Marcelo considera que direita cometeu erro de se afastar “ostensivamente” de si
“Também a direita cometeu um erro que eu nunca percebi. É que os sucessivos líderes de direita, em vez de se colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim", diz o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta quinta-feira que “os sucessivos líderes de direita” cometeram “um erro” ao descolarem-se “ostensivamente” de si e disse que António Costa percebeu que podia beneficiar da proximidade do Presidente da República.
“Também a direita cometeu um erro que eu nunca percebi. É que os sucessivos líderes de direita, em vez de se colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS”, defendeu o chefe de Estado português.
Estas declarações constam de um excerto divulgado pela CNN Portugal de uma entrevista conduzida pela jornalista Anabela Neves e que vai ser divulgada na íntegra esta quinta-feira à noite. Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que “o primeiro que dá alguns sinais de perceber isto é o atual líder do PSD”, Luís Montenegro. “Percebeu que se podia, de alguma maneira, estar ali próximo de alguém que, sem estar a fazer nenhum frete partidário, no entanto, abria espaço. É o que faz o primeiro-ministro desde sempre”, continuou.
Segundo o chefe de Estado, António Costa percebeu que havia eleitorados diferentes e que depois “podia cavalgar mais ao centro, beneficiando da proximidade do Presidente [da República]”. “E eu não percebi porque é que o PSD deu de barato, ‘olhe, este está perdido. Não dissolveu o parlamento e deixa o primeiro-ministro governar… Vamos ver como isto acaba muito mal para ele e para o primeiro-ministro e tal’”, completou.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda algumas considerações sobre o primeiro-ministro, dizendo que “ele é muito rápido a sugar as coisas”. “Tem-se uma ideia e ele é um mata-borrão. Um bom mata-borrão, porque é rápido”, disse. Num outro excerto da entrevista divulgado pela CNN Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a época dos incêndios de 2017.
“Quando houve os fogos houve ali um momento em que verdadeiramente as pessoas tiveram um choque, sentia-se muito, muito, muito o ambiente ‘anti’ governo. Depois, de tal maneira isso aconteceu, que eu senti mesmo por uma vez que a minha posição de fusível de segurança podia estar em risco se eu não tenho sido bastante brutal na intervenção que fiz”, adiantou.
“Porque às tantas já não era só o governo que estava fragilizado, porque eram dois fogos mais Tancos, pelo meio havia Tancos, e portanto era uma dose gigante. Percebi que tive que dizer: atenção, isto não vai tudo por água abaixo”, acrescentou.
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