a cooperação Sul- Norte”, vinca o responsável.

Para Otacílio, a entrada em vigor do acordo UE-Mercosul poderia servir como “âncora regulatória e institucional, promovendo investimentos bilaterais, emprego qualificado e avanços tecnológicos em ambos os blocos”.

Combinados, Mercosul e União Europeia representariam um mercado de mais de 700 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto próximo dos 22 mil milhões de dólares. Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, este potencial deve ser aproveitado com “pragmatismo, superando resistências políticas e barreiras internas”.

A adoção de novas tarifas pelos Estados Unidos, segundo Otacílio Soares, torna ainda “mais
urgente” a construção de “pontes comerciais sólidas e confiáveis entre os blocos euro-latino americanos”.

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