Lucro dos CTT sobe 12% para 22 milhões até junho. Cacesa estreia-se no negócio de encomendas

Os CTT – Correios de Portugal lucraram 22,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que representa uma subida de 11,7% em relação aos primeiros seis meses de 2024. O operador postal registou rendimentos operacionais de 597,3 milhões de euros, 13,9% acima do mesmo semestre do ano passado, para os quais já contribuiu a espanhola Cacesa.

A empresa recém-comprada pelos CTT foi contabilizada pela primeira vez nas contas e apoiou o desempenho da área de expresso e encomendas, cujas receitas alcançaram os 270,6 milhões de euros (+28,6%), sendo que representa praticamente metade (45%) das receitas dos CTT. Este segmento insere-se no segmento de logística, que obteve 507 milhões (+12,4%) até junho.

“O crescimento orgânico do expresso e encomendas, incluindo a Cacesa (maio e junho), foi de +18,2% (taxa de variação homóloga) no primeiro semestre de 2025”, lê-se no relatório financeiro publicado esta segunda-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na prática, a Cacesa entrou a 1 de maio nas tabelas contabilísticas dos CTT. “Numa base comparável, se no segundo trimestre de 2024 a Cacesa tivesse sido consolidada a partir de 30 de abril de 2024, o crescimento do EBIT recorrente seria de 28,6%“, detalha o mesmo documento, onde é possível constatar ainda que a margem de EBIT recorrente no segundo trimestre de 2025 atingiu 9,5% de taxa de variação homóloga, mais um ponto percentual numa base comparável.

No caso da área de banca e serviços financeiros, onde estão incluídos os certificados de aforro, atingiu 90,2 milhões de euros, após um acréscimo homólogo de 23,1% motivado sobretudo pelo aumento da colocação de dívida pública, que tem recuperado, e pelo crescimento do Banco CTT.

O EBIT recorrente ou ajustado (lucro antes de juros e impostos) da empresa liderada por João Bento fixou-se em 46,9 milhões de euros na primeira metade de 2025, tendo aumentado 33,9%, com uma margem de 7,9%, após uma subida de 1,2 pontos percentuais.

Entre janeiro e junho, a logística contribuiu com 25 milhões (+33,4%) e representou a maioria (53%) desse EBIT recorrente total. “O crescimento da receita, impulsionado pelo crescimento do tráfego e da receita por objeto, traduz-se em melhoria de margem, à medida que os benefícios de escala aumentam. A consolidação da Cacesa, a qual tem margens mais elevadas, impulsiona também maior rentabilidade”, declaram os CTT.

Banco CTT ganha clientes (e 12% de faturação)

Os rendimentos operacionais do Banco CTT somaram 10,4% para 68,6 milhões de euros até junho sobretudo por causa do aumento da base de clientes (+4 para 694 mil contas à ordem), que se materializou num crescimento anual de 12,5% no volume de negócio da instituição financeira para 7.355 milhões de euros.

“Este crescimento induziu um desempenho positivo da margem financeira, que se situou em 50,1 milhões de euros (+2,9 milhões ou +6,2%), e das comissões, que totalizaram 15,8 milhões (+2,4 milhões ou +17,9%)”, referem os CTT, no relatório divulgado após o fecho do mercado, através da CMVM.

Destacar ainda para a carteira de investimentos do banco, que cresceu 4,4 milhões de euros em juros recebidos devido à aplicação de montantes superiores em títulos de dívida soberana.

O número de trabalhadores dos CTT era de 13.798 a 30 de junho, menos 15 do que no primeiro semestre do ano passado. A empresa prevê, num contexto de alguma volatilidade das receitas de correio e de irregularidades no EBIT da mesma área, continuar a adotar iniciativas de redução de custos, que podem ser acordos com staff ou métodos tecnológicos, por exemplo.

Os CTT estão impedidos de subir os preços do serviço postal mais de 12% por ano até aos próximos três anos. No início deste mês, a empresa aprovou um acordo de princípio relativo ao convénio de preços do Serviço Postal Universal (SPU) para o período de 2026-2028 após as negociações com a Anacom – Autoridade Nacional de Comunicações e a Direção Geral do Consumidor (DGC). No triénio anterior, o limite eram quatro cêntimos ao ano.