Exclusivo Banco de Portugal investe 450 milhões no mercado acionista

Instituição ainda liderada por Mário Centeno começou no final do ano passado a investir parte da sua carteira no mercado acionista, ao ritmo de 15 milhões por mês.

É uma mudança na política de investimentos do Banco de Portugal. Em setembro do ano passado, a instituição liderada por Mário Centeno colocou em marcha uma nova estratégia que passa por ganhar exposição ao mercado acionista, num programa que prevê investir mensalmente 15 milhões de euros neste segmento, que até aqui não tinha qualquer representação na carteira do banco central. O total do valor investido pode chegar aos 450 milhões, dentro de menos de dois anos.

A informação consta do Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal relativo a 2024, divulgado no final de maio, notando que esse investimento é realizado através de fundos cotados em bolsa (conhecidos como exchange traded-funds ou simplesmente ETF) que replicam índices acionistas. Segundo o relatório, as regras foram, inclusive, revistas e aprovadas pelo Conselho de Administração, de forma permitir e “incorporar o investimento em ETF e atualizar as regras de investimento na carteira de investimento a vencimento”.

Segundo o mesmo documento, o Banco de Portugal tomou esta decisão “com vista a uma maior diversificação na gestão de ativos”, contabilizando no final do ano passado 60,6 milhões de euros aplicados nestes ativos que, no balanço do regulador, estão “classificados em títulos internos em euros de empresas/instituições financeiras)”.

O Banco prevê investir 15 milhões de euros mensalmente, e durante um período de no máximo 30 meses, em três fundos que replicam índices do mercado acionista.

Relatório do Conselho de Auditoria ao Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal

Já o relatório do Conselho de Auditoria da instituição, consultado pelo ECO, dá mais alguns pormenores sobre esta posição, nomeadamente naquilo que é a estratégia para o futuro. “O Banco prevê investir 15 milhões de euros mensalmente, e durante um período de no máximo 30 meses, em três fundos que replicam índices do mercado acionista”, pode ler-se, bem como a justificação apresentada, de adicionar à carteira “uma nova classe de ativos que a longo prazo tem demonstrado maior rentabilidade face às demais”. Ou seja, se o programa de investimento se mantiver pelo prazo máximo de 30 meses (dois anos e meio), atingirá os 450 milhões de euros, no final.

Os ETF são fundos cotados em bolsa que se transacionam como uma ação e seguem o princípio da gestão passiva, replicando o comportamento de um ativo subjacente que, no caso dos três ETF em que o Banco de Portugal investiu, referem-se a índices acionistas. Desta forma, o Banco de Portugal consegue ganhar exposição ao mercado acionista, mas sem escolher diretamente as empresas nas quais investir.

Na estrutura do balanço do banco central, a componente acionista na vertente ETF entra na “carteira de títulos de negociação denominados em euros”, que no final de 2024 tinha 5,12 mil milhões de euros, a preços de mercado de então, com a esmagadora maioria da carteira a estar aplicada em títulos da dívida pública. Ou seja, mesmo que o programa dure os 30 meses, a componente acionista representaria menos de 10% da carteira de títulos de negociação denominados em euros.

O ECO pediu mais informações ao Banco de Portugal, nomeadamente os valores atualizados deste investimento e quais os três índices que estão na base dos ETF, mas fonte oficial escusou-se a dar quaisquer pormenores, remetendo para o Relatório do Conselho de Administração.

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