Como a Galp multiplicou por seis os lucros no trimestre

As petrolíferas registaram um forte aumento nos lucros nos primeiros três meses do ano e a portuguesa não é exceção. Saiba como a Galp chegou a um lucro de 155 milhões.

O primeiro trimestre foi de forte crescimento de lucros para as petrolíferas, à boleia do elevado preço das matérias-primas energéticas motivado pela guerra na Ucrânia. Não é por acaso que as empresas do setor contrariam o rumo de quase todas as outras na bolsa, com uma valorização de 35% desde o início do ano.

A Exxon Mobil duplicou o resultado líquido para 5,5 mil milhões de dólares e a BP anunciou esta terça-feira o maior lucro trimestral em mais de uma década: 6,2 mil milhões. A Galp acompanhou a tendência e multiplicou por seis o resultado líquido nos primeiros três meses do ano.

A petrolífera portuguesa registou um resultado líquido ajustado de 155 milhões de euros, mais 496% do que os 26 milhões registados no mesmo período do ano passado e acima dos 130 milhões conseguidos nos três meses anteriores. Mas quanto destes lucros é explicado pelo aumento do preço do petróleo e do gás natural ou mesmo da subida do preço dos combustíveis?

É difícil de destrinçar, porque essa discriminação não é feita, mas olhando para o lucro operacional (antes do pagamento de juros e impostos) percebemos que vem praticamente todo do chamado upstream, ou seja a exploração e produção das matérias-primas.

A Galp registou um EBIT (excluindo efeitos de stock) de 538 milhões de euros no primeiro trimestre, quase o dobro do período homólogo, graças ao contributo de 555 milhões do upstream e 31 milhões da comercialização de combustíveis e energia aos consumidores, com a área industrial (-51 milhões) e as renováveis (-1 milhão) a terem um contributo negativo.

Olhando para o EBITDA (o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), que somou 869 milhões, o peso da exploração e produção é esmagador: 92,4%. Nos primeiros três meses de 2021 já tinha sido de 88%, porque ao longo dos últimos anos este tornou-se, de longe, o principal negócio da Galp.

O lucro operacional do negócio de upstream cresceu 77% em termos homólogos para os já referidos 555 milhões (e mais quase 100 milhões que no trimestre anterior). A grande diferença está no preço do petróleo que registou um preço médio de 102,2 dólares por barril nos primeiros três meses deste ano, muito acima dos 61,1 dólares registados no primeiro trimestre de 2021. O mesmo acontece no gás natural, com o preço médio de 96,9 euros por MWh no MIBGAS (mercado ibérico) do primeiro trimestre a superarem em 4,7 vezes os 20,5 euros do mesmo período de 2021.

Além do preço ter subido, a produção aumentou. Dos blocos explorados pela Galp saíram 131,1 mil barris equivalentes de petróleo por dia, mais 5% do que os 125,2 retirados no período homólogo. Os resultados só não foram maiores porque os custos operacionais aumentaram para 25 milhões e as operações de cobertura de risco tiraram 26 milhões ao EBITDA.

Nas restantes áreas, os resultados da petrolífera foram piores do que no primeiro trimestre de 2021 ou tiveram mesmo um contributo negativo. O EBITDA da área comercial encolheu 19% para 56 milhões, apesar do crescimento de 25% nas vendas de combustíveis e de 13% no gás natural.

A área industrial (refinação, cogeração e logística) registou um prejuízo operacional de 51 milhões, devido ao impacto negativo de 90 milhões do desfasamento na aplicação das fórmulas dos preços praticados no fornecimento de produtos petrolíferos, já que as margens de refinação saltaram de 1,9 dólares por barril equivalente de petróleo para 6,9 dólares.

As renováveis beneficiaram do aumento do custo médio de venda da eletricidade para 210 euros por MWh, mas o resultado operacional do segmento foi negativo em 1,0 milhão de euros.

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