“É muito melhor do que uma guerra comercial”. Bruxelas defende acordo com EUA sobre o qual pouco adianta

Comissário Europeu assinala que entendimento com Trump permite estabilidade e abre caminho para a colaboração estratégica. Detalhes sobre compras e investimento ausente da conferência de imprensa.

A Comissão Europeia defendeu esta segunda-feira que o acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, alcançado no domingo, é “melhor” do que uma guerra comercial, permitindo salvar postos de trabalho e empresas. O executivo comunitário argumenta que é impossível regressar ao quadro comercial pré-abril e que o arco transatlântico vai aprofundar-se, permitindo responder aos desafios colocados pela relação com a China.

A posição foi transmitida pelo comissário do Comissário do Comércio e Segurança Económica, Maroš Šefčovič, em conferência de imprensa em Bruxelas, na qual os detalhes sobre o acordo continuaram ausentes. “Este acordo é muito melhor do que a alternativa que seria uma guerra comercial com os EUA”, assinalou.

“Se tivesse de resumir este acordo UE-EUA numa frase, diria que traz uma estabilidade renovada e abre caminho para a colaboração estratégica”, disse o comissário europeu, um dia depois da presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, e o presidente norte-americano, Donald Trump, chegarem a um acordo para um teto máximo de tarifas de 15% sobre os bens europeus, ao invés dos 30% ameaçados pela Casa Branca.

Šefčovič salientou que o acordo prevê uma lista de produtos aos quais ambas as partes aplicarão tarifas zero e “perspetivas claras de ação conjunta” no que toca ao aço, alumínio, cobre e derivados, que denominou de “uma aliança de metais”. Bem como uma redução das tarifas sobre a indústria automóvel europeia dos atuais 27,5% para 15%, permitindo, ao mesmo tempo, que as empresas aumentem as exportações.

O comissário europeu apontou ainda o compromisso da União Europeia na compra de 750 mil milhões de dólares (cerca de 638,6 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) em energia e em investir mais 600 mil milhões de dólares (510,9 milhões de euros) nos Estados Unidos. No entanto, não aprofundou detalhes.

Ainda assim, embora sem referência a qualquer Estado, respondeu às críticas de países como França – que já considerou ser um dia “sombrio” para a Europa. O responsável garantiu que a Comissão manteve os Estados-Membros informados e envolvidos em todas as fases do processo de negociação, tendo sublinhado “o quão complexa é esta situação”.

“Creio que é óbvio que o mundo que tínhamos antes de 2 de abril já não existe. Temos de enfrentar este novo desafio com uma nova abordagem”, referiu ainda, insistindo que “a cooperação é melhor do que uma guerra comercial”.

Para Šefčovič, o não acordo traduzir-se-ia em “direitos aduaneiros de 30%, uma enorme incerteza política, PME sobre uma pressão esmagadora e a potencial perda de milhares de empregos”. “Este é acordo base é o melhor que conseguimos alcançar numa conjuntura difícil. Se tivesse estado na sala ontem, teria visto que as conversas começaram com 30%”, respondeu aos jornalistas.

“Paremos um momento e consideremos uma alternativa. Uma guerra comercial pode parecer atraente para alguns, mas traz consequências graves. Com uma tarifa de pelo menos 30%, o nosso comércio transatlântico seria efetivamente interrompido, colocando em risco cerca de cinco milhões de empregos, incluindo os de PME”, afirmou.

Na sua perspetiva, um não acordo levaria “a uma situação insustentável” em que a União Europeia teria “de negociar um acordo, mas numa posição muito pior”, sublinhou.

Neste sentido, assinalo que o acordo também prevê compras estratégicas de gás, petróleo, energia nuclear, mas também chips de IA dos EUA. “O objetivo é fortalecer a nossa vantagem tecnológica de forma a beneficiar ambas as partes”, realçou. Esta é também uma resposta às relações comerciais com a China. “Apesar de esforços desenvolvidos por mim e colegas com os nossos homólogos chineses infelizmente lista de matérias agendadas não foi encurtada, alongou-se. É normal que aliados próximos, como somos com os EUA, comparem notas”, disse.

Portugal considerou esta segunda-feira que o acordo comercial “traz estabilidade”, mas defende a eliminação de barreiras ao comércio com os EUA, enquanto promete apoios às empresas nacionais. “O acordo comercial UE-EUA traz previsibilidade e estabilidade, ao evitar uma guerra comercial em escalada”, afirma, num comunicado enviado à Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“É muito melhor do que uma guerra comercial”. Bruxelas defende acordo com EUA sobre o qual pouco adianta

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião