MFE aposta na Impresa à procura de sinergias e rentabilidade
A família Berlusconi justifica a entrada no capital da Impresa com o intuito de reforçar o seu projeto de gigante europeu dos media, apostando em escala, inovação e parceria com a família Balsemão.

- A MFE-MediaForEurope, liderada por Pier Silvio Berlusconi, adquiriu 32,9% da Impresa por 17,3 milhões de euros, marcando uma nova fase para SIC e Expresso.
- O investimento é parte de uma estratégia para criar um gigante pan-europeu de media, aproveitando economias de escala e promovendo inovação no setor.
- A MFE compromete-se a preservar a independência editorial da Impresa, enquanto a família Balsemão manterá o controlo, assegurando a identidade portuguesa dos meios de comunicação.
A MFE-MediaForEurope, o conglomerado de comunicação social da família Berlusconi, anunciou na quarta-feira ao final da tarde a sua mais relevante aposta em Portugal, ao acordar a compra de uma posição de 32,9% no capital da Impresa, dona da SIC e do Expresso, como o ECO revelou no início do mês.
Num comunicado enviado ao mercado, o grupo liderado por Pier Silvio Berlusconi (filho de ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi), revela que este é um passo estratégico crucial na construção de um gigante pan-europeu de media, capaz de competir com os novos gigantes do streaming e de enfrentar um mercado em profunda transformação.
“Esta nova parceria entre a MFE e a Impresa foi desenhada para alavancar economias de escala, posicionando ambos os grupos para melhor navegarem o cenário cada vez mais competitivo dos media europeus, ao mesmo tempo que promove o crescimento e a inovação”, revelam os italianos. A expressão “economias de escala” é a chave de toda a operação: significa partilhar custos, tecnologia, conteúdos e estratégias de publicidade para se tornar mais forte e eficiente.
“Os principais investidores em publicidade consideram Espanha e Portugal como um único mercado e, graças a esta nova parceria com a Impresa e a Mediaset España, iremos melhorar ainda mais o nosso posicionamento no mercado europeu“, justifica ainda Pier Silvio Berlusconi, num outro comunicado.
A investida no grupo português liderado por Francisco Pedro Balsemão, feita através da holding do grupo italiano sediada nos Países Baixos, é descrita como uma peça integral da visão estratégica da MFE, que visa um crescimento lucrativo e a consolidação de “um protagonista no panorama televisivo e mediático europeu em rápida evolução”. O grupo italiano acredita que, ao juntar forças, ambas as empresas podem florescer.
“Estamos orgulhosos de nos tornarmos parte do grupo de comunicação social líder na Europa”, refere Francisco Pedro Balsemão em comunicado, sublinhando ainda que ambas as empresas partilham “ma visão que se concentra em conteúdos de qualidade, produção local e inovação tecnológica.”
O envolvimento contínuo da família Balsemão será fundamental para impulsionar a direção estratégica da Impresa e enfrentar os desafios que se avizinham.
“O investimento da MFE na Impresa permitirá às partes fomentar uma parceria próxima e colaborativa, aproveitando a experiência especializada e o profundo conhecimento de mercado de ambos os grupos”, detalha o comunicado da empresa italiana, sublinhando ainda que “tanto a MFE como a Impresa estão empenhadas em criar valor a longo prazo para os seus acionistas, com um foco comum no crescimento do setor pan-europeu do entretenimento e dos meios de comunicação social”, destacam ainda os italianos.
Para dissipar eventuais receios sobre a perda de controlo ou identidade do grupo de media português fundado por Francisco Pinto Balsemão, a MFE faz questão de sublinhar o papel da família fundadora, notando que a família Balsemão, através da sua holding Impreger, “manterá o controlo da Impresa”.
A MFE elogia ainda o legado de Francisco Pinto Balsemão, considerando-o “bem estabelecido e altamente conceituado”, e afirma que “o envolvimento contínuo da família Balsemão será fundamental para impulsionar a direção estratégica da Impresa e enfrentar os desafios que se avizinham”.
O CEO da MFE garante ainda que as duas empresas trabalharão “juntos para impulsionar novos desenvolvimentos, combinando espírito empreendedor com pragmatismo”, sublinhando inclusive que essa parceria operacional comerá “imediatamente, incluindo vendas de publicidade e a plataforma digital.”
A conclusão do negócio está, no entanto, sujeita a um conjunto de condições, incluindo a luz verde da CMVM a uma isenção de lançamento de OPA obrigatória.
Além disso, os italianos assumem um compromisso com a independência editorial dos meios da Impresa, um ponto sempre sensível nestas operações transfronteiriças. Segundo a MFE, um dos pilares do acordo é “preservar a independência editorial e a identidade portuguesa dos ativos de comunicação social da Impresa, incluindo o canal de televisão SIC e o jornal Expresso”.
O acordo prevê que a MFE subscreva um aumento de capital de aproximadamente 17,3 milhões de euros, através da emissão de 82,5 milhões de novas ações a um preço de 0,21 euros por ação.
A conclusão do negócio está, no entanto, sujeita a um conjunto de condições, incluindo a luz verde da CMVM a uma isenção de lançamento de OPA obrigatória, a aprovação por parte dos acionistas da Impresa e autorizações de instituições financeiras.
A MFE é assessorada pelo Bank of America, e pela Pérez-Llorca e PwC enquanto assessores legais e financeiros, respetivamente. A Impresa é assessorada pelo Mediobanca como financial advisor, e conta com apoio legal da PLMJ e da KPMG, que assegura igualmente consultoria.
Para a MFE, este é mais um passo na sua consolidação europeia, que já controla a Mediaset em Itália, o Mediaset España e é a principal acionista da alemã ProsiebenSat1, construindo discretamente um império mediático que agora ancora uma das suas estacas em solo português.
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