Época de transferências com recorde inglês e bonança para Portugal. Veja os números

A liga inglesa continua a cavar um fosso para os restantes campeonatos, gastando nesta época tanto como a Seria A, Ligue 1 e La Liga juntas. Clubes portugueses foram dos que mais beneficiaram.

As cinco maiores ligas de futebol europeias gastaram 4,5 mil milhões de euros na aquisição de passes de jogadores durante esta época de transferências de verão, mais 52% do que no ano passado. A Premier League foi, de longe, a que mais gastou, esmagando o anterior recorde. Os clubes portugueses foram, a par dos holandeses, os maiores beneficiários.

Os clubes da primeira liga inglesa gastaram 1,9 mil milhões de libras (2,2 mil milhões de euros) na aquisição de novos talentos, segundo contas da Deloitte já com o balanço da janela de transferências, que encerrou na quinta-feira. O montante representa um aumento de 67% face ao ano anterior, ainda condicionado pela Covid-19.

O valor gasto na Premier League supera em 34% o recorde anterior, de 1,4 mil milhões de libras, registado em 2017. Mesmo juntando a janela de inverno, em janeiro, a época 2017/2018 já perde para este verão, ficando-se pelos 1,86 mil milhões.

Os novos donos do Chelsea, o consórcio liderado pelo norte-americano Todd Boehly e a Clearlake Capital, foram quem mais abriu os cordões à bolsa, investindo 255,3 milhões de libras, contra 97,5 milhões na época de 2021. O clube londrino protagonizou a segunda maior transferência da época com a aquisição do passe do defesa central Wesley Fofana ao Leicester pelo equivalente a 80,4 milhões de euros, segundo o site Transfermarkt. O reforço do setor mais recuado passou também pela compra do espanhol Marc Cucurella ao Brigthon por 65,3 milhões.

Wesley FofanaD.R.

A maior transferência da época pertence ao segundo clube que mais gastou: o Manchester United pagou 95 milhões de euros ao Ajax pelo extremo direito brasileiro Antony. Desembolsou ainda 70,65 milhões por Casimiro, do Real Madrid, numa fatura com aquisições que totalizou 202 milhões de libras, segundo a Deloitte.

“O valor recorde de gastos durante esta janela de transferências é uma indicação clara da confiança dos clubes da Primeira Liga, com os fãs a regressarem aos estádios e o início de um novo ciclo de direitos televisivos”, afirma Tim Bridge, lead partner do Sports Business Group da Deloitte. O The Times noticiou em fevereiro que a Premier League iria receber 10,4 mil milhões de libras em direitos de transmissão domésticos e internacionais para as épocas 2022/2023 a 2024/2025.

Liga italiana foi a segunda que mais gastou

Saindo de Inglaterra, a Serie A italiana foi a liga que mais gastou — 749,2 milhões de euros — apesar de não ter nenhuma compra entre as dez maiores. A Juventus destaca-se com a contratação do defesa brasileiro Bremer, ao Torino, por 41 milhões, enquanto o AC Milan pagou 32 milhões ao Club Brugge pelo médio belga Charles De Ketelaere, segundo o TransferMarkt.

A francesa Ligue 1 surge em terceiro lugar no relatório da Deloitte, com 558 milhões, seguida da La Liga com 505,7 milhões. Em Espanha, o Real Madrid protagonizou a maior transferência, com a aquisição do passe de Aurélien Tchouameni ao Mónaco por 80 milhões, mas o clube mais gastador foi, de longe, o Barcelona. As contas do CIES Football Observatory apontam para 267 milhões de euros. A Bundesliga fecha o “top 5” com 484,1 milhões.

Ao todo, as cinco maiores ligas europeias gastaram 4,45 mil milhões de euros, mais 52% do que os 3 mil milhões contabilizados na janela de verão do ano passado. Os números ficam, no entanto, ainda aquém dos anos anteriores à pandemia. Entre 2017 e 2019 foram gastos, em média, 4,7 mil milhões por ano.

Clubes portugueses foram dos que mais receberam

O fosso da Premier League para as restantes vincou-se ainda mais nesta época, já que os 2,2 mil milhões investidos foram quase tanto como os 2,3 mil milhões das restantes quatro ligas. Sozinha, a liga inglesa gastou mais que a Seria A, Ligue 1 e La Liga juntas.

“A despesa dos clubes da Premier League abafou a das outras big five, refletindo a crescente polarização nas ligas europeias. Os próximos meses deverão trazer desafios significativos aos clubes de toda a Europa à medida que as condições financeiras apertam e os orçamentos são esticados”, afirma Chris Wood, do Sports Business Group da Deloitte.

Em termos líquidos (despesas menos receitas), a Premier League gastou 1,1 mil milhões, um novo recorde. Este ano foi o primeiro da última década em que três dos big five conseguiram um saldo positivo na janela de verão: 44,7 milhões na Bundesliga, 40,6 milhões na Ligue 1 e 8,1 milhões na Série A. O que parece indicar uma maior preocupação com o equilíbrio financeiro.

Darwin NúñezEPA/PETER POWELL

Os clubes portugueses foram dos que mais beneficiaram com o impulso comprador dos congéneres ingleses. Segundo a Deloitte, a Primeira Liga e o campeonato holandês lideraram com 17% do investimento que foi para o estrangeiro, cada um. No caso nacional, o destaque vai para a transferência de Darwin Núñez do Benfica para o Liverpool por 75 milhões, de Matheus Nunes do Sporting para o Wolves por 45 milhões, de Fábio Vieira do FC Porto para o Arsenal por 35 milhões e de João Palhinha do Sporting para o Fulham por 20 milhões.

Sporting tem o saldo mais elevado

Segundo os números compilados pelo TransferMarkt, que incluem empréstimos, os clubes da Primeira Liga gastaram 171,6 milhões na aquisição de passes de jogadores, um número distante dos cinco principais campeonatos europeus. Já no que diz às vendas o número é bastante mais chorudo, com 433,15 milhões, o que dá um saldo líquido positivo de 262 milhões.

O clube mais gastador foi o Benfica, com 62,3 milhões. O extremo David Neres foi a contratação mais cara na Luz, por 15,3 milhões. Foi também o que teve mais receitas com transferências, somando 127,3 milhões, o que dá um saldo de 65 milhões.

O melhor saldo é do Sporting, que entre os 42 milhões que gastou e os 119,8 que amealhou, conseguiu 77,9 milhões, sem contar com comissões.

O jogador mais caro, o defesa português David Carmo, saltou do SC Braga para o FC Porto por 20 milhões. O clube investiu 48 milhões no plantel e recebeu 86 milhões em venda, o que dá um saldo de 38 milhões.

Os clubes portugueses continuam, de resto, a destacar-se nas receitas com transferências na última década. Segundo o último relatório mensal do CIES Football Observatory, que inclui já esta janela de verão, a Primeira Liga foi a que mais beneficiou com as compras das big five, com 2,41 mil milhões entre 2013 e 2022. O Benfica foi o clube nacional que mais recebeu neste período: 867 milhões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Época de transferências com recorde inglês e bonança para Portugal. Veja os números

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião