Ser jovem aos 60 anos
A RTP comemora hoje 60 anos de emissões televisivas. São 60 anos de presença constante, próxima, incontornável na vida dos portugueses. Muito tem mudado, no mundo, na Europa, em Portugal, na RTP.
Somos cada vez mais uma empresa global de comunicação social, que emite canais generalistas e temáticos, que faz rádio (esse meio tão especial e tão resiliente), que tem presença crescente no digital (a nossa obsessão nos tempos atuais), que publica livros, que apoia o cinema nacional, que estimula a produção independente, que promove a cultura e as artes. Longe vão os tempos em que só fazíamos televisão. E, ao contrário de há 60 anos, cobrimos hoje Portugal inteiro, com canais regionais nos Açores e Madeira, e estamos no mundo todo, estamos em África, na América, em toda a Europa, estamos em todos os continentes, próximos das comunidades portuguesas.
Temos bem presente a nossa responsabilidade em projectar um Portugal moderno, dinâmico, capaz, promovendo a nossa cultura, a criatividade, as coisas boas que fazemos em tantos domínios.
Na prática, a RTP faz serviço público de muitas maneiras, em suportes tradicionais e através de novos meios ou iniciativas, mas sempre com uma identidade própria. E o fio condutor é – deve sempre ser – a procura da qualidade, a vontade de fazer bem, de fazer diferente e de fazer o novo, acrescentando ao panorama audiovisual, optando pelo interessante em vez do óbvio, preferindo aquilo que é arriscado em vez do seguro, e ambicionando ser uma referência para os cidadãos.
Temos dito que a RTP deve ter um caminho próprio. Movendo-se num contexto competitivo, o operador público deve assumir uma personalidade específica, gerindo os equilíbrios que são os seus equilíbrios, cumprindo as responsabilidades que são as suas responsabilidades e que passam por trazer qualidade àquilo que é popular, e por tornar popular aquilo que tem qualidade.
Escolhemos comemorar os 60 anos da RTP olhando para o futuro, afirmando a capacidade de iniciativa empresarial e a vontade de inovação que nos devem nortear. Por isso, lançamos neste momento o site dos arquivos históricos. É um projeto maravilhoso, que permitirá a qualquer cidadão (ou estabelecimento de ensino) onde quer que esteja, em Portugal e no mundo, através do seu PC, tablet ou telemóvel, pesquisar e visualizar os conteúdos do nosso arquivo, que se confundem com a história dos portugueses nas últimas décadas.
É também um projeto incremental, arrancamos com a disponibilização de 6.500 conteúdos (uma coleção sólida e representativa do melhor que temos feito) e comprometemo-nos a acrescentar pelo menos dois mil novos conteúdos por mês, atingindo 25 mil no final de 2017 e 50 a 70 mil no final de 2018. Haverá desde o início conteúdos informativos e de programas, de vários géneros, organizados por coleções e décadas, fruto de um trabalho atento de curadoria.
Este é um projeto inovador a nível europeu. Conhecemos bem o que fazem os operadores de referência – com orçamentos muito superiores aos da RTP – e o facto é que não têm uma prática tão aberta, tão generosa e tão avançada tecnologicamente como a que a RTP oferece aos cidadãos a partir de agora. E vale a pena referir ainda que esta iniciativa insere-se numa política a favor da inclusão que temos levado a sério na RTP.
Há poucos meses, numa ação concertada entre executivo, parlamento e empresa, passámos a distribuir em sinal aberto, na TDT, todos os canais públicos, o que teve enorme impacto na melhoria da oferta para dois milhões de portugueses. Essa é afinal a essência da nossa missão: proporcionar mais e melhores conteúdos a mais pessoas. Hoje levamos esse princípio da universalidade ainda mais longe, oferecendo a todos não só os canais de televisão mas também o acesso ao arquivo histórico.
A história dos 60 anos da RTP, apesar de todas as vicissitudes, de tanto que pode ser sempre melhorado e de momentos questionáveis, é uma história positiva de uma das grandes instituições empresariais nacionais que se mantém relevante para milhões de cidadãos em todo o mundo. E, se pensarmos bem, não há tantos casos de resiliência com esta dimensão no nosso universo económico.
Talvez sejamos a marca com maior notoriedade do país, talvez sejamos um dos serviços com maior projeção internacional, talvez sejamos uma das empresas mais presentes no imaginário e no dia-a-dia dos portugueses – o que implica ser permanentemente alvo de reconhecimento e de críticas, de estímulo e de chamadas de exigência, de apelo ao rigor e à ambição. Mas isso faz parte do jogo. E ainda bem que assim é.
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