Reabrir Linha do Douro até Barca d’Alva custa 75 milhões

Estudo técnico da Infraestruturas de Portugal para o troço Pocinho-Barca d'Alva contempla circulação de comboios sem necessidade de transbordo do Porto até à fronteira da Espanha.

A reabertura do troço da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva depende de um investimento de cerca de 75 milhões de euros. Esta é a principal conclusão de estudo técnico da Infraestruturas de Portugal (IP), apresentado nesta quinta-feira na Régua junto do grupo de trabalho que está a debater o regresso da ligação ferroviária. O presidente da autarquia, José Manuel Gonçalves, acredita que foi dado um passo decisivo para que os comboios regressem aos carris no troço encerrado em 1988.

“É demasiado óbvia a rentabilidade da linha. Neste momento, é mais difícil criar um cenário de não viabilidade do que o contrário. Seria mais difícil se agora assistíssemos a um retrocesso”, assinala ao ECO o autarca, em conversa por telefone.

O orçamento de 75 milhões de euros para a reabertura do troço contempla 59 milhões de euros para as obras; os restantes 16 milhões deverão ser gastos em estudos, projetos, fiscalização e em estaleiro. A verba para a obra fica acima de duas estimativas anteriormente divulgadas: 50 milhões de euros, segundo declarações de maio de 2021 da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa; e 43 milhões de euros de um estudo da IP de 2016.

O estudo prevê que o percurso Pocinho-Barca d’Alva possa ser reaberto nas mesmas condições em que atualmente funciona a restante Linha do Douro: ou seja, poderá circular o mesmo comboio entre Porto e a fronteira, sem necessidade de transbordo para mudança de material circulante, por exemplo.

Além de promover a mobilidade regional e a coesão territorial, a reabertura da linha até Barca d’Alva poderá ter outros efeitos económicos: “Temos empresários da área do turismo que querem usar o comboio como um transfer entre os estabelecimentos hoteleiros no Porto e os da nossa região”, antecipa José Manuel Gonçalves.

Sobre carris, a viagem entre Pocinho e Barca d’Alva demora cerca de 25 minutos, para percorrer 28 quilómetros. Por estrada, as duas localidades estão a cerca de 45 minutos de distância, num percurso marcado por curvas.

Temos empresários da área do turismo que querem usar o comboio como um transfer entre os estabelecimentos hoteleiros no Porto e da nossa região

José Manuel Gonçalves

Presidente da câmara da Régua

A conclusão do estudo técnico era o passo que faltava para que, durante o mês de maio, fique concluído o estudo de viabilidade económica, a cargo da IP e que foi pedido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, pronunciou-se nesta sexta-feira sobre a Linha do Douro e reafirmou a intenção de reabrir o troço, mesmo sem se comprometer com uma data.

“A Linha do Douro é fundamental, pois a região do Douro é das mais bonitas do mundo. Um dia, temos de levar a linha até ao fim. O país tem restrições orçamentais e tem de definir prioridades mas não podemos desistir de ter toda a linha do Douro eletrificada e em uso”, respondeu o ministro ao deputado socialista José Carlos Barbosa no debate do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade.

O grupo de trabalho para a reabertura do troço Pocinho-Barca d’Alva foi constituído formalmente em maio de 2021. Coordenado pela CCDR-N, o grupo integra autarcas em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro (como a Régua) e membros da IP. A equipa vai ajudar a definir qual o modelo mais viável para reabrir a ligação ferroviária

Antes disso, em março de 2021, o Parlamento aprovou, por unanimidade uma petição para a reabertura deste troço. O documento apresentado pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e da Fundação Museu do Douro reuniu 13.999 assinaturas.

A reabertura do troço até à fronteira não depende de uma decisão de Espanha e pode ainda servir como uma chamada de atenção, segundo José Manuel Gonçalves. “Os espanhóis não vão ser insensíveis ao projeto e vão reconhecer no regresso de uma ligação do Douro até Salamanca. Para que isso aconteça, são necessários 119 milhões de euros, a cargo do orçamento espanhol.

(Notícia atualizada às 13h22 com declarações do ministro Pedro Nuno Santos)

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