BRANDS' ECO Autarquia do Ano: CM de Elvas premiada na subcategoria “Conservação do Património”
Comendador José António Rondão Almeida, presidente da Câmara Municipal de Elvas, explica os contornos dos projetos premiados na 3.ª edição do Prémio Autarquia do Ano.
Requalificar e adaptar o antigo Quartel Militar, transformando-o em museu, permitiu que a Câmara Municipal de Elvas fosse distinguida com o Prémio Autarquia do Ano, na subcategoria de “Conservação do Património”.
O Comendador José António Rondão Almeida, presidente da Câmara de Elvas, explica um pouco melhor os contornos deste projeto, a sua aplicação e o impacto que tiveram no município.
1. Qual foi a razão primordial que levou à seleção do vosso projeto, que acabou por se tornar vencedor nesta 3ª Edição dos Prémios Autarquia do Ano?A razão primordial que levou à seleção da “Requalificação e Adaptação do Quartel do Assento – PM010/Elvas a Museu de Arqueologia e Etnografia de Elvas António Tomás Pires” para candidatura à 3ª Edição dos Prémios Autarquia do Ano, na Categoria Cultura e Património e na Subcategoria Conservação do Património, prendeu-se com o forte impacto social, cultural e identitário que a reabertura deste museu provocou no seio da comunidade deste território, pelo facto de ocupar um edifício militar ainda repleto de memória histórica para muitos elvenses, civis e militares, e que se encontrava em elevado estado de degradação.
2. Qual sente que tenha sido o impacto do vosso projeto, a níveis práticos, no seu município e na sua comunidade?A requalificação deste edifício da antiga Sucursal da Manutenção Militar de Elvas representou um importante investimento do município na conservação do seu património histórico, permitindo a sua valorização, transmissão e usufruto públicos. A classificação da “Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e as suas Fortificações” como Património Mundial, em 2012, já havia confirmado a relevância patrimonial da cidade.
3. Considerando os últimos momentos caracterizados pelo COVID-19, quais sentem ter sido as melhores estratégias/soluções aplicadas pelo município?O Município de Elvas implementou medidas de apoio municipal, entre 2020 e 2021, no sentido de atender às consequências e impactos na economia local, nas empresas e nas famílias residentes no concelho de Elvas. Compreendendo este período temporal, o pagamento dos apoios e dos medicamentos, das reformas e a entrega de bens alimentares foram efetuados nas residências dos beneficiários, em parceria com outras instituições. Estabeleceu-se a isenção de: taxas de estacionamento em parque pago; de ocupação da via pública; de licenciamento e averbamento de veículos afetos ao transporte em táxi; de esplanadas; de renovação; de estabelecimentos comerciais e de restauração; da derrama, relativa a estes anos económicos; da mensalidade da Universidade Sénior; do pagamento de bancas e rendas de outros espaços no mercado municipal e as taxas dos mercados e feiras; e a entrada em todos os museus e monumentos com usos culturais. Foram também prorrogados os pagamentos das rendas mensais de imóveis destinados à habitação, propriedade do Município de Elvas e renovados automaticamente, com avaliação posterior, o Cartão da Idade de Ouro, o Apoio a Pessoas Portadoras de Deficiência, o Apoio à Alimentação e o Apoio a Famílias Numerosas.
Num cômputo geral, o Município de Elvas, através da adoção de estas e outras medidas e incentivos, pretendeu contribuir para o atenuar dos impactos e das consequências nefastas que resultaram da pandemia de COVID-19.
4. Quais os principais pontos fortes do projeto submetido ao Prémio Autarquia do Ano que, para si, foram fundamentais?A fulcral distinção sob a qual está assente este projeto verifica-se na reabilitação de um imponente edifício militar visivelmente degradado, aliado à instalação de um novo museu de cariz singular na sub-região do Alto Alentejo. Tratando-se de um importante edifício militar, não só da história da cidade e do concelho, mas também de toda a região, a sua simples reabilitação, entenda-se sem uso posterior definido, já se afirmaria como uma intervenção de relevo para o incremento do fluxo turístico em Elvas. Acrescido da instalação de um museu que pretende dar a conhecer as tradições, a herança e o legado daqueles que, ao longo dos tempos, transformaram a nossa cidade, o projeto permitiu conferir a este edifício, inerentemente atrativo para o turista pela sua anterior vocação militar, uma nova função. O culminar e a efetiva materialização do projeto permite aos visitantes desfrutar de um testemunho de relevo da arquitetura militar do nosso país, face aos acontecimentos que lhe estão associados; e de um museu que alberga um riquíssimo património cultural material e imaterial, de cariz arqueológico e etnográfico, do território do atual concelho de Elvas.
5. Considerando o projeto em questão, como foi a implementação do mesmo?Em 1994, o edifício da antiga Manutenção Militar entrou para o rol de prédios militares que ficaram desafetados do domínio público, tendo sido autorizada a sua alienação através do Decreto-Lei n.º 151/94, de 26 de maio, pelo Ministério da Defesa Nacional. A Manutenção Militar cessou funções em 1997 e em 2014 verifica-se a cedência, por parte do Ministério da Defesa, e a aceitação, por parte da Câmara Municipal de Elvas, de trinta prédios militares, destacando-se este edifício na paisagem urbana do centro histórico de Elvas pelo seu elevado estado de degradação. Todos estes fatores impulsionaram o arranque do projeto de requalificação, sendo que, em 2017, foi lançado o concurso para a reabilitação do edifício, de forma a que este albergasse o Museu de Arqueologia e Etnografia de Elvas António Tomás Pires. Recorrendo ao financiamento por parte do Alentejo 2020, tornou-se possível a concretização do projeto e a instalação do museu.
O Museu de Arqueologia e Etnografia de Elvas António Tomás Pires abriu ao público no dia 1 de junho de 2021 e conta com uma exposição permanente, designada de “O Território: do passado ao presente, das pessoas aos objetos”, cruzando a coleção de arqueologia com a coleção de etnografia proveniente do extinto Grémio da Lavoura de Elvas. A partir de uma (re)leitura dos objetos museológicos, com base numa abordagem biográfica, privilegiou-se a diversidade de intervenientes envolvidos na formação das coleções e a contextualização dos usos e funções dos objetos. Pretendeu-se, igualmente, evidenciar o papel fundamental das personagens locais e a sua rede alargada de contactos e de conhecimentos, a nível local, regional, nacional e internacional, com o intuito de construir o conhecimento sobre o passado do seu território. A componente digital e interativa da exposição foi concebida numa lógica de complementaridade e interpretação dos conteúdos e de aproximação aos objetos. O percurso expositivo divide-se por dois pisos. No piso inferior, as salas apresentam como temáticas “Duas Instituições, Duas Coleções, Muitas Pessoas”, “Pão, Vinho, Azeite” e “Memória do Edifício”. No piso superior, encontram-se as salas “Contanário”, “O Território: do passado ao presente, das pessoas aos objetos”, “Ritos Funerários”, “Entre a Tradução, o Sagrado e o Profano”. O museu dispõe ainda de uma sala polivalente, uma sala de serviço educativo e de um pátio exterior com uma exposição de heráldica.
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