Luísa Salgueiro responde a Rui Moreira: não pode haver “autarcas de primeira e segunda”
"Como dizia o Dr. Mário Soares, estamos sempre a tempo de mudar quando for para melhor, só os burros é que não mudam de opinião”, respondeu a presidente da ANMP.
A presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, apelou esta terça-feira em Matosinhos à união dos municípios e citou Mário Soares para dizer que “só os burros é que não mudam de opinião”.
Em conferência de imprensa, a líder da ANMP rebateu as considerações feitas pelo presidente da Câmara do Porto, que garantiu não se sentir em “condições” para passar “um cheque em branco” à ANMP para negociar com o Governo o processo de transferência de competências.
“Não acho que haja quebras de confiança. Como dizia o Dr. Mário Soares, estamos sempre a tempo de mudar quando for para melhor, só os burros é que não mudam de opinião”, respondeu Luísa Salgueiro numa conversa em que enfatizou a necessidade de haver união entre os autarcas dos 308 municípios.
Lembrando que o “novo processo começou no dia 1 de abril”, alertou que “os problemas têm de ser ultrapassados e não podem uns dizer que vão ter uma interlocução a um nível, gerando depois uma espécie de autarcas de primeira e segunda divisão” o que é “prejudicial para o processo”.
“O meu apelo é que nunca falemos em divisões ou em clivagens, pelo contrário, estamos habituados a trabalhar em várias plataformas, mas de partilha entre os municípios, seja ao nível metropolitano seja, até, ao nível inframetropolitano”, continuou a também presidente da Câmara de Matosinhos.
E prosseguiu: “Estou certa, estas situações são naturais de quem tem problemas para ultrapassar, mas que vão, sobretudo, permitir que fiquemos ainda mais coesos e solidários e que façamos uma interlocução ainda mais forte com o Governo para ele perceba quais são as dificuldades e, a partir daqui fazer com que a descentralização funcione da melhor maneira possível”.
A Câmara do Porto discute na próxima terça-feira a saída da ANMP em consequência do processo de descentralização de competências, o qual pretende assumir de forma “independente” e “sem qualquer representação”.
Em declarações aos jornalistas ao final da manhã, Rui Moreira disse acreditar que, com a saída da ANMP, o município do Porto ainda tem hipótese de, juntamente com o Governo, discutir a transferência de competências na área da educação, da coesão social e saúde.
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