Polopiqué fecha unidades, renegoceia dívida e concentra negócio

O grupo iniciou um plano de reestruturação que passa por planos de revitalização e de insolvência de unidades de negócio. Grupo tem cerca de 800 trabalhadores e deve passar a metade.

O grupo têxtil Polopiqué está a avançar com um processo profundo de reestruturação do negócio para responder à quebra de faturação dos anos pós-crise energética, e com particular relevância neste ano de 2025, com o encerramento de duas das unidades de produção, reestruturação de dívida com a banca, venda de ativos e a concentração nos negócios que geram maior rendimento operacional. Para isso, interpôs um Processo Especial de Revitalização (PER) das sociedades das áreas de acabamentos e da Polopiqué Comércio, além do pedido de insolvência das unidades de tecidos e de confeção, apurou o ECO.

De acordo com uma resposta enviada ao ECO, por escrito e assinada pelo empresário e presidente do Conselho, Luís Guimarães, o grupo têxtil “manterá as atividades estratégicas e mais rentáveis da sua cadeia de valor, com foco nas áreas onde possui maior diferenciação, controlo e retorno operacional. Desta forma, manterá atividade de excelência nas áreas de design, logística e vendas, acabamentos têxteis e produção de fio“. Nesse comunicado, a Polopiqué garante que “a reestruturação será conduzida com total sentido de responsabilidade social“. Neste momento, o grupo tem cerca de 800 trabalhadores e este processo deverá levar à redução significativa da força de trabalho, provavelmente para cerca de metade da atual, tendo em conta a insolvência de duas das empresas e os planos de revitalização, já aprovados, que atingem outras duas unidades. Os PER apresentados pela Polopiqué vão permitir renegociar dívidas contraídas junto dos credores, particularmente a banca.

No contexto desta reestruturação, segundo apurou o ECO, algumas unidades, nomeadamente as que vão ser fechadas, não apresentavam resultados positivos e outras deixaram de ser competitivas, pesando nos números do grupo como um todo, o que levou a empresa a decidir focar-se no seu negócio core. “O Grupo avançará com um conjunto de medidas que visam a simplificação de processos, a otimização da cadeia de valor e o reforço da sustentabilidade económica e ambiental das suas operações”, aponta a companhia na resposta ao ECO. Qual é o objetivo? A “concentração da capacidade produtiva nas unidades com maior rendimento operacional e flexibilidade, encerrando as unidades de confeção de vestuário e tecelagem de tecidos“, lê-se no mesmo comunicado.

A “holding” que gere as várias empresas do grupo — e é acionista minoritária da Swipe News, dona do ECO -, a Polopiqué SGPS S.A., fechou o ano de 2023 com prejuízos de 1,3 milhões de euros, ainda assim melhor do que os cerca de dois milhões de prejuízo no ano anterior, pressionada pelos resultados de alguns negócios operacionais, agora alvo de PER e de pedidos de insolvência.

A Polopiqué Tecidos, por exemplo, apresentou resultados negativos nos últimos anos, tendo fechado o ano de 2023 com prejuízos de 1,6 milhões de euros. Já a Cottonsmile, a outra unidade que será encerrada, também tem apresentado números deficitários. Em 2023, a sociedade teve prejuízos superiores a um milhão de euros, um resultado sensivelmente em linha com o registado no ano anterior. Já o negócio têxtil, que inclui as empresas que entraram em PER, com o objetivo de viabilização num novo contexto concorrencial e de negócio, apresentava resultados positivos em 2024, mas terá sofrido uma quebra de vendas relevante, cujos números não são conhecidos. “O novo enquadramento de mercado exige uma readaptação estratégica“, reconhece o empresário, sem revelar valores financeiros associados à reestruturação. “Esta decisão reflete o compromisso contínuo da Polopiqué em manter-se como parceiro de referência no setor têxtil internacional, respondendo com maior rapidez e flexibilidade, sem comprometer a qualidade, às necessidades dos seus clientes, em especial num contexto marcado pela evolução dos padrões de consumo e pelo aumento da complexidade logística e produtiva“, garante o empresário Luís Guimarães.

Fundado em 1996, em Portugal, o Grupo Polopiqué é um dos principais players do setor têxtil europeu e está entre as empresas que participam o Projeto Lusitano, a agenda do setor têxtil e do vestuário, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O projeto, participado pela têxtil de Santo Tirso, juntamente com a Nau Verde, Calvelex, Paulo de Oliveira, Riopele e Twintex, contempla um investimento de 111,5 milhões de euros dos quais foram executados mais de 50% do investimento.

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