“Anomalias técnicas” podem ter potenciado incidente em voo da Portugália, dizem pilotos
O SPAC indicou que houve um “regresso ao aeroporto de Lisboa, imediatamente após a descolagem, motivado por intenso cheiro a queimado na cabine de passageiros”.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) alertou, num comunicado interno, para “anomalias técnicas” num voo da Portugália, que poderão ter potenciado um incidente do qual resultaram ferimentos, dizendo que se trata de uma “realidade operacional incomum”.
Na mensagem, a que a Lusa teve acesso, o SPAC alertou para duas situações, sendo a mais complicada o voo TAP 842 de 19 de outubro em que um “encontro com turbulência severa causa ferimentos em tripulação e passageiros, obrigando ao regresso a Lisboa”.
“A aeronave em causa, limitada por anomalias técnicas, voava numa altitude muito abaixo da sua capacidade normal de manobra, colocando a aeronave num envelope atmosférico de maior risco para o tipo de incidente que se veio a verificar”, garantiu o sindicato.
Por outro lado, no voo TAP 822 de 22 de outubro, disse o SPAC, houve um “regresso ao aeroporto de Lisboa, imediatamente após a descolagem, motivado por intenso cheiro a queimado na cabine de passageiros”, sendo que se tratou “do primeiro voo de uma aeronave que aguardou múltiplas semanas para, no preciso dia do seu primeiro voo, não se encontrar devidamente preparada, limpa e considerada como apta para o voo”.
Segundo o sindicato, que deu conta destas ocorrências num Comunicado da Comissão de Empresa da Portugália, “infelizmente, nos últimos meses são várias as aeronaves a operar nestas condições, causando grandes prejuízos em consumos excessivos de combustível, emissões de CO2 e redução de vida útil de componentes, para além dos danos materiais e físicos registados no voo assinalado”.
Assim, a estrutura resolveu “assinalar a repetição de mais uma dura semana ao nível operacional na Portugália, com destaque para dois eventos que colocaram à prova a resiliência e capacidade” dos pilotos “que, quando confrontados com inesperadas condições operacionais, asseguraram a manutenção dos mais elevados padrões de segurança de voo”.
“A nova normalidade de cancelamentos e atrasos que passaram a caracterizar a nossa operação desde o passado mês de abril não tem fim à vista”, criticou, referindo que “com a entrada em serviço das desgastadas aeronaves escolhidas para reforço de frota, evidenciar-se-á o agravamento destas irregularidades e das pressões operacionais resultantes”.
“Trata-se de uma realidade operacional incomum, sem paralelo na Europa, na maioria dos casos originada por aviões impedidos tecnicamente de operar ou, quando aptos a fazê-lo, que obrigam a restrições técnicas, que invariavelmente conduzem a situações como aquelas que se sucederam e que aqui se descreve”, lamentou o SPAC, garantindo que “estas irregularidades e o seu contexto têm vindo a exercer uma crescente forma de pressão operacional nas tripulações”.
“São estes pilotos as mesmas pessoas que assistem a um discurso desligado da realidade, que fala da injustificada perpetuação dos cortes nos seus salários, tendo como pano de fundo os vários atos de esbanjamento de recursos financeiros afetos à TAP pelos contribuintes”, sublinhou, afirmando ainda que “são estes mesmos pilotos a quem esse esbanjamento de recursos permitiria pagar os cortes salariais e a quem se exige aceitação sem disputa”.
A Lusa contactou a TAP e encontra-se à espera de resposta.
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