FMI aponta “custos catastróficos” de travar a transição verde
“Uma transição atempada e credível, além de ser crítica para o futuro do planeta, também ajuda à estabilidade macroeconómica”, defende o FMI.
As políticas para evitar as alterações climáticas terão algumas “modestas implicações adversas para a atividade [económica] e para a inflação no curto-prazo” mas comparam com “custos catastróficos de não fazer nada”, escreve o Fundo Monetário Internacional (FMI), para depois sublinhar: “estes custos aumentam acentuadamente à medida que se adia a transição verde”.
Neste sentido, o fundo monetário deixa uma mensagem no relatório publicado esta terça-feira com as previsões mundiais: “uma transição atempada e credível, além de ser crítica para o futuro do planeta, também ajuda à estabilidade macroeconómica”.
Estas mensagens surgem num contexto de crise energética que, em particular na Europa, “não é um choque transitório”, avisa o FMI. O “realinhamento” do fornecimento de energia na sequência da guerra na Ucrânia é “alargado e permanente”, e se o inverno de 2022 vai ser desafiante, o de 2023 deverá ser pior, vaticina o organismo.
A energia verde é um dos meios para tornar as economias mais resilientes para enfrentarem futuras crises, defende a entidade liderada por Kristalina Georgieva. “Políticas para atuar rapidamente na transição energética verde terão retornos de longo-prazo para a segurança energética e para os custos das alterações climáticas” e aplicar as “medidas certas” nos próximos oito anos (até 2030) fará com que os custos macroeconómicos sejam “geríveis”.
Como já tinha sido comunicado anteriormente, para se atingirem as metas climáticas a nível global, é necessário um corte de 25% nas emissões até ao fim da década. Os custos da descarbonização podem pesar entre 0,15 e 0,25 pontos percentuais no crescimento do Produto Interno Bruto a nível global. Cumulativamente, acrescentariam entre 0,1 e 0,4 pontos percentuais, anualmente, à inflação.
Para acelerar a transição, o FMI deixa duas sugestões. Por um lado, definir um preço mínimo para o carbono e promover alternativas limpas, mais precisamente subsidiando energias renováveis e investindo em infraestrutura como redes inteligentes, ao mesmo tempo que devem eliminar-se os subsídios para os combustíveis fósseis ou para a agricultura intensiva em carbono. Em paralelo, políticas que permitam compensar os mais afetados no decorrer da transição são necessárias.
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